Destino russo nas férias: as dachas, no campo
Quase todas as famílias têm uma casa no campo, própria ou alugada, para usar no verão e no inverno. Mas os jovens começam e pensar em outros destinos
MOSCOU – Com as temperaturas acima dos 26 graus diariamente, a capital russa começa a ter imensos congestionamentos em direção ao campo, mesmo em tempos de Copa do Mundo e definição das seleções que caminham para a final. O verão tem como destino as dachas, casas de campo, geralmente em locais com natureza em abundância, que hoje podem ter imensas áreas e facilidades como aquecedor, churrasqueiras, banheiros com sistema de esgoto e até ar-condicionado. Mas nem sempre foi assim.
A partir do século XVII, os governantes começaram a dar pequenos lotes de terras longe das cidades em troca de serviços. Eram lotes em média de 600 metros quadrados, suficientes para uma pequena casa, geralmente de madeira, com o mínimo de estrutura, e um jardim que abrigava flores, verduras, legumes e até algumas mudas de frutas.
A dacha se tornou a opção de lazer, pois oferecia havia silêncio, o contato com a natureza, exigia cuidado com as plantas, enfim, momentos totalmente contrastantes com o dia a dia da cidade grande. A partir do século XX, com o costume arraigado, as dachas se tornaram quase obrigatórias nas famílias, mas agora também no sistema de aluguel, e passou a ser usada inclusive no inverno.
Rios e lagos servem tanto para nadar, no verão, como para práticas de esportes no inverno. E agora podem ter facilidades como rede elétrica completa e internet. Perdeu-se um pouco do encanto da vida quase campestre de antigamente, mas as famílias continuam a cultivar flores, a fazer seus churrascos simplórios e principalmente se derretem de prazer ao colocar no prato verduras, legumes e frutas colhida ali mesmo, no jardim. Os mais abastados também chamam de dachas suas imensas propriedades que podem ter até pista de esqui, imensas piscinas, bibliotecas, pista de dança, salas de cinema, ou seja, chácaras e fazendas no formato comum no mundo todo.
É um costume que alguns jovens começam a deixar de lado assim que chegam à maioridade. Segundo o diplomata em início de carreira Iaroslav Emeerev, seguir com a família para as dachas nos fins de semana ou nas férias eventualemnte é bem reconfortante. Mas já existe uma frase entre os jovens que aos poucos vai ganhando maior dimensão e virando quase um mantra. “Dizem que não querem passar o resto da vida colhendo batatas…”
Emeerev diz ainda que entre os mais velhos há uma lista de benefícios que justificam a manutenção do costume e de suas dachas.
- o silêncio
- contato com a natureza
- comer a comida produzida no jardim
- ausência do stress
- estreitamento das relações familiares
- bons momentos com amigos
- mudança de rotina
- atividade física