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Etiene Medeiros, focada na Rio-2016: ‘Acredito cada vez mais’

Primeira nadadora a conquistar medalha de ouro em Mundiais, pernambucana de 23 anos diz estar cada dia mais motivada para a olimpíada brasileira

Publicado por: Luiz Felipe Castro em 26/01/2015 às 12:34 - Atualizado em 29/09/2021 às 22:44
Etiene Medeiros, focada na Rio-2016: ‘Acredito cada vez mais’
Etiene Medeiros durante entrevista exclusiva no Sesi-SP Vila Leopoldina

“No Pan de Guadalaraja em 2011, nadei mal e pensei: ‘Agora preciso mudar, trabalhar mais forte para ser uma atleta de verdade.’ Na dificuldade, consegui crescer.”

A carreira da nadadora pernambucana Etiene Medeiros sofreu uma verdadeira transformação em 2014. Em dezembro, a jovem de 23 anos cravou seu nome na história do esporte nacional como a primeira brasileira e conquistar uma medalha de ouro em um Mundial de Natação, em Doha, no Catar, na prova de 50 m costas. O resultado fez com que a jovem deixasse de ser uma promessa para se consolidar como esperança real do Brasil para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Mais bronzeada que de costume após férias em sua terra natal, Recife, Etiene retornou aos treinos na equipe do Sesi, em São Paulo, e falou sobre o novo patamar que atingiu. Ainda se acostumando ao assédio de jornalistas e fãs, distribuiu sorrisos após um cansativo treinamento e garantiu estar cada vez mais preparada para os próximos desafios. “Minha vida mudou, de fato, mas estou tentando ser o mais natural possível.”

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A campeã mundial falou sobre a dura rotina de uma nadadora de elite e contou que não costuma passar vontade na hora das refeições. Cada vez popular nas redes sociais, diz ser tímida, apesar de ter mostrado bastante desenvoltura diante das lentes dos fotógrafos. “Falam que sou musa, dou risada.”

Ela sabe que ainda tem um longo caminho a percorrer até a Olimpíada. No Mundial de Doha, conquistou duas medalhas de ouro, nos 50 metros costas e no revezamento livre 4×50 metros livre, mas nenhuma destas provas faz parte do circuito olímpico. Suas melhores marcas foram conquistadas em piscina de 25 metros, metade do tamanho de uma piscina olímpica, em que há menos viradas, justamente uma de suas especialidades. Mas nada disso diminui a motivação da pernambucana.

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Seu treinador, Fernando Vanzella, ressalta que Etiene vem obtendo resultados expressivos também em piscinas longas, o que justica a enorme expectativa para os Jogos do Rio, em 2016. “A Etiene tem três boas provas olímpicas, o 100 metros costas, o 100 metros borboleta e os 50 metros livre. O objetivo é alcançar as finais olímpicas.” No momento, seu melhor tempo na prova de 100 metros em piscina longa é 1m00s82, ainda distante do recorde mundial, de 58s12, da britânica Gemma Spofforth, em 2009. Neste ano, Etiene garantiu índice nesta prova para o Mundial de Kazan, na Rússia, entre julho e agosto, em piscina longa, e servirá para avaliar o desenvolvimento da brasileira.

A confiança do treinador

Etiene Medeiros e Fernando Vanzella, seu treinador
Etiene Medeiros e Fernando Vanzella, seu treinador VEJA

Fernando VanzellaChefe da equipe do Sesi-SP e coordenador da seleção brasileira feminina de natação

Desde que chegou a São Paulo, em 2013, Etiene recebe cuidados especiais do treinador Fernando Vanzella, o Vanza, um dos mais respeitados profissionais da natação no país. Ele conta quais são os pontos fortes de Etiene e o que ela precisa para se consolidar como uma das melhores do mundo.

“A Etiene tem uma saída muito desenvolvida, do nível das melhores do mundo. É muito rápida, mas agora precisa trabalhar resistência, para que complete uma prova mais longa. Ela evoluiu muito nos últimos anos e a vejo cada vez melhor, consciente, uma profissional muito mais envolvida no trabalho.”

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“Aguns detalhes foram detectadas pelas avaliações biomecânicas e podem ser melhorados. Por exemplo, as primeiras braçadas, principalmente do lado esquerdo, podem ficar mais fortes e estamos trabalhando para ganhar milésimos de segundo que podem ser preciosos.”

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O especialista explica as diferenças entre as provas de piscina curta – como aquela em que Etiene conquistou o ouro no Mundial de Doha – e as de piscina longa, como as da Olimpíada. “Numa piscina longa, de 50 metros, prevalece mais o nado limpo, e na de 25 metros a virada submersa conta mais. Os nadadores bons em virada, como Etiene, levam vantagem em piscina curta.”

O que mudou em sua vida depois de seu feito inédito? Já se acostumou com a nova realidade? Minha vida mudou, de fato, mas estou tentando ser o mais natural possível e levar isso como motivação. As pessoas estão acreditando muito mais em mim e eu também. Tenho um grande objetivo para 2016.

