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Dia de ver o rei: com o mundo de olho, Rio recebe LeBron

Ao reencontrar seu ex-time num espetáculo de basquete inédito no país, astro do Cleveland atrai as atenções do mundo para a cidade olímpica neste sábado

Forte, rápido, técnico e criativo, LeBron já foi considerado por diversos especialistas da modalidade como o atleta de basquete mais completo da história

“Ver LeBron James em quadra está na lista de coisas que devemos fazer antes de morrer. É um espetáculo que deve ser presenciado pelo menos uma vez”, defendeu a revista americana Sports Illustrated numa reportagem especial sobre a coroação do astro da NBA como o melhor atleta do ano de 2012. Neste sábado, cerca de 14.000 sortudos que conseguiram entradas para o jogo entre Cleveland Cavaliers e Miami Heat, na HSBC Arena, na Barra da Tijuca, na região do futuro Parque Olímpico, no Rio de Janeiro, poderão não só ver James em ação como também estarão num evento que deverá ter repercussão mundial. Apontado como o maior jogador de basquete desde Michael Jordan, LeBron fará sua segunda partida desde o retorno ao Cleveland depois de quatro temporadas vitoriosas no Heat. E justamente por marcar o reencontro do craque de 29 anos com seus ex-companheiros, o segundo jogo da NBA Global Games no Brasil (no primeiro, ano passado, o Chicago Bulls venceu o Washington Wizards no mesmo ginásio) atraiu interesse jamais visto em um jogo de basquete na América do Sul. Jornalistas e fãs de vários países vieram até o Rio de Janeiro para acompanhar a partida, que também será transmitida ao vivo para os Estados Unidos. Nos treinos prévios à partida, LeBron e seus ex-companheiros de Heat esquentaram ainda mais o clima de rivalidade com declarações fortes. No fim da tarde deste sábado, o público carioca poderá dizer se ver LeBron de perto é mesmo uma experiência para a vida toda.

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LeBron desembarca no Rio para reencontro com o ex-time

Esta não é a primeira vez que LeBron James vem ao Rio de Janeiro. Em julho, ele desembarcou para acompanhar a final da Copa do Mundo entre Alemanha e Argentina, no Maracanã, e se disse encantado com calor dos brasileiros. Desta vez, porém, LeBron não vem apenas a passeio e poderá sentir a vibração da torcida de dentro da quadra. Na sexta-feira, o camisa 23 teve um pequeno aperitivo: atraiu uma verdadeira multidão de jornalistas e cerca de cem fãs que puderam entrar no treino do Cleveland no ginásio do Flamengo. Com enormes fones de ouvido, ele nem percebeu a gritaria que sua entrada em quadra provocou. Naturalmente, o astro deve reassumir seu papel de liderança no elenco dos Cavaliers. Em seus primeiros dias, porém, LeBron tem se mostrado um tanto quanto tímido. Envolvido pela música que tocava, ele ensaiou coreografias ainda sentado, sem ter contato com nenhum de seus companheiros, completamente alheio à comoção que sua presença causava. Foi o último a se levantar do banco para iniciar o aquecimento no último treinamento e passou a maior parte do tempo em silêncio, acertando uma sequência incrível de arremessos das mais variadas distâncias – nesse momento, ele era a única pessoa sem camisa no ginásio.

Instantes depois, ainda com suas enormes tatuagens no peito à mostra, Lebron falou a uma legião de repórteres. Ao saber que há um bairro da cidade chamado Leblon, o craque se divertiu com a coincidência. “Leblon? É uma boa praia? Uma ótima praia? Bom, então, combina comigo”. Ele ainda citou grandes ídolos do futebol brasileiro antes de dizer que o país vive um ótimo momento no basquete, com Thiago Splitter, Leandrinho e sobretudo Anderson Varejão, um de seus melhores amigos no time, a quem chama carinhosamente de “Andy”. Ele não quis se aprofundar no assunto, mas admitiu que não esperava que Chris Bosh e Dwyane Wade, com quem viveu momentos de glória no Heat, falassem dele de maneira tao indiferente. “Sei que algumas palavras têm vindo do lado deles e algumas são surpreendentes, mas temos muita história juntos e isso não diminui nossas conquistas.” Ao longo da semana, Bosh e Wade demonstraram certa irritação ao falar do reencontro com o velho amigo. Esta, no entanto, está longe de ser a primeira vez que o melhor jogador de basquete do mundo enfrenta rejeição.

