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Da desconfiança à glória: Gómez ou Alison, quem será o Capitão América?

Símbolos de liderança e empenho, defensores de Palmeiras e Santos deixam contestações para trás e estão a um passo de se eternizarem no Maracanã

Santos e Palmeiras fazem neste sábado, 30, a partir das 17h (de Brasília), no Maracanã, a decisão da Copa Libertadores com símbolos e identidades bem definidas até aqui. Seria impossível pensar na ascensão do desacreditado time do Santos sem a liderança do capitão Alison. O mesmo vale para o zagueiro paraguaio Gustavo Gómez, um dos destaques do clube alviverde na campanha. Em comum entre eles, está a superação de um período de desconfiança, além do sonho de levantar a taça e entrar para a história como o novo “Capitão América” de seus clubes.

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Alison, 27 anos, passou a maior parte da vida no Santos. Chegou ao clube ainda com 11, sem jamais ter o apelo midiático de outras joias reveladas na Vila Belmiro. Desde então, passou por todas as categorias da base, venceu três sérias cirurgias de joelho – em 2011, 2012 e 2015 – e virou um especialista na rotina de se reerguer.

“Nós tiramos o Alison durante o jogo. Melhorou depois que ele saiu? Quantas chances tivemos a mais? Não se trata de culpar um jogador”, respondeu Cuca sobre a saída do camisa 5 após o empate sem gols contra o Olimpia, em 15 de setembro de 2020, em jogo válido pela fase de grupos da competição.

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Questionado pelo pouco brilho técnico, o volante se sobressaiu durante a campanha pela entrega, principal marca da carreira, além da liderança. Se tornou um marco para santistas o discurso inflamado no vestiário de La Bombonera, minutos antes de subir a campo para enfrentar o Boca Juniors, em 6 de julho, quando disse que a equipe “não pipoca para ninguém” e “4% era muito” para o atual grupo de jogadores, em resposta a probabilidade levantada por uma emissora argentina de chances de títulos dias antes.

O discurso não é novo. Anos antes, em 2013, Alison pediu ao técnico do sub-20 Claudinei Oliveira para disputar a Copa São Paulo. O time chegou na final, tinha a chance de voltar a ser campeão após quase 20 anos. Minutos antes da decisão contra o Goiás, vencida por 3 a 1, começou uma preleção de forma contida, mas logo subiu o tom.

“Chegou o grande dia, o dia que eu, você, você… todo mundo sonhou. A gente está vivendo isso aqui, é realidade, passou a ser objetivo, está na nossa mão e só depende da gente. E a gente não pode deixar escapar. Essa pode ser a última oportunidade que podemos estar abraçados com este grupo, então vamos fazer valer a pena. Se precisar, temos que deixar as duas pernas dentro do campo, c…. Os dois braços, o pescoço. Se precisar, temos que deixar a nossa vida dentro do campo, c…, mas a gente não perde”, disse.

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“Lembro que em 2013, já profissional do Santos, o clube contratou um volante chamado Misael, que veio do Grêmio. O contrato do Alison estava acabando, não iam renovar. Precisei intervir, disse que o Santos não poderia abrir mão dele, expliquei todo o histórico na base e renovaram por um ano. Ele jogou contra o Corinthians, fez um baita jogo, e o acordo foi prorrogado por algumas temporadas. Ele tem todo o meu respeito e admiração, sabe disso”, disse a PLACAR o técnico Claudinei Oliveira, com quem trabalhou no sub-20 do clube, atualmente no Avaí.

Curiosamente, o primeiro gol da carreira – um dos poucos com a camisa do Santos, tem apenas 4 em 240 jogos – aconteceu justamente contra o rival, em 17 de julho, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ao chegar no vestiário, festejado pelos companheiros, se assustou com a fala do então técnico Oswaldo de Oliveira. “Vou te multar”, disse Oswaldo, completando na sequência: “vou te multar, pô, você fez mais do que eu mandei, não mandei você fazer gol”.

