Jogadores da França não queriam disputar amistoso em Londres, diz jornal
Jogo contra a Inglaterra foi mantido por decisão do presidente da federação francesa. Um dos atletas perdeu uma prima durante os ataques de sexta-feira em Paris
Jogadores franceses reprovaram a decisão tomada pela federação de futebol do país de manter o próximo amistoso da seleção, marcado para esta terça-feira, às 17h45, diante da Inglaterra, no Estádio de Wembley, em Londres, segundo o jornal britânico The Times. Os atentados terroristas que mataram 129 pessoas em Paris foram cometidos durante a última partida da seleção, contra a Alemanha, na sexta-feira. Dois atletas, inclusive, foram diretamente afetados pelos atentados.
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Lassana Diarra, volante do Olympique de Marselha, perdeu uma prima durante os ataques. Já o atacante Antoine Griezmann, do Atlético de Madri, ficou aliviado ao saber que sua irmã estava no Bataclan, a casa de shows que foi palco de uma carnificina, mas conseguiu escapar ilesa. Tanto os atletas da França quanto da Alemanha tiveram que passar a madrugada nos vestiários do Stade de France até que sua segurança fosse garantida pela polícia.
A decisão de manter o amistoso em Wembley partiu exclusivamente de Noël Le Graët, presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF). “Foi uma decisão minha e eu avisei o treinador Didier Deschamps no sábado pela manhã”, revelou o dirigente. “Não tive dúvidas. Tínhamos que jogar. É importante para mostrar que a vida continua, que essa camiseta representa algo, que a França está de pé e será representada por seus atletas com orgulho. Entendo a emoção de cada um, mas a ideia foi aceita por todos”, revelou Le Graët.
No entanto, segundo o diário The Times, vários atletas não concordaram com a decisão e lamentaram não terem sido consultados pela federação. De qualquer forma, todos viajaram para a Inglaterra, treinaram nesta segunda em Wembley e alguns concederam entrevista. “É dramático. Tivemos alguns dias para lamentar. Tudo isso foi muito difícil. Temos de jogar este jogo para o nosso país e as vítimas. Será muito emocionante durante o hino nacional, mas em seguida, nós tentaremos fazer nosso trabalho e um grande jogo”, afirmou o capitão do time, o goleiro Hugo Lloris.
O jogador do Tottenham evitou entrar em conflito com o presidente, mas deixou claro que a decisão de jogar não foi fácil. “Somos humanos. Tivemos algumas dúvidas sobre jogar, não jogar, ir ver nossas famílias. Mas tudo isso foi muito bem gerido pelo treinador, a equipe e o presidente.”
O técnico Didier Deschamps disse que não iria reconsiderar a opção de jogar e falou especificamente sobre os casos envolvendo os familiares de Diarra e Griezmann. “Temos dois jogadores afetados de forma diferente. Para Griezmann, as circunstâncias são felizes, ele está aliviado pela irmã. Já Diarra está tocado na sua carne pela perda de uma pessoa muito próxima a ele. Ele queria ficar com a gente, porque possui nossos valores. Sua presença aqui é reconfortante. A mensagem que ele passou é muito forte e marcante”, afirmou o ex-jogador, campeão do mundo diante do Brasil em 1998.
(da redação)