Ganso no Sevilla: 3 meses sem jogar e conflito com Sampaoli
Meia chegou a ser criticado publicamente pelo treinador argentino e parece não reagir
Paulo Henrique Ganso não atua há quase de três meses pelo Sevilla e sua situação na Espanha é cada vez mais delicada. Há quem defenda que o meio-campista brasileiro está sendo injustiçado e perseguido pelo técnico argentino Jorge Sampaoli. Outros indicam que o treinador não tem mais confiança em escalá-lo por considerar que Ganso não demonstra intensidade e preparo físico suficientes para encarar jogos de uma grande liga.
O convívio entre os dois não é bom, tanto que Sampaoli já expôs Ganso publicamente. “Ele não está jogando quase que por sua própria decisão”, disse, no fim de fevereiro. Insatisfeito, o jogador está se empenhando nos treinos, mas ele teve poucas oportunidades. O jogador de 27 anos até foi relacionado nos últimos jogos, mas está próximo de completar três meses sem atuar: o último jogo foi no dia 4 de janeiro, contra o Real Madrid, pela Copa do Rei. Na ocasião, Ganso foi alvo de pesadas críticas da imprensa espanhola.
Ganso jamais respondeu às críticas publicamente e, em suas redes sociais, se limita a postar fotos sorridentes com a família nas belas paisagens da região da Andaluzia. A avaliação de pessoas próximas ao jogador, porém, é de que Sampaoli não lhe permitiu o tempo necessário de adaptação em sua primeira experiência fora do Brasil. O meia esteve em campo em apenas 12 jogos desde que chegou ao clube, em julho do ano passado, contratado do São Paulo por 34,3 milhões de reais, em uma aposta pessoal de Sampaoli.
Para o jornalista Juan Antonio Pineda, da Radio Marca, que acompanha o Sevilla diariamente, o problema é outro. “Ganso não tem intensidade para atuar na Espanha, falta velocidade, falta físico”, analisa. A opinião é compartilhada por José Manuel Oliva, jornalista da rádio Cadena Cope. “O Ganso está abaixo dos outros jogadores na questão de ritmo e físico. Sampaoli não tem mais confiança em escalá-lo.”
Sampaoli testou Ganso praticamente em todas as funções no meio de campo, mas a intensidade da equipe engoliu o brasileiro. O treinador prefere escalar jogadores menos técnicos, como Iborra, N’Zonzi, Vitolo e Nasri, mas que vão manter o ritmo que o argentino imagina ser o ideal para os seus conceitos de futebol.
O bom desempenho do Sevilla na temporada também corroborou com a postura de Sampaoli em relação ao brasileiro. A equipe passou muito tempo brigando com Real Madrid e Barcelona pela liderança do Campeonato Espanhol – atualmente está na terceira colocação, oito pontos atrás dos madrilenhos e seis dos catalães – e caiu nas oitavas de final da Liga dos Campeões para o Leicester City.
Sampaoli não parece disposto a mudar de ideia em relação ao brasileiro. A leitura é de que Ganso só jogará efetivamente se o treinador for embora. Algo que, neste momento, parece pouco provável. O jornal Marca informou na última sexta-feira que o argentino teria exigido a saída do meia para permanecer. Uma possível transferência está em compasso de espera. O Sevilla não quis negociá-lo em janeiro, quando recebeu ofertas de Valencia e Fenerbahçe.
Enquanto isso, Ganso continua trabalhando forte para receber uma chance. O técnico Juan Carlos Osorio, que comandou o meia no São Paulo e o visitou recentemente em Sevilha, fez elogios. “Ele está tranquilo, trabalhando e buscando um lugar entre os 11”, afirmou o treinador da seleção do México.
O jogador também recebeu o técnico da seleção brasileira. Para Tite, o sucesso de Ganso é questão de tempo. “Ele deu um passo desafiador, precisava jogar num grande centro. Está sendo desafiado para um processo novo, dentro de um futebol altamente competitivo. Está num processo de adaptação.”
Fora de campo, Ganso curte, ao lado da mulher Giovanna, os primeiros meses de vida de Stella, sua terceira filha, que nasceu em fevereiro. O casal já tinha Henrico, de dois anos. O jogador tem outra filha, Maria Victoria, de 4 anos, fruto de um relacionamento anterior.
(com Estadão Conteúdo)