EUA querem propor acordo de delação premiada a Marin
Ex-presidente da CBF poderia reduzir sua pena – que pode chegar a 20 anos de prisão
A Justiça americana está disposta a oferecer ao ex-presidente da CBF, José Maria Marin, um acordo de delação premiada, caso ele seja extraditado para os Estados Unidos. Fontes ligadas ao processo acreditam que a proposta interessaria ao dirigente de 83 anos, que poderia ter sua pena reduzida drasticamente – em condições normais, Marin, poderia pegar até 20 anos de prisão. Ele está detido em Zurique, na Suíça, desde o dia 27 de maio, acusado de receber propina em acordos entre a CBF e parceiros comerciais.
O Departamento de Justiça dos Estados quer tirar de Marin mais informações sobre negociações de contratos e, sobretudo, sobre o envolvimento de outros dirigentes na organização da Copa do Mundo de 2014, em especial, Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Ricardo Teixeira, seu antecessor na CBF.
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J.Hawilla usou grampos para colaborar com o FBI
Marin chegou a se queixar de ter sido o único preso entre os brasileiros. O atual presidente, Marco Polo Del Nero, faz de tudo para se afastar do escândalo e, apesar de admitir em Brasília que estava presente na assinatura de alguns contratos, disse que não tinha conhecimento de nenhuma irregularidade e que cumprirá seu mandato até o fim, em 2019.
O uruguaio Eugenio Figueredo, ex-presidente da Conmebol e que substituiu o argentino Julio Grondona no Comitê Executivo da Fifa, também deve receber uma proposta de delação premiada. Assim como Marin, ele tem 83 anos e está preso em Zurique. O clima na Fifa é de tensão não apenas por causa da crise, mas diante do risco de que novas revelações sejam feitas pelos detidos.
Segundo o jornal americano New York Times, o FBI tem esperança de que os cartolas que forem extraditados para os Estados Unidos colaborem com outras investigações que poderiam conduzir a Justiça até o suíço Joseph Blatter, presidente da Fifa. O empresário brasileiro J. Hawilla, dono da Traffic, empresa que fechou diversos contratos com a CBF e outras federações, está entre os envolvidos no caso que já fecharam acordo de delação premiada com a Justiça americana.
(Com Estadão Conteúdo)