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Formação de pessoas e trabalho mental: o projeto do Sfera, sensação da Copinha

Classificado para a segunda fase, time com média de apenas 16 anos se destaca por valorizar educação e lado humano de atletas; conheça

SALTO A Copa São Paulo de Futebol Júnior já foi o início da trajetória de brilho de diversos craques brasileiros e não é incomum ver novas estrelas nascerem nos jogos regados ao forte calor ou chuvas torrenciais do verão de janeiro. Da mesma forma, a Copinha também é um celeiro para novos projetos e ideias. Neste ano, a revelação do torneio atende pelo nome de Sfera Futebol Clube.

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Fundado em 2021 e em atividade desde 2023, a equipe que manda seus jogos em Salto, cidade do interior paulista a 100 km da capital, garantiu classificação à segunda fase da competição com um elenco de média de idade de apenas 16 anos e um trabalho inovador.

Até o momento, foram duas vitórias e uma derrota na conta do novato, que agora encara Atlético Mineiro no estágio de mata-mata. Com a história já escrita e sem grande pressão por resultados imediatos, o Raio Amado agora almeja se aproveitar disso para tentar ampliar a façanha.

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Formador e sem equipe profissional, o clube também quer impactar fora das quatro linhas, valorizando a educação e o lado mental, para, além de atletas, preparar pessoas.

Transformar as bases do Brasil

Larissa Li é a diretora do braço humano – Edivaldo Santos/Sfera FC

Ao abrir o site do Sfera, chama atenção o slogan: “Transformando as bases do futebol brasileiro”. Ainda que audaciosa, a frase é um retrato desse projeto que pode ser considerado único e tem como meta adicionar elementos novos à formação de atletas do país. Na estrutura da diretoria, as primeiras novidades aparecem. Junto do CEO, Rodolfo Canavesi, estão Gabriel Bussinger, diretor de futebol e metodologia, e Larissa Li, diretora de pessoas e cultura.

Responsável por coordenar esse braço “mais humano”, Larissa concedeu entrevista exclusiva à PLACAR e detalhou a ideia:

“A construção vem do que os sócios acreditam. Estamos em algo que anda muito junto, porque o atleta muito antes de ser atleta é um indivíduo. Quando a gente pensa na formação dele, precisamos pensar no todo. É claro que queremos que eles virem jogadores e tenham carreiras de sucesso, é o sonho deles, mas achamos que podemos fazer isso vencendo em todas as dimensões. Não temos dúvida que se pensarmos no social, mental, acadêmico, técnico e físico ele vai ser muito melhor e mais adaptável.”

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Também procurado, o executivo Rodolfo manteve o discurso central do trabalho. Em conversa no estádio Amadeu Mosca, em Salto, o dirigente pontuou as particularidades do desenvolvido: “O Sfera foi criado para ser referência, formar jogadores de ligas importantes no mundo e também preparar pessoas para o mundo, sabendo que nem todos virarão no esporte. Antes, vamos investir em humanos, para que consigam ter vidas dignas se virarem jogadores. A gente sabe que o funil do futebol é muito estreito, então por isso também queremos que daqui saiam grandes profissionais de outras áreas.”

Valorização do mental

Psicóloga Lais Yuri em preleção - Guilherme Azevedo / Placar
Psicóloga Lais Yuri em preleção antes de partida pela Copinha – Guilherme Azevedo /Placar

Além de Miguel Pila, treinador do time desde o ano passado, outros membros da comissão são essenciais no trabalho de dia a dia no CT Santa Filomena, espaço de 600 mil metros quadrados pertencente ao clube. Responsáveis por cuidar do mental dos atletas, Lucas Forti e Lais Yuri são os psicólogos. A profissional, que tem vasta experiência na área ligada ao esporte, é quem conduz momentos de reflexão e dá início às preleções da equipe técnica nas vésperas dos jogos.

A convite do clube, PLACAR esteve presente com exclusividade nessa etapa da preparação mental. Lais começou sua fala abordando o apoio entre os jogadores, realizando momentos de descontração e repetindo sobre os feitos sem que o foco nos resultados sejam perdidos.

Na ocasião, antes do revés para o América-RN por 3 a 2, a psicóloga fez questão de reafirmar que o jogo tinha peso coletivo e individual, mesmo com a classificação antecipada.

“A gente sabe que tudo vale. Tem o sonho deles, tem a vontade deles de se destacarem, mas também precisamos manter o foco. Uma coisa que tenho orgulho em dizer é que nosso trabalho na pré-temporada foi muito forte, com atividades em equipe para eles aprenderem como grupo. No nosso cotidiano, buscamos falar sempre a verdade, tanto entre as comissões quanto entre os atletas, que podem pedir atendimento individual a qualquer momento”, explicou Lais.

Jogadores ajudam na organização do vestiário – Rodrigo Tanji/Sfera FC

Correlacionando campo e extracampo, a diretora Larissa levantou a necessidade de tratar problemas psicológicos da mesma forma que físicos e Lais completou: “A gente tem reuniões com a comissão técnica, é uma sinergia muito forte. As coisas acontecem com muita facilidade, organicamente. Não nos entitulamos como clube formador por entitular, mas por essa ideia que parte da gestão, acontece no funcionamento diário e potencializa o desempenho nas quatro linhas.”

Sucesso em campo

As atividades do clube foram iniciadas em 2023 e o resultado esportivo acompanhou a ideologia. Em seu primeiro Campeonato Paulista sub-17, o Sfera teve grande destaque e chegou à terceira fase da competição. Foram 22 jogos, 12 vitórias, quatro empates e apenas seis derrotas.

Os primeiros tropeços demoraram para acontecer, tendo em vista que o time fechou a primeira fase invicto, conquistando 26 dos 30 pontos disputados. Tudo isso realizado por jogadores com “criação” humana e alguns costumes diferenciados, como designar a organização do vestiário também aos atletas.

Na Copinha, outra participação que evidencia o surgimento meteórico. A classificação para a segunda fase, com um time repleto de jovens nascidos em 2008, 2007 e 2006 (completam 16, 17 e 18 anos em 2024), é considerada surpreendente dentro do clube, mesmo que exista confiança no trabalho desenvolvido.

“Ficamos surpresos de avançar. É nosso primeiro ano, recentemente decolamos. Talvez tenhamos o time mais novo do torneio, o que é uma carga a mais para aguantarem esse ritmo. Mas claro que estamos felizes e queremos ser bastante competitivos a partir de agora”, disse Canavesi, evidenciando que, para o sonho do Raio, o céu é o limite.

Na competição, o time estreou com duas vitórias por 1 a 0, diante do Botafogo-SP e do Fast-AM. Por fim, perdeu por 3 a 2 para o América-RN. O jogo diante do Galo acontece no sábado, 13.

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