Lionel Messi no PSG: Dramático como um tango
Ao se despedir do Barcelona, no domingo 8, o craque chorou copiosamente. Apenas 72 horas depois do pranto de adeus, voltou a ser Messi
Nunca antes Lionel Messi dera um sinal de envolvimento emocional com alguma coisa — e, então, ao se despedir do Barcelona, no domingo 8, chorou copiosamente, e pela primeira vez foi dramaticamente argentino, como um tango. “Estou muito triste por sair deste clube que amo”, disse. “Nunca imaginei minha despedida, mas não teria imaginado assim. Gostaria de ter feito isso em campo, de ter ouvido uma última ovação. Senti saudade do público na pandemia, saudade de comemorar um gol.” O camisa 10 do Barça deixou o clube catalão porque regras do chamado “fair play financeiro”, que controlam os gastos das agremiações do campeonato espanhol, impediriam a equipe de renovar o contrato nas bases de antes, algo em torno de 6 milhões de euros por mês. A solução: mudar de clube, e o escolhido foi o PSG do xeque Nasser Al-Khelaifi, do Catar. Apenas 72 horas depois do pranto de adeus, Messi voltou a ser Messi: na chegada à França deu uma entrevista protocolar, pouco sorriu, fez fotos com a nova camisa, a de número 30, e voltou a se fechar como caramujo. No PSG, jogará ao lado de Mbappé e Neymar. O brasileiro ficou feliz, é claro. Mas, para quem havia deixado o Barcelona para brilhar como Rei Sol em Paris, ter de dividir a ribalta de novo com Messi será um tantinho incômodo. Apesar da discrição e da falta de carisma, o canhoto de Rosário, de 34 anos, ainda é o número 1 de nosso tempo no futebol — os outros que chorem.
Publicado em VEJA de 18 de agosto de 2021, edição nº 2751