Isaquias Queiroz e Ana Marcela Cunha são eleitos os atletas do ano pelo COB
Canoísta e nadadora foram eleitos os destaques de 2015 no Prêmio Brasil Olímpico.
O canoísta Isaquias Queiroz e a nadadora Ana Marcela Cunha foram eleitos os atletas do ano de 2015 no Prêmio Brasil Olímpico realizado nesta terça-feira. Eles superaram Marcelo Melo (tênis), a dupla Alisson/Bruno (vôlei de praia), Fabiana Murer (atletismo) e a dupla Agatha/Bárbara (vôlei de praia) e receberam o prêmio na festa anual organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro.
Isaquias Queiroz ganhou duas medalhas de ouro e uma de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, em julho, e uma de ouro e uma de bronze no Mundial de Canoagem Velocidade, em Milão, na Itália, em setembro. Ana Marcela Cunha, que disputa as provas de maratona aquática, ficou em terceiro lugar nos 10 km e em primeiro nos 25 km no Mundial de Kazan, na Rússia, em agosto.
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“Foi um dos melhores anos da vida. O prêmio é para fechar com chave de ouro”, afirmou Ana Marcela, esperançosa para as Olimpíadas de 2016. “Faltam menos de nove meses, são os últimos detalhes. Para mim, não são só quatro anos treinando. São oito, desde Pequim, já que não participei de 2012. Agora é focar totalmente para realizar mais um sonho.”
Isaquias Queiroz se disse honrado pela premiação e pediu o apoio da torcida nos Jogos do Rio. “Queria mandar um recado para o Brasil, que acreditem em nós. Estamos pegando firme para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Esperamos dar o nosso melhor e conseguir a medalha para nosso país. Torçam para o Time Brasil”, pediu o atleta baiano.
Entre os treinadores, os premiados foram o croata Ratko Rudic (polo aquático) e Leandro Andreão (vôlei de praia). O “atleta da torcida”, eleito em votação pela internet, foi o nadador Thiago Pereira, que neste ano se tornou o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos (com 23 pódios). Ele, no entanto, não esteve presente no evento porque a partir desta quarta-feira competirá no Open de Palhoça, em Santa Catarina, em busca do índice para os Jogos Olímpicos de 2016.
O nadador recebeu 24% dos votos em eleição feita pela página do Time Brasil no Facebook. Assim como Isaquias Queiroz e Ana Marcela Cunha, ele também faturou 30.000 reais. O ex-tenista Gustavo Kuerten também foi homenageado na cerimônia. O ex-número 1 do ranking da ATP recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva por todos os feitos de sua carreira e chorou em seu discurso, que teve viés político.
Os vencedores do Prêmio Brasil Olímpico:
Melhor atleta feminino – Ana Marcela Cunha
Melhor atleta masculino – Isaquias Queiroz
Atletismo – Fabiana Murer
Badminton – Lohaynny Vicente
Basquete – Leandro Barbosa
Boliche – Marcelo Suartz
Boxe – Robson Conceição
Canoagem Slalom – Ana Satila Vargas
Canoagem Velocidade – Isaquias Queiroz
Caratê – Valéria Kumizaki
Ciclismo BMX – Renato Rezende
Ciclismo Estrada – Flavia Paparella
Ciclismo Mountain Bike – Henrique Avancini
Ciclismo Pista – Kacio Freitas
Desportos na Neve – Michel Macedo
Desportos no Gelo – Edson Bindilatti
Esgrima – Renzo Agresta
Esqui Aquático – Marcelo Giardi
Futebol – Lucas Lima
Ginástica Artística – Arthur Zanetti
Ginástica de Trampolim – Camilla Gomes
Ginástica Rítmica – Natália Gáudio
Golfe – Lucas Yu Shin Lee
Handebol – Ana Paula Rodrigues
Hipismo Adestramento – João Victor Oliva
Hipismo CCE – Ruy Leme
Hipismo Saltos – Pedro Veniss
Hóquei sobre Grama – André Luiz Couto
Judô – Érika Miranda
Levantamento de Peso – Fernando Reis
Lutas – Aline Ferreira da Silva
Maratona Aquática – Ana Marcela Cunha
Natação – Thiago Pereira
Nado Sincronizado – Luisa Nunes Borges e Maria Eduarda Miccuci
Patinação Artística – Marcel Stürmer
Pentatlo Moderno – Yane Marques
Polo Aquático – Felipe Perrone
Remo – Fabiana Beltrame
Rúgbi – Paula Ishibashi
Saltos Ornamentais – Giovanna Pedroso e Ingrid de Oliveira
Softbol – Martha Murazawa
Squash – Giovanna Veiga de Almeida
Taekwondo – Iris Silva Tang Sing
Tênis – Marcelo Melo
Tênis de Mesa – Hugo Calderano
Tiro com Arco – Marcus Vinicius D’Almeida
Tiro Esportivo – Cassio Rippel
Triatlo – Manoel Messias
Vela – Martine Grael e Kahena Kunze
Vôlei de Praia – Alison Cerutti e Bruno Schmidt
Vôlei – Serginho (Escadinha)
Técnicos – Leandro Andreão (vôlei de praia) e Ratko Rudic (polo aquático)
Em reportagem especial, VEJA apresentou 11 promessas olímpicas, que devem brilhar nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem. Leia o perfil de Isaquias abaixo ou clique aqui para ler todos os textos.
O Neymar de Ubaitaba
Isaquias Queiroz, 21 anos – Canoagem de velocidade
“A constituição física desses índios (…) é robusta e sua fisionomia muito mais simpática do que a dos sabujás e dos cariris. São bons remadores e nadadores.” A descrição dos brasileiros encontrados entre 1817 e 1820 no sul da Bahia está na Viagem pelo Brasil, de Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix, naturalistas alemães que vieram descobrir por que nesta terra em se plantando tudo dá. Corte para o século XXI e vamos encontrar Isaquias Queiroz, medalha de ouro na prova de velocidade de 500 metros no campeonato mundial de canoagem de Duisburgo, cidade banhada pelo Ruhr. Ele é o índio brasileiro que mostra aos alemães de hoje o que é ficar de joelhos, enfiar os remos na água e zarpar.
Natural de Ubaitaba, na Bahia, lugar de gente robusta, o menino sem um rim (perdido numa queda da mangueira onde buscava uma cobra) começou a remar no Rio das Contas, onde se descobriram dezenas de outros Isaquias bons de canoa. Mas nenhum foi tão longe quanto o Sem Rim, como o apelidaram jocosamente. A glória não lhe subiu à cabeça, ou quase não subiu. Isaquias, de pele e cabeleira agredidas por água e sol, coleciona cortes de cabelo e cremes hidratantes. “Já fiz até escova progressiva. Tenho de me cuidar, senão a namorada me larga”, brinca. Recentemente, Isaquias fez um corte à Neymar. Em tempo, para não restar dúvida: a palavra Ubaitaba, que dá nome à terra natal de Isaquias, é a fusão de três vocábulos indígenas: ubá, canoa pequena; y, rio; e taba, aldeia