No país da Copa, dispense fast-food e aprecie a culinária russa
Mesmo no verão do Mundial, não comer uma sopa Borsch seria uma grande bola fora. Conheça alguns pratos típicos russos
De Moscou – Quem for à Rússia durante a Copa do Mundo de 2018, ou em qualquer outra oportunidade, não deve cometer o erro de muitos turistas: o de economizar nas refeições, abusando de fast-food e abrindo mão da culinária local. Até porque, com a moeda desvalorizada (1 real vale cerca de 18 rublos), comer na terra de Putin é, de maneira geral, bastante em conta. Os pratos típicos russos – e também ucranianos, georgianos e de outros países próximos – não são muito conhecidos no Brasil, mas extremamente saborosos e imperdíveis.
Evidentemente, o rigor do inverno influencia a culinária local. Tomar sopas e chás, em qualquer uma das refeições, é comum na Rússia. O prato símbolo do país em nada tem a ver com a nossa feijoada: é a sopa Borsch, de cor avermelhada por causa da beterraba, e que também leva batata, carne e legumes. É geralmente servida como entrada e com um toque de smetana, espécie de iogurte local. A aparência pode até não ser das melhores, mas o sabor é excepcional. Ir à Rússia e não comer uma borsch é como ir à Itália e não comer pizza – mesmo durante o verão.
Levando em conta a relação custo-benefício, o melhor restaurante que visitei foi o Kortchma Taras Bulba, uma rede local com mais de 20 unidades na Rússia e uma em Nova York. Logo na entrada, o cliente é recebido por garçons que vestem trajes típicos. No colorido local, há cardápios em várias línguas, incluindo português. Depois da borsch, outro prato típico: a salada Olivier, conhecida no Brasil como “salada russa”, com maionese, ovo, batata, presunto, cenoura, ervilha e picles – o último, a propósito, é um dos acompanhamentos preferidos dos russos após uma dose de vodca.
Neste restaurante, para abrir o apetite, nos foram servidos alguns tipos de bebidas. Primeiro, uma aguardente de oxicoco, uma fruta bem comum na região. Depois um chá chamado oblepikha, repleto de vitamina C, ótimo para curar gripes. Uma terceira dose, chamada khrenovukha, mais picante e feita de raiz forte, completam a experiência. Se a salada e a borsch não forem suficientes para saciar a fome, pratos com peixes e carnes são boas pedidas. A refeição dificilmente passará de 1.000 rublos (60 reais).
Outro prato que merece destaque é o blini, menos elaborado, mas igualmente delicioso: panquecas finas, que podem ser recheadas com queijo, carne, peixes e até doces – a de salmão estava deliciosa. Só descobri depois que havia uma opção mais interessante, de caviar, outro símbolo russo. As ovas de esturjão, no entanto, como em qualquer lugar do mundo, não são baratas em Moscou. Os blinis são encontrados em praticamente todos os restaurantes russos e custam por volta de 250 rublos (menos de 15 reais).
O estrogonofe é outro prato de origem russa facilmente encontrado pelas ruas da cidade, mas é preferível buscar pratos menos comuns no Brasil. Nos últimos dias de viagem, depois de ouvir muitos elogios à comida da Geórgia, país que fazia parte da União Soviética, pude confirmar a fama com seus pratos mais tradicionais. Primeiro, o khatchapuri, uma espécie de pão crocante coberto por queijo, que lembra uma pizza, mas não tem molho de tomate. Depois, os deliciosos khinkalis, uma massa recheada com carne picante. Informação importante: nos restaurantes georgianos, devem-se dispensar os talheres e comer tudo com a mão. No caso do khinkali, a tradição manda fazer um furo na massa com a boca, beber o caldo de dentro e depois comer a massa com recheio e deixar apenas o “cabo”. Um autêntico golaço.