Franco Baresi relembra duelos: ‘Brasil de 94 era mais forte que o de 82’
Em São Paulo para a gravação de um documentário, lenda do Milan e da seleção italiana se disse um amante do futebol brasileiro em entrevista a PLACAR
O tom desconfiado das primeiras interações rapidamente deu lugar a um sorriso quando perguntado sobre sua relação com o futebol brasileiro. Franco Baresi, 61 anos, ídolo do Milan e da seleção italiana e considerado um dos maiores zagueiros de todos os tempos, guarda com carinho na memória os seus duelos contra atletas e equipes do país. “Sou um amante do futebol brasileiro, de Ronaldo Fenômeno, Kaká, Cafu… Joguei com Aldair, Zico, Romário, é difícil escolher um preferido”, diz o ex-jogador, em entrevista exclusiva a PLACAR.
Baresi está em São Paulo para a gravação de Facing Fate, uma série documental produzida pelo Grupo LX sobre como superar desafios, e que ainda passará por Salvador, Rio de Janeiro, Manaus e Foz do Iguaçu. O ídolo do futebol italiano disputou três Copas do Mundo (viu do banco o título da Azzurra em 1982, foi terceiro colocado em 1990 e vice-campeão em 1994). Ele diz guardar boas lembranças dos encontros com o Brasil, tanto do triunfo por 3 a 2 na primeira, com gols de Paolo Rossi, quanto da derrota nos pênaltis após empate em 0 a 0 na despedida.
“Assistir do banco à partida de 1982 foi uma experiência incrível, eu era muito jovem, e aquele Brasil e Itália foi uma bela surpresa. O Brasil era o favorito, mas a Itália fez um grande jogo, e talvez o Brasil tenha nos subestimado um pouco”, disse. Segundo ele, a equipe tetracampeã nos Estados Unidos era mais difícil de ser batida.
“Eram diferentes, o Brasil de 82 talvez tivesse mais qualidade, mas o de 94 era muito sólido, mais forte, mais europeu, digamos.” Apesar da derrota e de ter falhado um pênalti na decisão, o líbero italiano se sente orgulhoso de sua prestação em 1994. Sua presença em campo foi considerada quase um milagre, pois o jogador, então com 34 anos, havia sofrido uma grave lesão no menisco na segunda partida do torneio. Ele voltou a tempo de parar Romário e Bebeto durante 120 minutos de sol escaldante na Califórnia.
“Era meu último Mundial, minha última chance. Me machuquei, operei e consegui depois jogar uma final. Isso mostra que é preciso sempre ter esperança, força mental, capacidade de se adaptar. No fim, foi a partida mais bonita da minha carreira. Depois de tantos anos, revejo as cenas e penso: como foi possível? Me dei conta de que foi algo extraordinário.”
Assine Star+ | Os melhores torneios do mundo ao vivo, séries originais e jogos exclusivos da ESPN!
Baresi também relembrou outra derrota para brasileiros: a final do Mundial de Clubes de 1993, diante do São Paulo, no Japão. “Estou na cidade e vejo que para os torcedores são-paulinos foi uma grande satisfação e alegria. Aquela partida foi estranha e difícil. O São Paulo era uma grande equipe, de talento e experiência, e infelizmente nós cometemos alguns erros, que nos custaram caro.” Palhinha, Toninho Cerezo e Müller marcaram os gols do triunfo brasileiro por 3 a 2 em Tóquio.
Baresi também falou sobre a tradição italiana de formar grandes defensores, sobre a mudança de mentalidade da equipe que venceu a última Eurocopa, do fato de ter tido seu irmão, Giuseppe Baresi, ídolo da Inter de Milão, como rival durante tantos anos e se disse otimista com o momento do Milan, pelo qual fez 719 partidas, e do qual hoje é vice-presidente.
Assista a entrevista no YouTube da Revista PLACAR. O conteúdo também foi publicado na edição de outubro da revista, já disponível em nossas plataformas digitais em dispositivos iOS e também Android. A revista impressa chega às bancas na próxima semana.