Julgamento de Dudu tem mal-estar por declaração machista e rivalidade
TJD de São Paulo manteve punição de 180 dias ao atacante do Palmeiras por agressão a um árbitro. Clube irá recorrer novamente
O Palmeiras não conseguiu reduzir a pena do atacante Dudu e o jogador terá que cumprir 180 dias de suspensão pelo empurrão ao árbitro Guilherme Ceretta de Lima na decisão do Campeonato Paulista diante do Santos. Dudu, que estava atuando sob efeito suspensivo, foi julgado nesta segunda-feira pelo Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de São Paulo e condenado por sete votos a dois por agressão ao árbitro. O julgamento na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF) durou cerca de 2h20 e teve alguns momentos de tensão. O jogador não estava presente.
Um dos auditores, Wladimir Cassani, deu uma declaração machista durante sua apreciação e foi repreendido. “Tem gente que se pergunta por que o goleiro pega a bola com a mão e ninguém marca falta, principalmente as mulheres”, afirmou o auditor, que, ao fim de suas ponderações, ouviu a divergência do presidente do TJD-SP, Mauro Marcelo de Lima e Silva. “Só queria dizer que acho que as mulheres entendem de futebol. Poderia citar minha esposa e minha filha como exemplos, além da doutora Sônia Andreotti Carneiro Frúgoli”, declarou, citando a auditora presente no julgamento.
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Cassani ainda aproveitou para falar sobre um exemplo usado pelo departamento jurídico do Palmeiras, referente ao zagueiro Thiago Heleno, do Figueirense, que no ano passado precisou ser contido em campo por conta de sua irritação com o árbitro. “Ainda bem que ele saiu do Palmeiras. Não sei como o Palmeiras contratou esse cara”, declarou o auditor. Posteriormente, Cassani confirmou que torce pelo Palmeiras, alegando não ter interferência em seu trabalho.
Porém, ainda no início do julgamento, o advogado do Palmeiras, André Sica, incomodou os auditores ao se referir ao time de um dos membros do TJD, o procurador do caso, Alexandre Husni, que é conselheiro do Corinthians e não estava presente nesta segunda-feira. “O parecer não veio da procuradoria-geral, mas sim de um procurador em primeira instância, conselheiro de um time rival do Palmeiras, que já se manifestou no caso do Petros dizendo que aquilo tinha sido desrespeito à arbitragem. É o mesmo procurador”, afirmou o advogado, citando o caso do então jogador corintiano, que, depois de ter sido punido em 180 dias pelo STJD, teve a punição reduzida para três jogos no recurso julgado no tribunal nacional.
A declaração de Sica foi respondida por Mauro Marcelo de Lima e Silva. “Independentemente de simpatia que qualquer auditor tenha por um time, nós costumamos julgar com profissionalismo, e não com emoção, ao contrário do que o senhor fez agora na defesa de seu cliente”.
Recurso – Apesar da pena, o caso ainda não está encerrado. O Palmeiras irá recorrer da decisão no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), última instância para reverter a situação. Antes, vai entrar com um novo pedido de efeito suspensivo para que o jogador tenha condições de atuar enquanto aguarda por um novo julgamento.
O primeiro julgamento aconteceu no dia 18 de maio. Depois de cumprir 15 dias de punição, ele voltou aos gramados graças a um efeito suspensivo pedido pelo Palmeiras. Nesta segunda-feira, os advogados do clube tentaram desqualificar a denúncia de “agressão” para “ato hostil”. Assim, a pena dele seria revertida para número de jogos e só seria cumprido no Paulistão do ano que vem. A expectativa é que até o final de semana o clube consiga o novo recurso e Dudu possa atuar normalmente.
(com Gazeta Press)