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Manchester City e Chelsea: como os milionários chegaram ao topo

Com altíssimo (e controverso) investimento, clubes ingleses se consolidaram entre os grandes e chegaram, juntos, à final da Liga dos Campeões

Grandeza no futebol se compra? O debate é acalorado, complexo, e ganhou contornos na última quarta-feira, 5, quando o Chelsea eliminou o treze vezes campeão Real Madrid e cravou uma vaga na final da Liga dos Campeões, diante do Manchester City. Será a oitava decisão entre equipes do mesmo país, a terceira entre participantes da Premier League. O confronto, porém, não será interessante apenas pela rivalidade local, mas também por representar a confirmação do sucesso esportivo de dois clubes geridos como empresa. Tanto o Chelsea quanto o City foram comprados por investidores estrangeiros e recebem vultosas injeções de capital há alguns anos. Um dos dois sairá consagrado no próximo dia 29, em Istambul.

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Chelsea e City estão entre os clubes mais ricos do mundo e, como tal, estavam entre os líderes da chamada Superliga Europeia, torneio restrito aos mais poderosos. O plano ruiu de forma vexatória, em menos de três dias, graças à revolta de torcedores dos clubes, especialmente dos britânicos. Mas apesar de terem defendido de maneira honrosa as suas raízes e, sobretudo, a esportividade, os fãs de Chelsea e City sabem que, não fosse pelo poder e certa megalomania de seus novos gestores, dificilmente estariam brigando pela “Orelhuda”, como é conhecida a taça da Champions.

Ambos são clubes tradicionais, centenários e com torcidas fanáticas, com alguns momentos de glórias pontuais, até então restritos à terra da Rainha. Porém, na primeira década do século XXI tudo começou a mudar, primeiro no clube de Londres. Em 2003, o Chelsea já competia bem domesticamente e havia superado décadas de fracasso financeiro e esportivo. Ainda assim, faltava capital para brigar com os tradicionais Manchester United e o rival local Arsenal.

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Desse modo, enxergando futuro no negócio, Roman Abramovich, um bilionário russo ligado ao ramo do petróleo, adquiriu o clube londrino por 140 milhões de libras. Em processo de quitação de dívidas, a gestão dos Blues não deixou de lado reforços de peso; os argentinos Hernán Crespo, hoje técnico do São Paulo, e Juan Sebastián Verón foram as duas primeiras que chamaram atenção. O sucesso chegou rápido, já na temporada 2004/05, quando José Mourinho foi anunciado como novo treinador.

O português havia vencido a Champions League pelo Porto e atraía olhares por toda a Europa. Junto ao “Special One”, desembarcaram personagens talentosos como Didier Drogba e Petr Cech, que se uniriam aos ídolos locais, John Terry e Frank Lampard. O time faturou seu segundo Campeonato Inglês, encerrando um jejum de exatos 50 anos, e ainda foi semifinalista da Liga dos Campeões. Nascia assim o novo Chelsea, sempre cercado de contestações sobre a procedência do dinheiro russo.

Com Mourinho e a mesma base mantidas, os Blues venceram a Premier League novamente na temporada seguinte. Nos anos posteriores, o investimento continuou pesado e a equipe de Londres passou a figurar entre os melhores da Europa anualmente. Até que na temporada 2011/12, após três semifinais e um vice-campeonato, o Chelsea conquistou a primeira Liga dos Campeões de sua história ao bater o poderoso Bayern, em Munique, ironicamente, com um técnico interino, Roberto Di Matteo, um ex-jogador dos tempos de “vacas magras” do clube, no comando.

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Para a atual temporada, o Chelsea gastou 223 milhões de euros; o City foi mais “econômico”: 78.8 milhões de euros

O clube sempre conviveu com suspeitas de burlar as normas do chamado fair play financeiro. No início da temporada 2019/20, por descumprimentos às leis da Uefa, os Blues ficaram impossibilitados de realizar contratações por um ano. Por outro lado, pelos anos de investimento em estrutura, a equipe contava com bons nomes criados nas categorias de base, como Mason Mount, o atual ídolo do time. Assim, em termos de resultado, não houve muita perda e a classificação para a Liga dos Campeões foi conquistada mesmo assim.

Com um ano de “economias”, a gestão pôde aumentar seus gastos para a atual temporada. Com contratações badaladas, como Timo Werner e Kai Havertz e o brasileiro Thiago Silva, o Chelsea montou um time forte e, após oscilações naturais no ano, chegou à sua terceira final de Champions League.

Roman Abramovich, o dono russo do Chelsea, em Stamford Bridge
Roman Abramovich, o dono russo do Chelsea, em Stamford Bridge Catherine Ivill/Getty Images

City: revolução começou com brasileiros

Da mesma maneira que o Chelsea, o Manchester City era um time de relativa tradição, com raras participações internacionais. Até que em setembro de 2008, momento de uma breve ascensão do clube azul de Manchester, o bilionário dos Emirados Árabes Unidos, Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyanm adquiriu o clube por 210 milhões de libras. Parte da Família Real dos Emirados, o dono do City é presidente de fundos de investimento e dono de grupos petrolíferos. Assim como ocorre no PSG, portanto, os investimentos vêm de regiões e governos obscuros, constantemente acusados de violações aos direitos humanos.

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A primeira leva de contratados badalados de bin Zayed Al Nahyanm incluiu três atletas com passagens pela seleção brasileira: Robinho, Elano e Jô. Ao se classificar à final deste ano, o City postou uma foto daquela primeira formação a participar da Liga dos Campeões. O sucesso, no entanto, chegaria com atletas argentinos, como Carlos Tevez, Pablo Zabaleta e, sobretudo, Sergio Aguero.

Em 2011, veio a primeira conquista, da FA Cup. Já o título do Campeonato Inglês, o terceiro de sua história, primeiro desde 1968, veio em 2012 de maneira épica, com gols nos acréscimos de Edin Dzeko e Aguero, contra o Queens Park Rangers, deixando o maior rival Manchester United com o vice. Nos anos seguintes, a equipe de Manchester levou mais uma Premier League.

O atacante argentino Sergio Agüero comemora um de seus cinco gols na vitória por 6 a 1 do Manchester City sobre o Newcastle
Aguero, maior ídolo da história do City, deixará o clube ao fim desta temporada Dean Mouhtaropoulos/Getty Images

Porém, o sonho de um título europeu não se concretizava. Muitas vezes “batendo na trave”, a gestão decidiu investir no mais invejável dos treinadores: Pep Guardiola. O catalão chegou a Manchester com aporte financeiro para reforços e uma excelente estrutura.

Praticamente todos os desejos do técnicos foram atendidos e, em cinco temporadas, Guardiola já conquistou nove títulos. Além disso, está a um passo de vencer mais um Campeonato Inglês e de reerguer a Champions League, agora longe de Lionel Messo (sonho do time para a próxima temporada). Será a vez de o City entrar, definitivamente, para o grupo dos grandes?

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