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Crônica: da ameaça de um novo ‘Maracanazo’ ao êxtase com Gabigol

Repórter de VEJA acompanhou o drama e a festa da torcida rubro-negra no templo sagrado do futebol carioca, o Maracanã, e traz um relato vibrante

A campanha pelo título em casa mereceu menções dos entusiastas do futebol e reacendeu o interesse dos torcedores desgarrados. No último confronto, que definiria o campeão do torneio, uma reviravolta silenciou quem acompanhava a final no Maracanã. O placar: 2 a 1; a partida: Uruguai e Brasil na final da Copa do Mundo de 1950.

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Apesar das semelhanças, e para a alegria dos rubro-negros, o duelo entre Flamengo e River Plate, que até os 43 minutos do segundo tempo foi dominado pelo time argentino, ganhou aquilo que os hermanos tanto mostraram ao longo de décadas: quando não resolve na técnica, vai na disposição. E esse ingrediente extra se fez valer na arrancada de Bruno Henrique e no oportunismo de um artilheiro, que escreveu definitivamente o nome na história do futebol brasileiro com números alcançados, recordes quebrados e uma vaga garantida na galeria de ídolos.

Gabigol, artilheiro da Libertadores e do Brasileirão, o camisa 9 passou quase 88 minutos sem ser notado, aparecendo no momento e lugar certos para que a taça de campeão da América, até então a caminho de Buenos Aires, mudasse o rumo e fizesse mais de 50 mil rubro-negros, apreensivos, explodirem numa mistura de sentimentos capaz, inclusive, de lavar a alma daqueles que tanto choraram após o gol de Ghiggia.

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Bruna Prado/Getty Images

Enquanto a final da Copa Libertadores da América ocupava o Estádio Monumental, em Lima, no Peru, o Maracanã recebia os torcedores do time da Gávea, tornando-se o espaço com a maior concentração de flamenguistas por metro quadrado no Rio de Janeiro. Para fazer jus à festa, os rubro-negros chegaram cedo e acompanharam os shows de outros flamenguistas como eles. Ludmilla, DJ Malboro, Ivo Meirelles e Nego do Borel mesclaram suas canções de sucesso com hinos da torcida, levando todos a loucura.

O clima não podia ser outro que não o de celebração. Com a expectativa nas alturas, era possível ouvir o grito nada tímido de “É campeão” e uma música que faz referência ao título de 1981, quando o Flamengo foi campeão da Libertadores pela primeira vez. O sorriso estampado no rosto de 100% dos torcedores não deixava dúvidas: a fé na vitória era certa.

Mas o caminho até ela foi árduo. Aos 14 minutos do primeiro tempo, o argentino Borré abriu o placar para a equipe do River Plate. No Maracanã, as crianças choravam e os pais olhavam abismados para os oito telões espalhados no gramado diante da passividade da equipe liderada pelo português Jorge Jesus.

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O silêncio era o principal elemento do estádio lotado. No início do segundo tempo, os torcedores, sem ter no time uma inspiração para cantar e aplaudir, encontrou forças para pedir que o time virasse o jogo. Lanternas de celulares foram acesas, os versos “vamos virar, Mengo” ecoaram e os rostos voltaram a encher-se de esperança. Não bastou. Foram quase 74 minutos até que Gabigol conseguisse alterar o placar.

Dois minutos depois, os mais distraídos achavam estar diante de uma cena que repetia o feito do atacante. Na verdade, era a segunda vez que Gabigol balançava as redes do time adversário. Placar: 2 a 1. A festa tomou conta da arquibancada e já não era possível ouvir nada além das comemorações pelo bicampeonato — ainda que faltassem alguns minutos para o encerramento oficial da partida.

O torcedor rubro-negro agora comemora o título e espera não precisar passar pelo mesmo sufoco na final do Mundial de Clubes, em dezembro, provavelmente contra o Liverpool.

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