Como é a rotina de um nadador profissional? É bem cansativo, durmo cedo, acordo cedo. Tenho nove treinos de duas horas dentro da piscina durante a semana, mais cinco treinos fora da água, fisioterapia… mas é prazeroso, porque estou em busca de um objetivo, e por isso todo treino é um desafio.

Você tem alguma restrição alimentar? Como toda menina, amo chocolate, e não abro mão. Cresci no Nordeste com uma alimentação muito rica, com macaxeira, inhame, cuscuz, pamonha, tapioca. Comia tudo isso, mesmo sem saber que dava tanta energia, e sigo comendo até hoje. Nosso corpo é a referência para o treino, então não posso comer fritura nem muita carne vermelha. Mas, claro, no fim de semana, dou minhas escapadas, né?

Como foram as mudanças para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo? Tinha 20 anos quando sai de casa. Primeiro morei em uma república com amigas, mas a mudança mais radical na minha carreira foi quando passei a morar sozinha. A partir daí, me acostumei a resolver minhas coisas, comprar comida, arrumar a casa. Isso me deu maturidade também para tocar minha carreira e focar mais nos meus objetivos.

Quando você percebeu que poderia ser uma atleta de elite? Entrei para a seleção brasileira em 2008, mas o ponto de passagem foi o Pan-Americano de Guadalaraja em 2011, quando nadei mal e pensei: “Agora preciso mudar, trabalhar mais forte para ser uma atleta de verdade.” Na dificuldade, consegui crescer.

Mesmo depois de treinar muito bem, acontece de no dia da prova dar tudo errado? Sim. O fator psicológico pesa bastante e por isso é trabalhado todos os dias. E às vezes o atleta pode estar um pouco doente, não se sentir bem, e até o clima afeta. O mais importante é sempre pensar positivo, porque se ficar abatido o resultado não vai ser bom. O importante é sempre dar o máximo.

Seus melhores resultados foram no nado costas. Você pretende focar nesta prova ou pensa em outros estilos? Comecei a ter bons resultados na prova de 50 metros livre e estou me focando nesta prova e na de 100 metros costas. Nestas já sou campeã brasileira, mas pretendo bater índice olímpico e nadar bem no Pan-Americano e Mundial. Os 100 metros costas é o meu amor, é uma prova que me deixa muito nervosa, mas quero muito um resultado. Vou trabalhar muito e espero que o resultado venha.

Na hora das competições, você escuta os gritos da arquibancada? A única pessoa que consigo escutar é meu pai. Escuto ele gritando: “Vai Nina!” Ele, minha mãe e meu irmão estavam em Doha e me deram muita força, adoro tê-los por perto.

Muitas atletas já reclamaram da falta de apoio à natação feminina. Algo mudou depois do seu título mundial? Meu feito ainda é muito recente, não dá para falar em mudança, mas a CBDA está me apoiando há um bom tempo, assim como os meus patrocinadores, que são os Correios, a Speedo, a Marinha do Brasil e o Sesi-SP. Desde que separaram as seleções masculina e feminina, temos recebido mais apoio. A CBDA está investindo nas meninas e acho que vai investir cada vez mais. Nunca tive do que reclamar.

Etiene Medeiros durante treino no Sesi-SP Vila Leopoldina
Etiene Medeiros durante treino no Sesi-SP Vila Leopoldina VEJA

Você tem padrão de vida bom? Como é sua rotina em São Paulo? Não gosto de gastar dinheiro (risos), prefiro juntar, pensar lá na frente, ter uma vida estável, e levo uma vida tranquila. Moro perto do Sesi, o que é essencial em São Paulo, porque trânsito é muito estressante. Não fico muito na cidade, estou sempre viajando. Mesmo fora de competição, vou para o sítio do meu namorado, em Itatiba, ou dou uma fugidinha para Ubatuba, pego praia. Meu treinador gosta de me dar esse momento de relaxamento, é essencial para um atleta.

O governo concedeu pensão vitalícia à ex-ginasta e esquiadora Lais Souza, que ficou tetraplégica em acidente durante um treino. O que você achou da medida? Não sei, não li muito sobre este caso. Mas acho que qualquer atleta está vulnerável a este tipo de fatalidade. É surpreendente a forma como ela está se superando e se recuperando, é um exemplo para todos. Acho correto o apoio, mas todo mundo está sujeito a um acidente, não só os atletas, qualquer pessoa. O importante é ajudar o próximo e o governo tem de se preocupar com isso.

E o caso de doping do nadador João Gomes Júnior no Mundial, te surpreendeu? Existe um cuidado grande da sua equipe em relação às substâncias proibidas? Sim, temos acompanhamento de médico, nutricionista, tomamos vários cuidados. Também não estou muito informada sobre o caso do João, não conversei com ele. Ele vai ser julgado e acho que no momento é melhor esperar para comentar algo.

Você é ativa nas redes sociais, gosta do carinho dos fãs? Acompanho, gosto bastante desta interação, mas acho muito engraçado. Tem gente que fica me chamando de musa, comenta nas minhas fotos. Eu dou risada.

Pensa em trabalhar como modelo? Não, jamais! Quero ser reconhecida pelo meu trabalho na piscina, quero ser musa só na piscina mesmo. Sou muito tímida.

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