Na Rússia, zagueiro da seleção argentina vê Brasil favorito
Emanuel Mammana, do Zenit, sonha em disputar seu primeiro Mundial, revela seus ídolos e conta detalhes da relação com Messi
De São Petersburgo – O argentino Emanuel Mammana, de 21 anos, é um dos jogadores mais promissores de sua geração e, se adaptando ao frio da Rússia desde agosto, já sonha em levantar a Copa do Mundo no próximo verão no país. O zagueiro revelado pelo River Plate, pelo qual conquistou a Sul-Americana e a Copa Libertadores, jogou uma temporada no Lyon, da França, até ser comprado pelo Zenit em 2017, por 16 milhões de euros (61 milhão de reais pela cotação atual). Em São Petersburgo, no exuberante centro de treinamento do Zenit, Mammana falou sobre seu plano de carreira, que inclui seguir na lista de convocados do técnico Jorge Sampaoli, sobre a vida na neve e sobre a relação com Lionel Messi.
Em seu novo clube, Mamana tem a companhia de quatro compatriotas – Matías Kranevitter, Leandro Paredes, Emiliano Rigoni e Sebastián Driussi – todos cotados para disputar a Copa. O zagueiro que se destaca por sua categoria faz parte da seleção argentina desde a categoria sub-15 e em 2014 igualou um feito inusitado do colega Javier Mascherano: foi chamado pela seleção adulta antes mesmo de estrear pelo profissional do River. Três anos depois, tem chances reais de ir à sua primeira Copa – convocado na vaga do cortado Gabriel Mercado, ficou na reserva nos últimos amistosos, em novembro, contra Rússia (vitória por 1 a 0) e Nigéria (derrota por 4 a 2), ambas em solo russo. O jovem defensor tenta controlar a ansiedade e passa a pressão pelo título para o lado rival: para ele, o Brasil é o grande favorito.
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Você é um tipo de zagueiro mais clássico. Quais são suas referências na posição? Jogo assim porque na verdade comecei no River como meia, camisa 10. Mas os anos foram passando, viram que não era minha posição, fui indo para trás, e terminei como zagueiro (risos). O jogador que mais admirei foi Puyol, que defendia, atacava, era um grande capitão. Hoje gosto do Varane, Sergio Ramos, Piqué…
Você já foi chamado algumas vezes Sampaoli e tem grandes esperanças de disputar a Copa. Como controlar a ansiedade faltando tão pouco tempo? Tenho de estar tranquilo, sei que não é fácil, a Argentina tem grandes defensores, eu sou jovem. Se não for dessa vez, vou me esforçar para ter outra oportunidade. Mas é claro que me motiva, ter tido essas chances na seleção foram momentos únicos que nunca me esquecerei, mas devo seguir firme em cada partida porque, apesar de faltar pouco, ainda há muitas partidas nos clubes para o treinador ver quem está bem ou mal.
O que achou do sorteio? Este ano parece não haver um “grupo da morte”, mas o grupo da Argentina tampouco é fácil. O que achou? Hoje em dia o futebol está muito difícil, seja contra quem for, todos querem ganhar. Argentina é um país muito grande e todos os países querem vencê-la, mas é difícil contra todos e o grupo da Argentina é complicado, Croácia joga muito bem, a Islândia é um time que corre muitíssimo. Nigéria nós enfrentamos recentemente (derrota por 4 a 2) e são equipos muito duros, mas no futebol tudo pode acontecer.
Como é treinar com Messi? Qual a relação com ele, como trata os garotos? Treinar com o melhor do mundo é algo único, ver as coisas que faz, como joga, é incrível. E o que mais surpreende é como ele é como pessoa, é o melhor jogador do mundo e muito humilde, se dá bem com todos, é o capitão. Apesar de tudo o que ganha, o que é, de que todos o amem, é muito humilde e gente boa.
E Sampaoli? O que mais impressiona em sua maneira de trabalhar? É um treinador muito bom, que gosta de atacar, o que às vezes não é fácil para os defensores, mas é um técnico que sabe muito. Tenho muita fé que ele levará a Argentina por um bom caminho.
E para você, quais são os favoritos no Mundial? Acho que o principal favorito é o Brasil, uma seleção que tem grandes jogadores, um grupo muito bom. Mas, como sempre, acho que Alemanha também é forte. E, muitos dizem que não, mas acho que Bélgica e França também.
Vida na Rússia
Por que escolheu atuar no Zenit e como têm sido seus primeiros meses na Rússia? Gosto de experiências novas, foi tudo muito rápido. Ainda estou conhecendo a cidade e o clube, que é muito grande, está sempre disputando Liga Europa, Liga dos Campeões. E também ajudou bastante o fato de ter muitos argentinos no time. O clima é difícil, mas São Petersburgo é uma cidade linda e completa, e aos poucos vou me acostumando.
Consegue se comunicar com os russos do time? Sim, me receberam muito bem. Agora já consigo falar algumas palavras, dar bom dia, boa noite… Não estou fazendo aulas de russo, mas falo um pouco em inglês, com outros em francês, arrisco um italiano. De alguma forma, nos comunicamos e está tudo certo.
Você é muito jovem, mas já com muita experiência, na Argentina, na França, agora na Rússia. Quais são seus planos para a carreira? Bom, busco sempre o mais alto possível. Esse é um passo importante da minha carreira, tenho a cabeça voltada ao Zenit, mas quero seguir adiante. Todos sonham em jogar em um Barcelona, Real Madrid, Chelsea, um dos times top da Europa. Mas estou feliz aqui e trato de dar meu melhor sempre.
Como avalia a liga russa e o nível dos clubes do país? Quando vim, muitos não me falavam muito bem da Rússia, mas me parece uma liga organizada, com bons times, bons jogadores. Estou contente.
E a torcida, é muito diferente da América do Sul? É um pouco diferente. Na Argentina, todos os times têm muita torcida, aqui na Rússia não todos, só os maiores. Por sorte, o Zenit tem uma torcida muito apaixonada, um estádio moderno que está sempre cheio, isso é lindo.
Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018