Memória: o bicampeonato do Grêmio na Libertadores
Relembre as duas conquistas continentais do Tricolor gaúcho, que encara o Lanús na decisão de 2017
A camisa 7 é o talismã do Grêmio na Copa Libertadores. Ela vestiu o ídolo Renato Portaluppi, hoje treinador tricolor, na primeira conquista continental, em 1983. O endiabrado Paulo Nunes, em 1995, anotou cinco gols e foi o assistente perfeito do artilheiro Jardel no bicampeonato. Luan, o craque de hoje, pode manter a escrita sendo decisivo na final contra o argentino Lanús. As duas conquistas e o eventual tricampeonato também têm em comum a mistura desses talentos com um elenco aguerrido, ao melhor estilo peleador dos pampas.
1983: de vice nacional a campeão da América
O Flamengo estava engasgado, depois da derrota na final do Brasileirão do ano anterior, que calou o estádio Olímpico. À época, campeão e vice nacional atuavam no mesmo grupo na primeira fase da Libertadores. Após empate com os cariocas na estreia (1 a 1), o Grêmio foi mais competente fora de casa, vencendo os bolivianos Blooming e Bolívar, também derrotados em solo gaúcho. Na última rodada, chegou ao Maracanã já classificado, sapecou 3 a 1 e deixou o clube rubro-negro pelo caminho.
Na fase seguinte, um quadrangular semifinal contra o argentino Estudiantes e o colombiano América, ambos superados por 2 a 1 no Olímpico. Fora de casa, a equipe comandada por Valdir Espinosa perdeu na Colômbia (0 a 1) e arrancou empate na Argentina (3 a 3). Restou secar o time platense, que chegaria à final se vencesse a equipe de Cali. Deu certo, o placar não se alterou.
Na decisão, o Peñarol, campeão do ano anterior, do perigoso centroavante Fernando Morena, autor dos dois gols uruguaios na decisão. O primeiro deles, na ida, no empate em 1 a 1 em Montevidéu (Tita, envolvido em troca com o Flamengo pelo centroavante Baltazar, fez o gol gremista). Em Porto Alegre, depois de Caio abrir o placar logo aos dez minutos, Morena empatou aos 25. Coube a Renato, oito minutos depois, fazer um cruzamento surpreendente para César completar de peixinho e fazer o gol do título.
Em dezembro, reforçado de Paulo César Caju e Mário Sérgio, o Grêmio conquistou o mundo vencendo o Hamburgo (2 a 1), dois gols de Renato.
“Eu ganhei Libertadores com o Nacional em 1980, mas agora estou tendo a maior alegria da minha vida. Maior porque ganha em cima de um campeão do mundo, o Peñarol, que aliás sempre foi meu freguês”
Do capitão Hugo De León a PLACAR, em reportagem especial da edição 689
Campanha de 1983: 12 jogos, 8 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 23 gols marcados, 12 sofridos
1995: a primeira família Scolari
O técnico Luiz Felipe Scolari despontava no futebol brasileiro após ganhar a Copa do Brasil duas vezes: 1991, pelo Criciúma, e 1994, pelo Grêmio (taça que valeu vaga para essa Libertadores). Se houve rivalidade com o Flamengo doze anos antes, os ânimos contra o Palmeiras foram ao patamar das vias de fato. Os dois clubes passaram da primeira fase (grupo com os equatorianos Emelec e El Nacional) e se reencontraram nas quartas. Entre provocações e sopapos, o Tricolor aplicou 5 a 0 no Olímpico, com três gols de Jardel. Quando o centroavante grandalhão abriu a contagem no jogo de volta, no Parque Antarctica, poucos acreditavam que os paulistas quase buscariam o impossível. Placar final de 5 a 1 e, por um gol, os gaúchos avançaram
Novo encontro com o Emelec, na semifinal. Empate sem gols fora, vitória categórica por 2 a 0 em casa (gols da dupla Paulo Nunes e Jardel) e vaga na decisão contra o Atlético Nacional, da Colômbia, defendido pelo folclórico goleiro Higuita. O encontro decisivo seria fora de casa, então o Grêmio tratou de fazer o placar no Olímpico: 3 a 1. Na volta, segurou uma suficiente derrota pelo placar mínimo até os quarenta do segundo tempo, quando o meia Alexandre sofreu pênalti. O volante Dinho, sem firula, cobrou com violência para empatar e decretar o segundo título continental.
Ao contrário de 1983, o mundo não foi pintado de azul. Na decisão intercontinental, o holandês Ajax levou a melhor na disputa por pênaltis.
“Os atletas precisam se sentir prestigiados. É preciso fechar os olhos para algumas coisas. Fingir que está sendo enganado. Essa é a fórmula para manter um bom relacionamento”
Luiz Felipe Scolari, a PLACAR na edição 1107 (setembro de 1995) – as noitadas do atacante Paulo Nunes davam trabalho nos bastidores.
Campanha de 1995: 14 jogos, 8 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, 29 gols marcados, 14 sofridos