Depois de ironizar Felipão e o 7 a 1, Mano sofre em Minas
Técnico do Corinthians lamentou a ‘derrota dura’ por 4 a 1 para o Atlético-MG, seguida de provocação dos jogadores no campo. Cartola diz que ele continua
“O momento é de silêncio. É a melhor coisa nesta hora, para que possamos respeitar a dor que o torcedor está sentindo”, disse o técnico corintiano
Mano Menezes dançou no gramado do Itaquerão quando o Corinthians fez 2 a 0 sobre o Atlético-MG, no início do mês, e começou sua entrevista coletiva depois da partida dizendo estar “de bom humor para caramba”. Na mesma entrevista, ao negar ter um estilo defensivo demais, ironizou a estratégia de seu desafeto Luiz Felipe Scolari na goleada de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. “Sabe como terminou, né?”, alfinetou, sorrindo. Duas semanas depois, na noite de quarta-feira, o técnico corintiano foi ao Mineirão, mesmo palco do histórico vexame de Felipão com a seleção. No confronto de volta contra o Atlético-MG, pelas quartas de final da Copa do Brasil, seu time saiu na frente e ficou em situação extremamente confortável – a eliminação só seria possível com uma goleada. Ainda assim, a equipe de Mano sofreu quatro gols, deixou escapar a vantagem e foi eliminada, num episódio que pode comprometer a permanência do treinador no clube. Os atleticanos festejaram no centro do gramado imitando a dança de Mano no jogo de ida.
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“A derrota é dura, não tenha dúvida, principalmente porque abrimos 3 a 0 no placar agregado. Ganhamos por 2 a 0 lá, mas a gente sabia que o Atlético seria forte aqui. Quando ficou 3 a 0, tudo se arrumou e se alinhou para a conquista da vaga”, disse o técnico sobre o gol de Guerrero, logo no início da partida em Belo Horizonte. O Atlético-MG não se abateu e mostrou enorme superioridade a partir dali. A equipe de Levir Culpi marcou duas vezes no primeiro tempo, completou a histórica goleada por 4 a 1 no segundo e complicou a situação de Mano Menezes. Com a eliminação, o Corinthians vai terminar 2014 sem nenhum título. O bom humor do jogo de ida deu lugar ao abatimento na entrevista coletiva do técnico. “O momento é de silêncio. É a melhor coisa nesta hora, para que possamos respeitar a dor que o torcedor está sentindo”, afirmou ele antes de deixar o Mineirão.
Mesmo decepcionado, o presidente do Corinthians negou que o resultado provocará uma mudança imediata na comissão técnica. Mario Gobbi elogiou o trabalho de reformulação do elenco conduzido por Mano e assegurou a sua permanência até o final do ano. “Não é porque não teve resultado que vou mandar o treinador embora. Não teve resultado em títulos, mas foi feito um novo plantel, um trabalho novo. Isso não se faz do dia para a noite”, avaliou. O dirigente repetiu que não esperava troféus numa temporada dedicada à reconstrução do grupo, já bastante diferente daquele que conquistou o Mundial em 2012. “Eu queria estar na final da Copa do Brasil, mas isso não quer dizer que o treinador não seja bom, que o trabalho esteja errado. Não será nas minhas mãos que o Corinthians voltará a trocar de técnico a cada três meses. Isso é fora de propósito. É hora de ter a cabeça no lugar.”
Apesar do discurso do cartola, Mano dificilmente iniciará 2015 no clube. Com eleições presidenciais em fevereiro, Gobbi quer obter um consenso entre os candidatos sobre quem será o técnico na virada do ano. As chances do gaúcho praticamente acabaram na quarta. Ainda assim, o treinador estabelece como grande objetivo para o resto da temporada a conquista de uma vaga na Libertadores. “Temos que fazer tudo para conquistá-la. Estamos próximos dos times que vão conquistar uma das vagas.” Remanescentes da conquista do Mundial há dois anos, o goleiro Cássio e o atacante Guerrero, que continuam sendo peças fundamentais para que a equipe volte a disputar a competição, tiveram reações distintas na saída do campo. Cássio saiu criticando os companheiros. Depois, voltou atrás e reconheceu que “estava com a cabeça quente”. Já o peruano deixou o gramado chorando.
(Com agência Gazeta Press e Estadão Conteúdo)