Empresa que venderá ingressos da Rio-2016 é investigada
Companhia alemã é acusada de irregularidades na venda de bilhetes para Copa
A empresa que ganhou um contrato milionário para realizar todo o processo de venda e distribuição de ingressos para a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, é suspeita de ter pago propinas para vencer a concorrência para fornecer ingressos na Copa do Mundo de 2006. Em troca da chance de comercializar os bilhetes, a empresa alemã CTS Eventim teria colocado milhares de ingressos no mercado negro para recompensar os cartolas. Em setembro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que a CTS Eventim foi a vencedora da licitação para os Jogos no Brasil, assumindo a responsabilidade de vender os nove milhões de ingressos para o evento. Nesta semana, porém, o Ministério Público de Munique, na Alemanha, revelou que a Justiça investiga a companhia por corrupção e por despejar no mercado negro cerca de 52.000 ingressos para os jogos da Copa de 2006.
Leia também:
A arquitetura da Rio-2016 é um grande jogo de Lego
Rio-2016: preços dos ingressos vão de R$ 40 a R$ 4.600
A empresa – selecionada em um processo público de concorrência, do qual participaram companhias nacionais e estrangeiras -, desenvolverá o sistema de venda de ingressos on-line, os controle de acesso, a estrutura de call center para atendimento ao público e as bilheterias. Mas seu principal executivo, Klaus-Peter Schulenberg, está sendo investigado em Munique. A suspeita é de que ele teria fechado um acordo com Willi Behr, ex-diretor da Federação Alemã de Futebol, para conseguir o contrato de distribuição de ingressos para a Copa de 2006, um negócio avaliado em 270 milhões de euros. Em troca, 52.000 ingressos seriam comercializados no mercado negro, com preços bem acima do normal – e, portanto, com lucros milionários para os envolvidos no esquema. A investigação foi iniciada em 2009. Em 2012, a sede da empresa chegou a ser alvo de uma busca da polícia.
Alguns dos documentos obtidos na investigação foram publicados pelo jornal alemão Welt am Sonntag e apontam para um acordo entre o empresário e o cartola. A suspeita é de que o próprio dirigente da federação tenha redigido a proposta da CTS para a licitação, garantindo a sua vitória em 2004. A empresa nega o crime. “A companhia não responderá a perguntas específicas sobre o assunto”, disse o porta-voz Matthias Michael. “A CTS Eventim não comenta investigações em andamento e a companhia tem certeza que sempre agiu dentro da lei”. Por ter concedido o contrato multimilionário à empresa, o cartola Willi Behr teria obtido um empréstimo de 500.000 euros, além do acesso aos 52.000 ingressos que foram parar no mercado negro. Essas entradas deveriam ter sido destinadas a patrocinadores. Em média, os valores cobrados no mercado paralelo eram 329% maiores que os preços originais.
(Com Estadão Conteúdo)