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Carreira – LeBron James chegou ao topo do esporte mundial em 2012: em uma temporada extraordinária, deixou para trás o estigma de amarelar em momentos decisivos, foi campeão da NBA pela primeira vez com o Miami Heat e ainda faturou seu segundo ouro olímpico, em Londres. Forte, rápido, técnico e criativo, ele já foi considerado por diversos especialistas da modalidade como o atleta de basquete mais completo da história. O técnico do Heat, Erik Spoelstra, admitiu que armou um esquema no qual LeBron não tinha posição definida. Capaz de arremessar de longa distância, armar as jogadas para os companheiros e penetrar na defesa adversária com incrível categoria, o ala – na teoria, essa é sua posição original -, também evoluiu consideravelmente na marcação nos últimos anos. Não seria exagerado dizer que LeBron é uma espécie de Pelé do basquete, pelo menos no que diz respeito a seu repertório técnico. Coincidentemente, ele carrega a mesma alcunha do artilheiro brasileiro: “Rei”.

Sua saída, em 2010, e seu retorno ao Cleveland, anunciado em julho, causaram enorme repercussão nos Estados Unidos, muito graças aos laços afetivos que “King” James mantém com a equipe. Ele nasceu na cidade de Akron, no norte do estado de Ohio, bem próximo a Cleveland, filho de uma mãe adolescente. Abandonado pelo pai, ele se manteve nos trilhos graças à sua paixão precoce pelas cestas e rapidamente transformou-se num fenômeno. Aos 17 anos, LeBron já era uma estrela nacional por suas atuações na equipe do colégio de St. Vincent-St.Mary. Seu talento era tão avassalador que. em 2003, ele foi escolhido em primeiro lugar no draft (o processo de seleção de jogadores jovens da NBA) pelo Cleveland, mesmo sem passar por uma universidade. LeBron tinha a vida que sempre sonhou: era uma estrela milionária da NBA com apenas 18 anos, jogando no quintal de casa e com todos os amigos e familiares por perto. Com LeBron, o Cleveland, uma equipe que nunca venceu a liga, subiu de patamar imediatamente. No entanto, nem mesmo os pontos do astro local e a chegada de outros bons jogadores, como o brasileiro Anderson Varejão, foram suficientes para que a equipe conquistasse o título inédito – chegou à final em 2007, mas foi derrotado pelo San Antonio Spurs. Frustrado e em fim de contrato, LeBron chocou os fãs de seu estado ao trocar os Cavaliers pelo Miami Heat, em 2010.

O anúncio do adeus, realizado em uma histórica e criticada entrevista à ESPN americana, fez com que LeBron fosse visto como traidor em Ohio. Centenas de torcedores se reuniram na Quickens Loans Arena para queimar suas camisas com o número 23. Todas as vezes em que voltou ao local, o jogador recebeu vaias impiedosas da torcida dos Cavs. Mas na distante Miami, LeBron encontrou o que queria: ao lado de Chris Bosh e Dwyane Wade, outras referências do basquete mundial, foi bicampeão da NBA pelo Heat em 2012 e 2013 e ainda disputou a última final, em que foi derrotado novamente pelos Spurs. Bicampeão olímpico, ele se tornou também uma das marcas mais conhecidas do mundo – nesta semana, foi apontado pela revista Forbes como o atleta mais valioso entre todos os esportes, à frente de Tiger Woods, Roger Federer e Cristiano Ronaldo. Com todos os seus objetivos conquistados no Miami Heat, ele anunciou em julho que pretendia acertar as contas com os fãs do Cleveland. “Estou voltando para casa”, anunciou num depoimento publicado pelo site da Sports Illustrated. Mais maduro, Lebron pediu desculpas pelos erros do passado e afirmou que voltaria ao time com o sonho de conquistar mais um título, desta vez com seu clube do coração. Com LeBron e outros jogadores de primeiro escalão, como Kyrie Irving e Kevin Love, ambos da seleção americana, os Cavaliers iniciam a temporada com chances reais de título. O novo capítulo da história do filho mais ilustre de Ohio começa a ser escrito neste sábado, no Rio de Janeiro – que poderá voltar a recebê-lo em 2016, na Olimpíada -, às 18 horas (de Brasília).

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