Na Libertadores, Alison virou peça fundamental para o equilíbrio defensivo encontrado por Cuca, jogando infiltrado a dupla defensiva Luan Peres e Lucas Veríssimo. Entre os jogadores do Santos, foi quem mais fez desarmes em toda a competição: 20 vezes ao todo, mesmo número do lateral Felipe Jonathan de acordo com números do Sofascore.

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Curiosamente, a participação na final de Alison e de Gustavo Gómez esteve comprometida. O primeiro ainda aguardava aval da Conmebol após cumprir quarentena de dez dias por acusar positivo para Covid-19, em 15 de janeiro. O paraguaio se recuperava de lesão na virilha, sofrida na derrota por 2 a 0 para o River Plate, no último dia 12.

Gómez também precisou superar outras desconfianças na caminhada no Palmeiras. Chegou ao clube como nome pouco conhecido, questionado pelo investimento de 1,5 milhões de dólares (6,5 milhões à época) pelo empréstimo de um ano junto ao Milan (ITA). O Palmeiras, na ocasião, já contava com seis opções para o setor: Antônio Carlos, Edu Dracena, Thiago Martins, Luan, Pedrão e Nico Freire.

A contratação, em 2018, só aconteceu após ser avalizada por um ídolo, o ex-lateral Francisco Arce, consultado pela diretoria na época. Ganhou a titularidade com poucos dias de clube. “A contratação do Gustavo foi encomendada pelo Arce, que tem história dentro desse clube e comigo. É um bom jogador”, relatou Felipão na época.

A ascensão rápida no Palmeiras não surpreendeu. O jogador carrega a marca da precocidade durante toda a carreira. Aos 14 anos, já defendia a seleção paraguaia sub-17. Um ano depois, estava com a sub-20. Em 2010, com 17, fez parte de um grupo de 12 atletas juvenis levados a Copa da África do Sul pelo técnico Tata Martino.

O período mudou completamente o rumo de sua carreira. Observado, despertou o interesse do Libertad, um dos clubes de maior expressão do Paraguai, e recebeu de Martino um conselho decisivo, a mudança de posição de volante para zagueiro. “Tata me falou que uma mudança para a zaga poderia ser positiva para o meu futuro porque eu tinha facilidade para saltar e um bom tempo de bola nos cruzamentos”, relembra, em entrevista a Revista do Palmeiras.

Do Libertad (PAR), passou pelo Lanús (ARG), antes de ser negociado em definitivo com o Milan, em transação de 8,5 milhões de euros em 2017. Passou a maior parte do tempo na reserva, na Itália, antes de decidir voltar para, enfim, se consolidar.

A Libertadores foi o marco que faltava para Gómez. Sob o comando de Felipão, conquistou o Brasileiro de 2018 com a melhor defesa da competição – 26 gols sofridos em 38 jogos –, mas ainda sem o protagonismo de hoje. Passou por novas contestações em 2020 ao cometer um pênalti em Jô, nos acréscimos da última final do Campeonato Paulista. Para sua sorte, o Palmeiras venceu o Corinthians nos pênaltis. Nova decepção, em casa, diante do rival, poderia ter mudado seu destino.

Agora, Gómez lidera a campanha palmeirense com dois gols marcados e apenas seis sofridos, a melhor defesa até aqui. Além disso, está ao lado de Weverton entre os que mais jogaram, 12 vezes.

“Torce sua camisa suada num copo e mistura na jarra de suco de alguns aí, talvez raça seja transmissível”, disse o ex-goleiro e ídolo palmeirense Marcos, após partida pouco inspirada do Palmeiras, em setembro, diante do Internacional.

Alison e Gómez se encontram no Maracanã para consolidarem de vez seus legados pelos clubes. Seja quem saia vencedor, eles já conquistaram respeito, agora buscam glória eterna como capitães.

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