Diego Hypolito: ‘Quero que as pessoas saibam que sou gay’
Ao site UOL, ginasta de 32 anos falou pela primeira vez sobre sua sexualidade
O ginasta Diego Hypolito falou pela primeira vez sobre sua sexualidade nesta quarta-feira, 8, em depoimento ao site UOL. O atleta medalhista de prata na Rio-2016 contou que descobriu ser gay aos 19 anos e que escondeu a informação até mesmo de familiares, por questões religiosas e por medo de isso afetar sua carreira.
“Eu vivi a solidão de não ter ninguém com quem eu pudesse compartilhar os dilemas de ser uma pessoa gay numa sociedade preconceituosa. Por mais que todo mundo tenha a impressão de que tem muito gay na ginástica, não tem. Todo mundo me zoava, zombava do meu jeito. Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia patrocínios e minha carreira seria prejudicada”, afirmou o ginasta de 32 anos.
Hypolito contou que frequentou baladas gay disfarçado durante muitos anos e que sofreu com problemas de auto-estima e síndrome do pânico.
“Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado. Quando eu tinha uns dez anos, um treinador foi dizer para a minha mãe que ela devia mudar minha educação para que eu não virasse gay. Ela veio falar comigo, preocupada. Eu era muito inocente, nem sabia o que era isso. Mas isso me marcou”, disse.
O atleta contou que, chegou a se afastar dos pais e faltar a um Natal depois de contar aos parentes em 2014, mas que aos poucos foi se reaproximando. Diego destacou o apoio incondicional da irmã Daniele, e a importância da terapia para decidir expor sua orientação. “Não escolhi ser gay, porque ser gay não é uma escolha. É simplesmente o que eu sou, e isso não vai mudar os valores que eu tenho e que construí junto da minha família.”
“Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito ser julgado por Deus”, completou o atleta, que disputou etapas do Mundial em 2019 e tem o objetivo de disputar os Jogos de Tóquio-2020.