No depoimento, jovem de 23 anos diz que foi agredida e que os policiais não acreditariam em sua versão por ter entrado voluntariamente no banheiro
A emissora espanhola Telecinco divulgou nesta quinta-feira, 11, áudios exclusivos da investigação envolvendo o lateral-direito Daniel Alves, detido desde 20 de janeiro, sem direito a fiança, acusado de ter violentado uma jovem de 23 anos em uma boate em Barcelona, em 30 de dezembro do último ano.
Segundo a reportagem, o áudio com a suposta vítima foi registrado por um dos agentes da Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha, que acidentalmente teria acionado uma câmera e gravado todo o depoimento.
Ela diz que os policiais não acreditariam em sua versão, de ter sido supostamente violentada, porque as gravações das câmeras da boate mostrariam ela entrando voluntariamente no banheiro.
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“Entrei voluntariamente no banheiro e, depois de alguns beijos, disse a ele que queria sair. Ele falou que não e fechou o trinco. Ele começou a me dizer coisas desagradáveis, como ‘você é minha p…’ e começou a me bater. Ele jogou minha bolsa no chão e me bateu”, disse aos agentes.
Uma amiga dela relata que “houve penetração”. A partir disso, a polícia aciona uma ambulância e a jovem volta a dizer que não acreditariam em sua versão. Logo após, a imagem é cortada.
“Ninguém vai acreditar em mim porque vão ver nas câmeras que entrei voluntariamente no banheiro”, afirma. De acordo com os jornais La Vanguardia e El Publico, a gravação é um documento essencial para a investigação do caso.
Daniel Alves segue preso e mudou versão em acusação de agressão sexual
Alves teve, recentemente, mais um pedido de liberdade recusado pelo Ministério Público local. No último dia 29 de abril, durante o programa de TV Ana Rosa, da mesma emissora espanhola Telecinco, a ex-mulher do jogador, Joana Sanz, negou a informação sobre um acordo entre o casal para que a modelo colaborasse no processo. Em suas próprias redes sociais, ela ainda afirmou que o brasileiro tem dificultado o processo de divórcio.
“É mentira. Não há acordo. Sim, estamos em processo de divórcio, que ele está recusando e isso complica tudo. E não, não estou recebendo dinheiro. Não entendo a necessidade de inventar notícias”, escreveu a modelo.
Segundo a jornalista Mayka Navarro, o divórcio formal ainda não foi confirmado, apesar da modelo ter anunciado a separação nas redes sociais. O adiamento da assinatura seria justificado por um pagamento de Alves, tendo em vista que a defesa do jogador utiliza o casamento com uma espanhola para provar à justiça que não há pretensão de fuga.
Para o promotoria, ele ainda é considerado uma pessoa com “alto risco de fuga”. Por esse principal motivo, o Ministério Público da Espanha negou todos os pedidos de liberdade até o momento.
Relembre o caso
No dia 21 de março, o Tribunal de Barcelona rejeitou o pedido feito pela defesa do jogador brasileiro para que o atleta respondesse ao processo em liberdade. Na decisão, os três juízes responsáveis, Eduardo Navarro, Myriam Linage e Carmen Guil, alegaram que há risco de fuga de Daniel Alves para o Brasil, além de diversos indícios do crime cometido pelo jogador de 39 anos.
Daniel deu ao menos três versões para o ocorrido na boate Sutton, em 31 de dezembro. A princípio, ele havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher, em entrevista a uma emissora espanhola, dia 5 de janeiro.
Depois, no primeiro depoimento à juíza, o jogador da seleção brasileira disse que estava no banheiro quando a mulher entrou, mas que não teve contato algum com ela. Por fim, o jogador, que era casado com a modelo espanhola Joana Sanz, admitiu a relação sexual.
As investigações podem levar a uma punição severa ao brasileiro. Desde 7 de outubro do ano passado, vigora na Espanha a Lei de Garantia da Liberdade Sexual, conhecida popularmente como lei do “só sim é sim”, e diz respeito ao que configura sexo consensual (atual versão defendida por Daniel Alves).
De acordo com o jornal Mundo Deportivo, o ex-jogador de Juventus, Barcelona, PSG e São Paulo, entre outros clubes, pode pegar de um a quatro anos de prisão caso seja condenado por agressão sexual; no entanto, em casos de estupro com violência, como acusa a mulher, a pena pode chegar a 12 anos de detenção.
A denúncia se assemelha ao caso do ex-atacante Robinho, que no no passado foi condenado de forma definitiva pela Justiça italiana a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa, ocorrido em 22 de janeiro de 2013, em uma casa noturna de Milão. O ex-jogador segue vivendo em liberdade em Santos (SP), pois o Brasil não extradita seus cidadãos.