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Da arte de sair do buraco

O golfista Tiger Woods conquista o Masters pela quinta vez, encerrando um jejum de onze anos

Onze anos. Foi esse o tempo sem títulos de primeira grandeza no circuito profissional do americano Tiger Woods, de 43 anos, o golfista que reinventou o jogo. Ele foi o grande responsável por tirar o verniz elitista do esporte e torná-lo palatável às camadas mais simples, ao menos nos Estados Unidos, embora sua fama tenha se espalhado pelo mundo. A seca de Woods acabou no domingo 14, quando ele ganhou pela quinta vez o Masters, disputado no Estado da Geórgia, berço do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos — em 1997, aos 21 anos, ele foi o primeiro negro a vencer a prestigiadíssima competição. Foi seu 15º troféu de uma competição maior, o topo do topo, o que o deixa a apenas três títulos do maior recordista, o também americano Jack Nicklaus. A última conquista de Woods fora o Aberto dos EUA de 2008 — dali em diante, ele entrou numa espiral de decadência na vida pessoal e profissional. Seu casamento afundou depois da revelação de incontáveis casos extraconjugais, e seus patrocínios milionários evaporaram. As lesões do esporte empurraram Woods abaixo da linha dos 1 000 melhores do mundo. Ele fez quatro cirurgias nas costas para lidar com dores incapacitantes e, viciado em analgésicos, chegou a ser preso por dirigir sob o efeito de pesados medicamentos. Agora, deu-se o renascimento. À beira do campo na Geórgia, torcendo por Woods, estava o ex-nadador Michael Phelps, o maior atleta olímpico da história, com 23 medalhas de ouro, que também emergiu do buraco de abusos e depressão que por pouco não mancharam indelevelmente sua trajetória de sucesso nas piscinas. Desde 2017, Phelps atua como conselheiro informal do golfista. A redenção esportiva de Woods não o exime dos erros do passado, mas premia a resiliência de um gênio do esporte.

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Publicado em VEJA de 24 de abril de 2019, edição nº 2631

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