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Murilo lamenta crise no vôlei e sonha com redenção na Rio-2016

Atleta de 34 anos admitiu decepção com derrotas recentes e confusões políticas, mas vê seleção como uma das candidatas ao ouro olímpico.

O vôlei masculino do Brasil atravessa um momento conturbado tanto nos bastidores quanto dentro de quadra. A crise política, iniciada com as denúncias de corrupção na Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) sob a gestão do presidente Ary Graça (que hoje dirige a federação internacional, FIVB), causou mal-estar e punições à equipe do técnico Bernardinho. Para piorar, o time decepcionou durante a última Liga Mundial no Rio de Janeiro ao ser eliminado de forma prematura no grupo que tinha França e Estados Unidos e perdeu a final do Pan de Toronto para a Argentina. Um dos líderes da seleção, o ponta Murilo Endres lamentou as últimas frustrações e a interferência política no esporte, mas acredita que a Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016 será a oportunidade para recolocar o vôlei nacional no topo. O atleta de 34 anos não crê que tenha um favorito absoluto para os Jogos e acredita que a seleção brasileira precisa ter a torcida como fator positivo.

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Apesar da tristeza pela eliminação na Liga Mundial, Murilo ressaltou o equilíbrio entre as equipes. “Foi horrível, péssimo, mas o vôlei masculino é assim hoje. Eram as seis melhores seleções e nós ficamos fora por saldo de pontos. O pior foi não ter jogado a fase final, no Maracanãzinho, diante da nossa torcida. Eu lamento muito por isso”, afirmou, durante lançamento do Livro Atletas Olímpicos Brasileiros, na sede de sua equipe, o SESI-SP, onde foi um dos homenageados na cerimônia desta terça-feira. “Não vejo favorito para a Rio-2016. São os seis times que estavam na Liga, mais Rússia, Irã e talvez Alemanha e Bulgária, que podem surpreender. A nossa única vantagem é jogar em casa, mas isso também coloca pressão no time. Vai ser muito equilibrado.”

Murilo conquistou duas medalhas de prata (Pequim-2008 e Londres-2012), é irmão de Gustavo Endres (campeão em Atenas-2004) e casado com Jaqueline, uma das estrelas da seleção feminina que conquistou o ouro nas duas últimas edições. Segundo ele, a equipe fará de tudo para subir ao pódio novamente, mas precisará de foco para não ser surpreendida. “A pressão por medalha existiria em qualquer lugar, porque as pessoas já colocam como certas quatro medalhas no vôlei, duas na quadra e duas na praia, e pressão maior que isso não existe. Mas jogar diante da torcida e da nossa família pode ser um pouco diferente. Precisamos aprender a lidar com isso. Temos de nos concentrar exclusivamente na quadra e só jogar voleibol.”

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Crise – Murilo é um dos atletas que mais lutaram pela moralização do vôlei depois da revelação dos casos de corrupção na CBV. O ponta fez críticas a Ary Graça (a quem chamou de traidor) e chegou a organizar protestos e ameaçar um boicote na Superliga. E lamentou a última derrota política da CBV, a ausência das seleções masculina e feminina na Copa do Mundo deste ano – a federação sul-americana alegou que excluiu o Brasil por ser sede da próxima Olimpíada e já estar classificado para os Jogos (o que não ocorreu em algumas edições anteriores).

“A Copa do Mundo fará falta, seria um ótimo teste, pois estarão os times que disputarão medalhas. Não nos deram explicação, disseram que foi uma decisão para dar chance de uma outra equipe sul-americana se classificar para a Olimpíada, mas sabemos que isso não vai acontecer, então deveriam dar ao Brasil a chance de brigar por medalha e entrar forte para 2016.” Murilo, porém, evitou falar sobre a ruptura política entre CBV e FIVB para não sofrer novas represálias. “Muita coisa foi dita e nada foi feito, então talvez seja hora de ficarmos quietos para não criar mais problemas para nós mesmos”, afirmou, cercado por dezenas de fãs mirins que lutavam por uma selfie.

Durante o evento desta terça, Murilo conversou com Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ex-presidente da CBV. Animado com a aproximação dos Jogos do Rio, o jogador confia no desenvolvimento do esporte. “Acho que o maior legado destes jogos não será físico, um estádio ou uma pista bonita, mas uma maior valorização e interesse pelo esporte. É para isso que os atletas estarão lutando.”

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