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Enfim, Globo exibe protestos de corintianos contra a emissora

Narrador Galvão Bueno comentou sobre as faixas colocadas no Itaquerão e defendeu a empresa – mas também a liberdade de expressão

Um grupo de torcedores do Corinthians e a Rede Globo deram um bom exemplo de cidadania e liberdade de expressão na noite desta quarta-feira. Assim como nas últimas partidas do time, a torcida organizada Gaviões da Fiel levou faixas de protesto ao Itaquerão, duas delas endereçadas à emissora, no jogo contra o colombiano Santa Fe pela Copa Libertadores. Pela primeira vez, a Globo não ignorou a manifestação: o narrador Galvão Bueno defendeu a empresa, mas também o direito de os torcedores se posicionarem.

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O comentário do narrador aconteceu no intervalo da partida, quando as câmeras focalizaram as faixas estendidas. “Já há alguns jogos, parte da torcida do Corinthians vem trazendo algumas faixas de protestos e algumas dizem respeito à TV Globo. Tem uma em inglês que fala que futebol sem torcedor não é nada, uma que fala da CBF e outra que fala da Rede Globo. Mas, gostaria até de registrar que são só três canais que transmitem a Libertadores no Brasil. E a Globo é a única que transmite o futebol gratuitamente em TV aberta, aliás como fazemos com o futebol brasileiro há praticamente 40 anos. Mas protestar é sempre um direito de todos”, discursou brevemente o narrador.

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Galvão Bueno citou as questões de direitos de transmissão – a Globo é a única a transmitir a Libertadores em TV aberta, enquanto o SporTV (que pertence às organizações Globo) e a Fox Sports transmitem em TV fechada. Nesta quarta, foram exibidas as mensagens “Globo manipuladora” e “Futebol refém da Globo”. Em jogos anteriores, o protesto dos torcedores contra a emissora havia sido mais específico, citando o horário das 22h – logo após a novela da Globo – como o grande inimigo dos torcedores, que precisam trabalhar cedo no dia seguinte e dependem do transporte público para deixar o estádio.

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Nesta quarta, foram registrados novos incidentes envolvendo o retorno de torcedores para casa. Muitos corintianos que se negaram a deixar o estádio antes do apito final tiveram que correr até a estação de metrô Corinthians-Itaquera (que em dias de jogos tem o fechamento ampliado para 00h30). No entanto, como a Linha 4 – Amarela do metrô fecha mais cedo, à meia noite, muitos torcedores não conseguiram fazer baldeação neste sentido e tiveram que esperar (muito tempo) por ônibus. Desde que o Itaquerão foi inaugurado, em 2014, muitos corintianos protestam contra o horário das 22h em partidas de meio de semana.

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Alvos – Os protestos de parte da torcida corintiana tiveram início no dia 11 de fevereiro, no jogo contra o Capivariano, pelo Paulistão. Na ocasião, a Polícia Militar tentou retirar as faixas e entrou em confronto com os torcedores. Na partida seguinte, no clássico contra o São Paulo, não houve repressão policial, mas uma atitude inexplicável do árbitro Luiz Flávio de Oliveira, que pediu ao capitão do Corinthians que fosse em direção às arquibancadas para pedir que as faixas fossem retiradas. Neste momento, a Globo e a Bandeirantes, que transmitiam o jogo em TV aberta, não exibiram as faixas nem explicaram o ocorrido.

Os protestos da Gaviões da Fiel têm vários alvos além da Globo: a diretoria do clube, por manter os ingressos muito caros, a Confederação Brasileira de Futebol, envolvida em diversos escândalos de corrupção, a Federação Paulista, que, recentemente puniu a Gaviões pelo uso de sinalizadores; e Fernando Capez, atual deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, e ainda um velho opositor das organizadas no período em que trabalhou no Ministério Público – atualmente, Capez é suspeito de participar de fraude em contratos para o fornecimento de merenda escolar.

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Torcida organizada do Corinthians voltou a levar faixas de protesto ao Itaquerão
Torcida organizada do Corinthians voltou a levar faixas de protesto ao Itaquerão VEJA

Concorrência – Os protestos contra a Rede Globo ocorrem num momento conturbado para a emissora. Na terça-feira, o Atlético-PR se tornou o primeiro clube do país a vender os direitos de transmissão do Brasileirão de 2019 a 2024 em canal fechado para o grupo Turner, proprietário do canal Esporte Interativo, concorrente do SporTV, o canal fechado da Globo. Nesta quarta, o Bahia seguiu o mesmo caminho e confirmou o acerto. O Santos também já revelou que deve aceitar a proposta do Esporte Interativo. As mudanças podem provocar um caos nas transmissões do futebol nacional

Vence em 2019 o atual contrato da Globo com os clubes que disputam o Brasileirão. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a emissora carioca negocia a renovação de um pacote que inclui TV aberta, fechada, pay-per-view, exploração internacional, telefonia móvel e internet. A Turner entrou na disputa oferecendo adquirir apenas os direitos sobre a TV fechada.

Ainda segundo o jornal, o conselho deliberativo do São Paulo optou por assinar com a Globo, que, de última hora, aumentou consideravelmente a proposta, oferecendo pagar 60 milhões de reais em luvas, contra 40 milhões de reais do Esporte Interativo. A emissora carioca pela primeira vez também aceitou dividir a proposta por plataforma, detalhando a oferta pelos direitos de TV fechada.

Caso uma solução não seja encontrada até 2019, a transmissão do Brasileirão em TV fechada pode se tornar uma bagunça. Apenas os jogos entre equipes que assinaram com o SporTV seriam transmitidos por este canal, o mesmo valendo para o Esporte Interativo. Partidas entre times que têm contratos com emissoras diferentes ficaram sem transmissão em TV fechada.

Para a TV aberta, as três próximas edições do Brasileirão estão garantidas com a Globo. Até agora nenhuma emissora concorrente demonstrou interesse real em adquirir esses direitos.

(da redação)

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