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Ex-goleiro Rojas sofre com Chile, mas defende geração vitoriosa

“Temos de agradecer a esses jogadores por uma década de alegrias”, afirmou o ex-jogador, que foi ao Allianz Parque e conversou com atletas após a derrota

Um dos personagens mais marcantes da história do confronto entre Brasil e Chile esteve no Allianz Parque, em São Paulo, nesta quarta-feira e sofreu com a derrota por 3 a 0 que tirou os visitantes da Copa do Mundo da Rússia. O ex-goleiro chileno Roberto Rojas, ídolo do São Paulo, lamentou a desclassificação dos atuais bicampeões continentais, mas não buscou culpados. “Temos de agradecer a toda essa geração por uma década de alegrias”, afirmou o ex-jogador, que acompanhou o jogo ao lado da esposa brasileira Viviane e conversou com os atletas chilenos após a partida.

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Rojas, de 60 anos, sabe como ninguém como é a dor de ficar fora de uma Copa. Em 1989, ele foi o protagonista de uma farsa que causou não só a eliminação chilena, mas seu banimento do futebol. Ele simulou ter sido atingido por um rojão no Maracanã, em partida contra a seleção brasileira que valia uma vaga na Copa de 1990, em atitude desesperada da qual se arrependeu amargamente. Vivendo há 24 anos na capital paulista, onde teve passagens marcante pelo São Paulo como atleta, técnico e treinador de goleiros, Rojas fez questão de apoiar sua seleção nesta quarta-feira.

“Vai ser difícil, mas o Chile tem de atacar e buscar a vitória”, disse Rojas, ainda animado, antes da partida. Atrás dele, outro ídolo do futebol chileno, o ex-atacante Marcelo Salas, estava tenso e se negou a dar entrevistas. “Vim para assistir o jogo.” Após o jogo, Rojas fez questão de ir ao vestiário chileno consolar os compatriotas, especialmente o goleiro Claudio Bravo, do Manchester City, com quem trabalhou no Colo-Colo e de quem é amigo íntimo.

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“Falei mais com o Claudio, mas todos estavam muito tristes. É muito duro ficar fora de um Mundial por um gol, mas os atletas vão assimilar isso rápido.” Rojas comentou sobre as acusações da esposa de Bravo, Carla Pardo, que usou as redes sociais para dizer que havia atletas que chegavam aos treinos de ressaca e não tinham comprometimento. “Talvez alguns jogadores tenham perdido o foco e isso obviamente afeta no resultado final”, minimizou.

Rojas citou os tropeços que, segundo ele, causaram a desclassificação do campeão continental. “O time perdeu para o Paraguai em casa e para a Bolívia. Faltando quatro rodadas, não se pode perder esses pontos. O Chile foi muito irregular, não conseguiu manter um padrão. Também não jogou bem contra o Brasil, não deu chute no gol.”

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Rojas considera que atletas veteranos, como Bravo, Gary Medel e Jorge Valdivia, ainda podem permanecer na equipe. “Acho que vai depender do novo treinador. Ainda é muito cedo para fazer essa avaliação. Imagino que vá haver algumas mudanças, mas não se pode descartar um trabalho de anos por um resultado ruim. Temos de agradecer muito a essa geração”, disse, ressaltando os títulos da Copa América em 2015 e 2016 e as boas participações nas Copas de 2010 e 2014 (em ambas, o Chile perdeu para o Brasil nas oitavas de final).

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Busca por emprego e torcida pelo Brasil

A decepção pela seleção chilena não é nada perto das dificuldades que Rojas enfrentou nos últimos anos. “El Condor”, como é conhecido no Chile, enfrentou uma espantosa sequência de problemas de saúde e dramas pessoais, incluindo um transplante de fígado, uma torção de pulmão jamais vista e a morte de familiares. Plenamente recuperado e feliz, ele se diz preparado para retornar ao futebol e busca emprego.

“Gostaria de voltar a trabalhar com o esporte. Talvez como comentarista de TV, de rádio, eu quero estar trabalhando. Voltar a ser treinador de goleiros é difícil, porque a saúde já não acompanha, mas gostaria de fazer parte de uma comissão técnica. Tomara que apareça algo”, disse. Seu último trabalho foi como preparador de goleiros do Sport, em 2009, quando foi abatido pelo primeiro problema de saúde.

Casado com uma brasileira e com filhos morando no país, Rojas não tem dúvidas sobre para quem torcerá na Copa da Rússia na ausência do Chile. Mas alerta que a seleção brasileira não pode se deixar levar pelo clima de “já ganhou”. “O Brasil sempre chega ao Mundial como favorito e o pensamento de Tite é não deixar a peteca cair, porque tem de melhorar muita coisa ainda. É um torneio de tiro curto e tudo pode acontecer.”

Roberto Rojas
Roberto Rojas com a esposa Viviane em sua casa, em São Paulo Edson Lopes Jr./VEJA.com

 

 

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