Luxemburgo prega a paz no Palmeiras: ‘torcida e imprensa não são inimigas’
Em entrevista exclusiva a PLACAR, o novo técnico revelou as conversas que teve com o elenco para que o clube tenha um ambiente mais tranquilo em 2020
Uma das preocupações que Vanderlei Luxemburgo tinha quando aceitou o convite do Palmeiras era recuperar a relação do elenco com os torcedores e a imprensa. Logo que chegou, o técnico marcou reunião com a principal organizada do clube e abriu o centro de treinamento para a imprensa – algo raro nos tempos de Felipão e Mano Menezes – e fez sua primeira preleção explicando para os jogadores qual a atitude que espera que eles tenham nas entrevistas. Ele contou os bastidores dos primeiros dias de trabalho em entrevista exclusiva a PLACAR.
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Os maus resultados de 2019 ocasionaram em discussões de torcedores com atletas do elenco – e alguns casos até viraram agressões. O novo técnico do Palmeiras decidiu resolver a questão e aceitou um pedido da principal organizada do clube, a Mancha Alviverde, para um encontro com os líderes do elenco, realizado antes da viagem para a Florida Cup. Ele mesmo informou ao presidente Maurício Galiotte sobre o encontro e disse que não houve uma imposição. Os jogadores, segundo Luxemburgo, aceitaram conversar.
Vanderlei chamou o debate de “inteligente” e selou a paz entre o elenco e a arquibancada: “A torcida sentou com a gente e disse que temos que estar unidos. Eles disseram que precisam da gente, e a gente precisa deles, que são apaixonados por nós, e que querem que a gente ganhe e dê o máximo. E nós falamos que temos que ganhar, porque queremos que eles sejam felizes”.
Bruno Henrique questionou a torcida sobre uma agressão que a sua família sofreu em Curitiba, após um empate contra o Athletico Paranaense, em outubro do ano passado. “Foi dito que houve um erro de ambas as partes e se resolveu o problema aí. Acho que é legal isso aí e o futebol precisa que as pessoas estejam mais próximas”, revelou Luxemburgo.
O treinador de 67 anos também pediu mais paciência do time com a imprensa. Na primeira preleção da temporada, antes da goleada por 4 a 0 sobre o Ituano na estreia do Campeonato Paulista, deixou claro aos atletas que eles precisam se expor, devem encarar os microfones, falar independente do resultado e não pode deixar que as vaias das arquibancadas entrem no campo.
“Eu falei ‘presta atenção, rapaziada: a torcida não é contra o Palmeiras. Não temos que estar preocupados com o torcedor. Ele vai vaiar ou xingar porque ele é totalmente emocional. Não cabe a nós trazermos esse torcedor para dentro da gente. Ele quer que a gente ganhe os jogos, corra, lute. Então nós não vamos brigar, vamos lá cumprimentar o torcedor, porque vocês são os ídolos deles. E outra coisa é a imprensa. A imprensa não é nossa inimiga, ela faz o trabalho dela. Vocês têm que dar a resposta. Tem que passar e falar. Sabe por quê? Vocês estão falando com o torcedor do Palmeiras. Não vai ser a voz da pessoa que está lá em cima no estúdio que vai prevalecer. Vocês vão falar a opinião de vocês. Você responde. Ou você não responde. Ele te pergunta sobre banana, você responde sobre chiclete, p… E acabou. Você faz do limão uma limonada”, relevou.
Do “Verde é a cor da inveja” ao “Palmeiras de todos” – A nova postura pode ser vista até na posição institucional do clube. Quando apresentou os novos uniformes no dia 1º de janeiro de 2019, a campanha trazia o slogan “verde é a cor da inveja”. Exatamente um ano depois, o clube divulgou um novo filme com a torcedora Silvia Grecco. Ela é mãe adotiva do garoto Nickollas, que é cego e acompanha os jogos no Allianz Parque com a narração dela. Silvia venceu o prêmio popular de melhor fã do ano da Fifa e narrou um novo texto sobre o Palmeiras ser um clube “de todos”.
Em uma hora e quarenta minutos de conversa, Vanderlei Luxemburgo não falou só de Palmeiras. O treinador de 67 anos falou sobre sua saída do Vasco, o tempo que ficou afastado do futebol e pensou em abandonar a carreira, Real Madrid, os técnicos estrangeiros no Brasil, seleção brasileira, Tite, e deu um recado aos que acreditam que ele está ultrapassado. A entrevista completa você acompanha na edição do mês de fevereiro de PLACAR.