Próximo passo do FBI será analisar os contratos referentes à organização do Mundial do Brasil; relação entre Ricardo Teixeira e Jêróme Valcke também será apurada
Os contratos referentes à Copa do Mundo de 2014 firmados pela Fifa e seus parceiros comerciais serão examinados pela Justiça dos Estados Unidos. O foco da investigação será a relação entre Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa (COL). Os dois dirigentes estão na lista do FBI de suspeitos de crimes financeiros e envolvimento em fraude relacionados com o futebol.
Os investigadores querem saber se houve algum tipo de troca de favores ou irregularidades nos contratos que Valcke e Teixeira assinaram durante os cinco anos em que trabalharam juntos na organização do Mundial no Brasil. O fato de Teixeira ter se mudado para os Estados Unidos – onde uma série de empresas patrocinadoras do Mundial mantém suas sedes -, em 2012, também aumentou o interesse do FBI. Oficialmente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos se recusa a comentar o caso, mas fontes próximas ao processo confirmaram ao jornal O Estado de S.Paulo nesta quinta-feira que a relação entre Teixeira e Valcke será examinada.
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No total, a Copa do Mundo no Brasil envolveu mais de 1000 contratos diferentes. No início do ano, a empresa alemã Bilfinger admitiu que encontrou suspeitas de que seus diretores pagaram 1 milhão de dólares em propinas para um dos contratos com o centro de controle e segurança da Copa. O porta-voz da empresa explicou que todas as evidências já foram repassadas ao Ministério Público no Brasil.
O nome de Ricardo Teixeira também aparece nos documentos que a Fifa entregou para o Ministério Público da Suíça em novembro, relativos à suspeitas de compra de votos para as Copas de 2018 e 2022. O brasileiro não cooperou com a investigação interna da Fifa, mas ainda assim o autor do informe interno, Michael Garcia, fez um levantamento que aponta indícios de irregularidades envolvendo o Brasil.
Valcke – O dirigente francês Jérôme Valcke, que também é investigado por outro pagamento suspeito relativo à Copa do Mundo de 2010 e avaliado em 10 milhões de dólares, havia sido afastado da Fifa e voltou para a entidade em 2007, justamente quando o Brasil iniciou sua preparação para 2014. Nesta quarta-feira, ele garantiu à imprensa francesa que é inocente e ficará no cargo pelo menos até o final do mandato de Blatter. Meses antes de assumir seu cargo, Valcke prestou consultoria para a CBF, preparando os documentos de candidatura do Brasil. Neste período, ele também manteve seu salário na Fifa. Seu filho, Sébastien Valcke, chegou a trabalhar na Copa de 2014 e, hoje, é consultor de marketing da CBF.
O secretário-geral da Fifa criou uma relação de amizade com Ricardo Teixeira e os dois passaram a agir juntos em diversos pontos da preparação. No total, a Fifa destinou 453 milhões de dólares para o COL da Copa, presidido por Teixeira. Oficialmente, o balanço financeiro da Fifa aponta que 102 milhões de dólares foram usados para salários, mais 64 milhões de dólares para transporte, 48 milhões no aluguel de escritórios e burocracia, 17 milhões para serviços médicos e 45 milhões para segurança. Outros 50 milhões de dólares foram usados para marketing e comunicação. No total, a Fifa gastou 2,2 bilhões de dólares na Copa, mas, desse total, mais de 500 milhões de dólares foram destinado às 32 seleções participantes.
(Com Estadão Conteúdo)
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