Marin admite que arbitragem é ruim. Comissão se defende
Na Suíça, cúpula da CBF lamenta erros. No Brasil, chefe da área nega problema
“Somos o patinho feio da história. Tudo é culpa dos árbitros. Mas temos analisado lances controversos e quase sempre constatamos que a arbitragem agiu corretamente”, diz o chefe da Comissão de Arbitragem
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, e seu sucessor já eleito, Marco Polo Del Nero, falaram nesta terça-feira, na Suíça, sobre as queixas de clubes e torcedores sobre a arbitragem do Campeonato Brasileiro – e admitiram que não estão satisfeitos com o trabalho dos árbitros e auxiliares. Marin garante que tem estudado medidas para “aprimorar” a atuação dos juízes. “É óbvio que não estamos contentes. Não posso dizer que estou satisfeito”, reconheceu Marin, que está em Zurique para participar de uma série de reuniões na sede da Fifa. No fim de semana, um pênalti dado a favor do Corinthians no clássico contra o São Paulo intensificou as críticas à arbitragem. Marin, que é torcedor do São Paulo, evitou comentar a jogada. “Não estou falando de lances individuais”, disse, evitando parecer que estava defendendo apenas seu time de coração.
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De acordo com o cartola, “a preocupação é generalizada” e a arbitragem “não está boa”. “Precisamos melhorar. Essa situação não pode ser aceita e vamos fazer de tudo para melhorar o nível do trabalho dos árbitros”, prometeu, sem citar medidas específicas. Marin já tinha falado sobre o tema na última convocação da seleção brasileira, quando também prometeu investir numa melhor preparação dos árbitros. O presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, também reconheceu os erros de arbitragem durante o campeonato, mas avaliou que eles são resultado de uma “mudança de orientação” em relação a alguns tipos de lances e que alguns árbitros estão levando mais tempo para se “ajustarem”. “São erros pontuais, mas não ficamos de braços cruzados. Estamos avaliando o que está ocorrendo para poder tomar medidas”, disse Del Nero, que também participa das reuniões na Fifa.
O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, também falou em erros “pontuais” e lembra que a cada fim de semana “há quase 60 jogos” que passam pelo crivo da comissão, incluindo as quatro divisões nacionais. Segundo ele, os problemas são relativamente pequenos. “Somos responsáveis por um número de jogos equivalente à Copa do Mundo a cada sexta, sábado e domingo”, explicou. Corrêa acha que há numa “dimensão exagerada” nas críticas ao trabalho dos árbitros, embora admita falhas. “Somos o patinho feio da história. Tudo é culpa dos árbitros. Não é assim. Temos analisado com critérios lances controversos e quase sempre constatamos que a arbitragem agiu corretamente”, afirmou. Como exemplo, citou os dois pênaltis a favor do Corinthians no clássico de domingo e as três expulsões de jogadores do Botafogo em partida da semana passada contra o Bahia.
Assim como Del Nero, Sérgio Corrêa acredita que os erros – ou, pelo menos, as controvérsias – serão menos frequentes com o passar do tempo. Ele cita a mudança recente na recomendação da Fifa sobre lances de bola na mão para sustentar sua previsão. “Estamos numa fase de adaptação. O árbitro tem uma cultura, uma interpretação, e isso demanda algum tempo. Foi assim também depois das mudanças no recuo de bola para o goleiro. O conceito demorou a ser assimilado.” Para o chefe da comissão de arbitragem, “há um barulho” exagerado am algumas partidas por causa da pressão de jogadores mais experientes sobre árbitros muito jovens. “Alguns atletas se aproveitam e tentam obter vantagem. Quando encontram árbitros mais cascudos, não têm essa coragem”, afirmou Corrêa, que daria nota 7 à arbitragem brasileira nesta temporada.
(Com Estadão Conteúdo)