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Corrupção no futebol é generalizada, diz juiz no QG da Fifa

Hans-Joachim Eckert, que investiga os escândalos no futebol, falou sobre ética nesta sexta – um dia depois de críticas à CBF por distribuição de relógios caros

“Os presentes estão cada vez maiores. Precisamos respeitar os parâmetros morais e éticos”, disse o responsável por investigar casos de corrupção na Fifa

A corrupção no futebol não é um problema isolado, mas envolve “todo o sistema”. O alerta é de Hans-Joachim Eckert, juiz alemão que analisa os casos de corrupção da Fifa. Ele afirma que os interesses econômicos superam qualquer valor ético no esporte. Para ele, as regras precisam ser repensadas para resguardar o aspecto “moral” do futebol. O recado foi dado em um evento realizado na manhã desta sexta-feira, na sede da Fifa, em Zurique, sobre ética no esporte. Antes de subir ao pódio, Eckert já foi avisando: “As pessoas não vão gostar do que vou dizer”. É ele quem tomará uma decisão sobre a suspeita de corrupção na compra de votos para escolher as sedes das Copas do Mundo de 2018 e de 2022.

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De acordo com o magistrado alemão, a corrupção no esporte “não é obra de um ator isolado, mas de um sistema como um todo”. “A corrupção precisa ser combatida, mesmo em pequena escala”, insistiu. “Os presentes estão cada vez maiores. Precisamos respeitar os parâmetros morais e éticos”, declarou. Na quinta-feira, a Fifa revelou que a CBF distribuiu relógios caros a cartolas de outros países durante a Copa do Mundo. No total, eles valiam mais de 4 milhões de reais. Para o juiz, o centro do problema atual no futebol é o fato de que o dinheiro conta mais que qualquer outro aspecto. “A ética está subordinada ao mercado. Quando alguém vence algo, ele vê seu valor no mercado aumentar”, explicou.

Eckert também criticou o fato de a Fifa publicar rankings de jogadores durante o Mundial, ao final de cada partida. Essa lista era elaborada pela Castrol, uma de suas patrocinadoras. “Isso tinha um impacto direto nos valores dos jogadores no mercado”, disse o alemão, que também lamentou o fato de muitos clubes terem se transformado em “empresas que precisam de lucros”. Diante dessa realidade, o alemão questionou: “Ainda é possível reconciliar ética e esporte?” Joseph Blatter, presidente da Fifa, admitiu que o futebol se transformou em “um grande negócio”. “É fácil controlar o futebol em campo. Existem leis e um juiz. Mas, fora, não temos juízes, não temos tempo e nem fronteiras”, discursou.

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(Com Estadão Conteúdo)

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