Injustiçado? PLACAR de agosto destaca momento decisivo para Neymar
Edição do mês traz também uma entrevista com o "último romântico" Paulo Henrique Ganso e uma reflexão sobre a homofobia no futebol
É agora ou nunca. Neymar está de volta à capa de PLACAR na edição de agosto, já disponível em dispositivos iOS e Android, e a partir da próxima semana nas bancas de todo o país. Trintão e vivendo um momento crucial em sua tão vitoriosa quanto conflituosa carreira, o maior craque brasileiro de sua geração quer fugir das flechadas (justas ou nem tanto) que recebe desde o início de carreira. Ele sabe: para isso precisa vencer a Copa do Mundo do Catar e está completamente focado nisso.
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A capa de PLACAR, com Neymar flechado como São Sebastião, é uma releitura de uma histórica pose do lendário pugilista americano Muhammad Ali em 1968 (ler carta ao leitor abaixo). É também uma forma de lembrar de uma de nossas mais controversas edições, de 2012, quando Neymar apareceu crucificado, uma escolha que levou a revista a se desculpar na época. Dez anos se passaram e a reflexão segue em pauta: as críticas constantes ao atacante são justas ou, no mínimo, exageradas?
A reportagem de Leandro Miranda e Luiz Felipe Castro ilumina as últimas façanhas e confusões do craque-popstar e traz bastidores de como tem sido a preparação de Neymar para a Copa no Catar que, segundo ele próprio, deve ser a sua última.
A edição de agosto traz ainda uma entrevista com Paulo Henrique Ganso, o “último romântico” do futebol brasileiro, que vive grande fase no Fluminense. “Correr todo mundo corre, isso é protocolar. o diferencial hoje é a técnica. Não dá para me pedir para correr como lateral, por exemplo. Todos têm a sua função dentro de campo. Eu sou o cara que me divirto ao jogar. Muitas vezes o torcedor do Flamengo, do Palmeiras e de outros clubes me chamam depois dos jogos só para dizer quão prazeroso era me ver em campo”, contou o maestro ao repórter Klaus Richmond.
Outro destaque desta edição é uma reportagem especial de Guilherme Azevedo sobre a luta por respeito aos direitos e à diversidade LGBTQIA+ dentro e fora dos gramados. Na seção prorrogação, recordamos o fenomenal e emocionado ressurgimento do gênio Tostão nas páginas de PLACAR, em 1984, depois de onze anos sumido. Boa leitura
A capa de PLACAR, de 2012, em fotomontagem, e o maior dos pugilistas em foto posada para a Esquire: mártires?
A exemplo de Muhammad Ali
Fez muito barulho, em 2012, a capa de PLACAR na qual Neymar aparecia crucificado — houve, inclusive, severas e compreensíveis críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, incomodada com o uso da imagem religiosa. Naquela oportunidade, a direção da revista pediu desculpas a quem por ventura tivesse se ofendido, mas deixou clara a ideia em torno da apresentação do atacante naquela situação.
Tratava-se de defendê-lo diante do linchamento público, transformado em exemplo de falta de ética no futebol ao cavar faltas, ao reclamar, ao brigar com tudo e com todos. Dizia a manchete: “A crucificação de Neymar — Chamado de cai-cai, o craque brasileiro vira bode expiatório em um esporte onde todos jogam sujo”. Pouca coisa mudou dez anos depois: Neymar ainda é alvo de severas críticas, continua a cair tolamente — embora caçado em campo — e invariavelmente provoca mais ruído pelo que faz fora dos gramados do que por suas atuações em campo, em inversão incômoda.
Mas há uma diferença agora, e ela precisa ser iluminada: nos últimos meses, atento a sua derradeira chance de brilhar numa Copa do Mundo, aos 30 anos, Neymar tem se dedicado a treinos, luta para fazer valer o contrato com o PSG, nega as rixas com Mbappé e, nos encontros com a seleção brasileira, se mantém próximo aos companheiros menos estrelados. Faz de tudo, enfim, para não parecer o bad boy alheio ao bom senso. Por tudo isso, sente-se injustiçado — e talvez ele tenha boa dose de razão. Cabe ao camisa 10, ao menos uma vez, o benefício da dúvida.
Não se trata, portanto, de atrelá-lo a imagem de alguém metaforicamente crucificado. As flechas que o atingem são como as de São Sebastião, o mártir cristão eternizado numa pintura de Sandro Botticelli, amarrado a uma árvore e com o corpo perfurado por flechas. Foi como São Sebastião que Muhammad Ali apareceu numa histórica capa da revista americana Esquire, em 1968, em ideia do genial diretor de arte George Lois. Como tinha se recusado a lutar no Vietnã, já muito próximo das lideranças políticas do islamismo nos Estados Unidos, Ali foi arrastado para o ostracismo. Corajoso, topou fazer a foto que o mostraria como alvo de protestos indevidos.
De algum modo, guardadas todas as proporções, é assim que Neymar pode ser representado — um São Sebastião à espera de que a verdade se restabeleça. Mas vai tudo depender do desempenho dele e do escrete de Tite no Catar. Resumo da ópera: Neymar terá no fim do ano, entre novembro e dezembro, sua derradeira chance para enfim despontar no panteão dos maiores de todos os tempos.
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Na seção PRORROGAÇÃO desta edição, há presença firme e forte de grandes personagens do futebol mineiro — Reinaldo, Tostão e o espetacular Cruzeiro campeão da Libertadores de 1976. É intencional. Já faz algum tempo PLACAR tem pensando em homenagear o futebol das alterosas, uai! Venha conosco.