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GRUPO G – Inglaterra: primeiro passo cauteloso de um futuro promissor

Com renovada seleção e planejamento a longo prazo, britânicos apostam em tática conservadora para 2018

Ter apenas um título – em 1966, quando foi anfitriã – e uma semifinal disputada, em 1990, em quatorze participações em Copas do Mundo parece pouco para a Inglaterra, berço do futebol moderno — formatado no século 19; chutes em uma bola datam de antes de Cristo, na China antiga. Também é curioso que os ingleses não tenham hoje uma seleção temida pelos adversários, mesmo sendo organizadores do mais poderoso campeonato nacional do planeta, a Premier League. Muito se discute se a presença excessiva de estrangeiros na competição atrapalha o surgimento de talentos locais, mas as ligas de Espanha e Alemanha, as últimas campeãs mundiais, são igualmente cosmopolitas. Outra provocação: não há nenhum destaque inglês atuando em ligas vizinhas.

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Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018             

Depois de anos estagnada nesse questionamento, a associação inglesa resolveu se mexer. Humildemente, inspirou-se na Alemanha, que estabeleceu um complexo plano de desenvolvimento de atletas na última década — e colheu o título mundial em 2014. Em outubro de 2012, foi inaugurado pelo príncipe William, acompanhado da duquesa Kate Middleton, um centro nacional de futebol. O Saint George’s Park, um complexo de 130 hectares na cidade de Staffordshir, concentra o trabalho de todas as categorias das seleções, masculina e feminina.

Ingleses e alemães assinaram parceria de troca de informações sobre resultados alcançados. Em comum, usam a consultoria da empresa Double Pass, que ganhou notoriedade a partir do trabalho que resultou na talentosa “geração de ouro” da Bélgica. Era urgente para a Inglaterra encontrar novos caminhos à medida que seus principais jogadores se despediam da seleção. Os meias Frank Lampard e Steven Gerrard deram adeus após a humilhante desclassificação no mundial de 2014, ainda na primeira fase. O atacante Wayne Rooney encerrou seu ciclo em 2016, durante as eliminatórias.

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Se é precoce apontar os “três leões” – apelido alusivo ao escudo da associação inglesa – como postulantes ao título da Copa de 2018, conquistas recentes nas categorias menores apontam para um futuro vencedor. Em 2017, a Inglaterra ganhou os mundiais sub-17 e sub-20 e o europeu sub-19. Enquanto esses garotos não chegam à seleção principal, já é possível notar um rejuvenescimento da equipe que vai à Rússia. A começar pelo treinador, Gareth Southgate, 47, também uma revelação do projeto inglês, onde atuou na formação de atletas entre 2011 e 2016 — chegou a ser técnico da seleção sub-21.

Desde que assumiu, Southgate promoveu dezesseis estreias com a camisa do “English team”. Entre as principais apostas, o atacante Marcus Rashford, do Manchester United, tem apenas 20 anos. Muitos jovens já são titulares. Do Manchester City, o zagueiro John Stones e o atacante Raheem Sterling, ambos de 23 anos. O Tottenham é o mais generoso cedente: o volante Eric Dier (24), o meia Dele Alli (22) e o atacante Harry Kane (24).

Kane não é chamado à toa de “furacão” – “hurricane”, em inglês, trocadilho sonoro com seu nome. Com 56 gols marcados em 2017, tornou-se o artilheiro do ano em todo o mundo, quebrando a hegemonia de Messi e Cristiano Ronaldo, que se alternavam no feito desde 2010. O jovem atacante, nascido em Londres e revelado pelo Tottenham, seu time de infância, foi emprestado a equipes menores antes de ganhar uma oportunidade para deslanchar. Durante o período de provação, inspirou-se em um documentário sobre Tom Brady, o astro do futebol americano (aquele jogado com as mãos) que fora desacreditado nos tempos de universitário.

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Paradoxalmente, o outro homem-gol inglês tem uma trajetória ignorada por esse processo de inteligência voltado aos garotos. Quando marcou 24 vezes no incrível título nacional pelo pequeno Leicester, na temporada 2015/2016, Jamie Vardy contava 29 anos e era profissional há apenas cinco. Antes, passara perrengues em divisões semiprofissionais e complementava a renda em chão de fábrica. É o substituto imediato de Kane e soma sete gols pela seleção inglesa, contra doze do colega.

Se planeja um futebol vistoso e vencedor a longo prazo, o objetivo imediato é não correr riscos. Gareth Southgate adotou um esquema tático com cinco defensores alinhados quando a equipe está sem a bola. Retranca, em bom português, que desafiou o Brasil em amistoso disputado em novembro do ano passado. Neymar e companhia não conseguiram superar o bloqueio britânico. Apesar da tradição e da boa renovação, para a Copa da Rússia a Inglaterra está na prateleira dos azarões. No Grupo G, o English Team jogará a primeira fase contra Bélgica, Tunísia e Panamá.

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