‘Foi o ano mais difícil para mim’, diz Cristiano sobre acusação de estupro
Craque da Juventus desabafa sobre o caso após ser inocentado por falta de provas e critica a inflação do mercado de futebol europeu
Cristiano Ronaldo desabafou sobre acusação de estupro que enfrentou, em entrevista à TV portuguesa TVI, na última terça-feira, 21. O atacante da Juventus revelou que o processo judicial contra ele tornou 2018 o “ano mais difícil” de sua vida e tocou em diversos outros temas sobre sua vida e carreira.
“Pessoalmente, 2018 foi o ano mais difícil da minha vida. Quando colocam sua honra em causa, dói muito, porque tenho uma família grande, uma senhora e um filho que já percebe tudo. É um caso que não me sinto confortável em falar. Mais uma vez, porém, foi provado que sou inocente, como minha família e amigos já sabiam”, desabafou.
O português de 34 anos, mais à vontade ao falar sobre futebol, criticou a inflação do mercado europeu. “Os preços são irreais hoje em dia. Qualquer jogador que não provou nada vale 100 milhões de euros. Quando vejo goleiros vendidos por 75 milhões de euros (334 milhões de reais), um jogador como eu, que garanta gols, tem que ter valer quatro vezes mais. Fácil”, declarou.
Cinco vezes eleito o melhor jogador do mundo, Cristiano revelou que, quando jovem, pensava apenas em se tornar profissional. “Meu sonho era ser um jogador profissional, sempre achei que tinha essa capacidade porque era talentoso, mas nunca pensei em ganhar uma Bola de Ouro. Comecei a imaginar isso quando fui para o Manchester United e vi que era tão bom quanto os jogadores que estavam ali. Obviamente, eu era miúdo e tinha muito a aprender com eles – como o fiz -, mas percebi que se eu pudesse trabalhar o talento que tinha, poderia me tornar o melhor jogador do Campeonato Inglês”.
A obsessão pelo trabalho, cultivada no United, rapidamente transformou Ronaldo no destaque da equipe, que viria a conquista a Liga dos Campeões em 2008, quando ele tinha apenas 23 anos. A motivação pelas vitórias e ódio pelas derrotas, porém, foram trabalhados conforme o craque ficou mais velho.
“Sou uma pessoa com obsessão pelo sucesso, no bom sentido. Eu trabalho sempre com o intuito de ganhar coisas coletivas para chegar às individuais e essa é a minha maneira de ver o futebol, minha motivação para acordar de manhã cedo todos os dias. Quando era mais jovem, depois de uma derrota, eu nem ia jantar, me enfiava no quarto e só saía no dia seguinte. Mas a experiência traz o aprendizado. Percebi com o tempo que o mais importante da vida não é o futebol. Você precisa estar preparado, mas não vai ganhar sempre e a vida vai continuar. Hoje, quando chego em casa, me desligo de tudo e foco nas pessoas que eu gosto.”
Aos 34 anos, o craque português ainda não pensa em deixar o futebol, mas não enxerga o esporte como antes. “Eu poderia parar se quisesse, porque não me falta nada, tenho uma família incrível, negócios espetaculares e estou bem financeiramente, mas o que me move, aos 34 anos, é minha paixão pelo futebol e por ganhar troféus. Ainda não passou pela minha cabeça deixar o futebol, mas meu subconsciente já pensa de forma diferente, no sentido de que já gastei 10% ou 15%, mas ainda tenho muita carga para dar ao futebol. Claro, também existem outras prioridades na vida, há uma família grande, há crianças envolvidas, uma mulher envolvida. Posso me aposentar no ano que vem, mas também posso jogar até os 41 anos. Só Deus sabe. É preciso desfrutar o momento, que é ótimo.”