Justiça francesa investiga escolha das sedes das Olimpíadas do Rio e de Tóquio
Investigações sobre escândalo de corrupção no atletismo foram ampliadas e agora miram as eleições para sede dos Jogos Olímpicos.
Os processos de votação que culminaram na escolha das sedes dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, e de 2020, em Tóquio, estão sendo investigados pela Justiça francesa. Procuradores que haviam aberto um processo contra dirigentes de atletismo por corrupção agora estão ampliando as investigações para examinar também o voto das sedes olímpicas. A informação foi revelada pelo jornal inglês The Guardian nesta terça-feira.
A investigação original se debruçava sobre o comportamento da cúpula da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf), com denúncias envolvendo dirigentes e o ex-chefe da entidade, o senegalês Lamine Diack. Preso, ele foi acusado de receber mais de 1 milhão de euros (4,3 milhões de reais) em propinas para esconder testes de doping de atletas russos.
Leia também:
Relatório da Wada aponta compra de votos de Tóquio para sediar Jogos de 2020
Ex-presidente da IAAF teria recebido 200 mil euros para encobrir doping de atletas russos
Designer belga acusa Tóquio-2020 de plagiar logotipo
Seu filho, Papa Diack, teria organizado a distribuição de “pacotes” para seis membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) quando o Catar estava ainda na corrida para sediar os Jogos de 2016. Os dirigentes que iriam receber os presentes indicaram, por e-mails, que queriam que o pacote fosse entregue em Mônaco por meio de um “conselheiro especial”.
As suspeitas dos franceses apontam para Papa Diack como o homem que faria a entrega. O Catar foi desclassificado antes mesmo de começar a votação, por propor os Jogos fora das datas estabelecidas. Mas, agora, o que os fiscais de Paris querem saber é o papel de Lamine Diack nas votações das sedes do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele foi membro da entidade entre 1999 e 2013. Os investigadores buscam descobrir se a IAAF teve alguma influência indevida na escolhas de outras cidades.
A escolha de Tóquio como sede dos Jogos de 2020 já estava sob suspeita graças a um informe publicado pela Agência Mundial Antidoping (Wada). Numa nota de rodapé, o documento que investigava a federação de atletismo sugeriu que os japoneses venceram depois que Diack abandonou o projeto de Istambul e deu seu voto para Tóquio. Semanas antes, um patrocinador japonês havia fechado um acordo de apoio à Iaaf. Os japoneses negam, enquanto o COI apenas indicou que iria “examinar o caso”.
Resposta – O Comitê Rio 2016 descartou nesta terça qualquer possibilidade de ter havido fraude no pleito realizado em 2009. “O Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar os Jogos porque tinha o melhor projeto. A diferença de votos no final, 66 a 32 (contra Madri), exclui qualquer possibilidade de uma eleição que pudesse estar viciada”, disse à agência Reuters o diretor de Comunicação do Comitê Rio 2016, Mario Andrada. Além do Rio e de Madri, concorreram à eleição Tóquio e Chicago.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)