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Não foi o vento nem a vara. Um erro tirou a medalha de Thiago Braz

Atleta recordista sul-americano diz que errou as passadas e não superou o sarrafo no Pan

“Vocês estão chateados, não é? Pois eu também estou.” Foi dessa forma, resiliente, que o saltador paulista Thiago Braz classificou sua decepcionante e curtíssima passagem pelos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. O brasileiro é o atual recordista sul-americano, com marca de 5,91 metros obtida há a pouco mais de um mês. Na manhã desta terça-feira, porém, Thiago não conseguiu nem completar a primeira altura estabelecida, de 5,40 metros. O campeão da prova foi o canadense Shawnacy Barber, que passou a marca de 5,80 metros. “Hoje eu errei na parte técnica. Se tivesse acertado a minha corrida teria feito um primeiro salto confiante”, disse o atleta de 21 anos.

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A hesitação e falta de sincronismo das passadas comprometeram a concentração do brasileiro, que se afobou e não conseguiu completar nenhuma das três tentativas de 5,40 metros. Se tivesse passado ao menos pela marca inicial, Braz conseguiria beliscar a medalha de bronze, que foi dividida entre os americanos Mark Hollis e Jake Blankenship. Thiago geralmente inicia sua série de saltos a partir de alturas maiores. “Escolhi justamente os 5,40 metros pela segurança, para não zerar.” Mas foi a própria modéstia que acabou o tirando do pódio do Pan.

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No salto com vara, já estamos acostumados com as justificativas dos atletas quando o resultado final da competição não é o esperado. A brasileira Fabiana Murer, campeã pan-americana em 2007, já sofreu nos Jogos Olímpicos com as agruras de fatores externos. Em 2008, na China, foi o sumiço da vara, o principal equipamento de competição. Em 2012, ainda nas eliminatórias, o vento soprou de uma maneira inesperada e a recordista sul-americana sequer se classificou para a final da prova. “Ventar, ventava. Mas isso não seria uma desculpa para a final de hoje”, finalizou Thiago.

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Em reportagem especial, VEJA apresentou 11 promessas olímpicas, que devem brilhar nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem. Leia o perfil de Thiago Braz abaixo ou clique aqui para ler todos os textos.

Ele tem o melhor técnico do mundo

Thiago Braz, 20 anos, salto com vara

Uma boa maneira de estimar as chances de pódio do paulista Thiago Braz no salto com vara é ver quem o acompanha nas pistas. Seu treinador é o ucraniano Vitaly Petrov, cuja excelência pode ser traduzida pelo nome de dois pupilos vencedores: Sergei Bubka, o Pelé da modalidade, e Yelena Isinbayeva, que dispensa apresentações. Petrov tem em seu rol de glórias duas medalhas de ouro olímpicas (com Sergei e Yelena) e seis em campeonatos mundiais (uma delas com a brasileira Fabiana Murer).

Centímetro a centímetro, conquistados em um centro de treinamento na cidade de Formia, na costa mediterrânea da Itália, onde Petrov ensina, Thiago não para de subir no ranking mundial. Desde 2013 ele é detentor do título sul-­americano. Há duas semanas, chegou à sua melhor marca, 5,86 metros – a terceira do mundo em 2015. O recorde mundial no ano, 6,05 metros, é do francês Renaud Lavillenie. São dezenove centímetros que parecem quilômetros, mas a ambição do brasileiro não é bater recordes. Com os 5,86 metros que alcançou, ele estaria a 5 centímetros do pódio nos Jogos de 2012. “As chances do Thiago no Rio são reais”, diz Fabiana, cujo marido e treinador, Elson Miranda, também acompanhava Thiago. Houve desequilíbrio no triângulo quando Petrov levou a promessa para a Itália. Promessa? “Se quando a hora chegar o resultado não acontecer, não serei promessa alguma”, diz Thiago, certo de estar apostando sua curta e vitoriosa trajetória na noite de 15 de agosto de 2016.

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