A Odebrecht apresentou nesta quarta-feira um estudo que mostra que a queda da treliça de aço na cobertura do Itaquerão não foi ocasionada por problema no solo. O acidente, ocorrido em novembro do ano passado, resultou na morte de dois operários. “Fizemos 500 folhas de relatórios, com modelos tridimensionais, que mostram que a pista executada e o terreno não contribuíram para a ocorrência do acidente. Também vimos que a água não penetra no aterro compactado e, portanto, não amoleceu o solo. E detectamos que as tensões de ruptura do solo são superiores às pressões aplicadas pela esteira do guindaste”, disse Roberto Kochen, diretor técnico da GeoCompany, que realizou o estudo.
O trabalho consumiu três meses. “Submetemos o relatório a três especialistas renomados, que fizeram seus laudos e acharam que nossas conclusões estavam corretas. Um deles afirmou que a própria forma da lança do guindaste demonstra que não houve ruptura do solo”, disse Kochen. Ele disse que foi construído especialmente para essa obra um aterro compactado de pelo menos quatro metros. “Ele tem capacidade de se deformar muito pouco e foi comprovada por ensaios a alta resistência à ruptura. Não havia possibilidade da carga da esteira do guindaste ser transmitida para além da área compactada.”
No começo do mês, o professor da UFRJ, Antônio Carlos Magalhães, afirmou em laudo feito a pedido da empresa Liebherr, fabricante do guindaste que caiu, que a causa do acidente no Itaquerão foi um problema no solo. Marcelo do Lago Luiz, do departamento jurídico da Odebrecht Infraestrutura, disse que em dezembro técnicos da Alemanha vieram ao Brasil para retirar a caixa preta do guindaste. “Eles levaram para a Europa para decodificar os dados, mas dois meses depois informaram que os dados não haviam sido gravados.”
Agora, a Odebrecht aguarda o resultado do relatório que está sendo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A empreiteira também garantiu que já pagou o seguro para as famílias das vítimas, mas não divulgou os valores.