Rivalidade centenária entre Botafogo-SP e Comercial ganha seu 174º capítulo nesta quarta; confira estatísticas, curiosidades e reportagens sobre o clássico paulista na PLACAR
O Come-Fogo está de volta e promete agitar a cidade de Ribeirão Preto nesta quarta-feira, 2, a partir das 19h, pela terceira rodada da Copa Paulista 2025. Comercial e Botafogo-SP se enfrentam no estádio Palma Travassos em um confronto que vai além dos três pontos e carrega mais de um século de rivalidade: orgulho regional e grandes histórias, como a participação histórica de Samuel Eto’o em 2015 e o golaço de bicicleta de Matheus Carvalho em 2022.
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A 174ª edição do clássico chega em um momento decisivo da fase de grupos da competição. O Botafogo-SP, embalado pela vitória no último encontro entre os rivais, busca uma reação no grupo. Já o Comercial, empurrado pela torcida alvinegra, tenta garantir sua classificação. O campeão da Copa Paulista garante vaga na Série D ou na Copa do Brasil de 2026.
Onde assistir: Comercial x Botafogo-SP terá transmissão ao vivo do canal da FPF no YouTube, às 19h.
Na última edição do confronto, em 2024, o Botafogo levou a melhor com uma vitória por 4 a 1, em casa, na Arena Nicnet. O nome do jogo foi Pedro Severino, autor de dois gols do Pantera. Em março de 2025, o jogador sofreu um grave acidente na Rodovia Anhanguera. Após 98 dias na UTI e quatro procedimentos cirúrgicos, Pedro se recuperou e já recebeu alta do hospital.
QUE GOLAAAAÇOOOO! 🔥
O Pedro Severino deixou o goleiro na saudade e marcou esse lindo gol na goleada do Botafogo pra cima do Comercial!#CopaPaulistaSicredi pic.twitter.com/vaqs0Fr7ll— Paulistão (@Paulistao) July 10, 2024
Com o último triunfo, o Botafogo ampliou sua vantagem no retrospecto. Na história, são 173 confrontos oficiais entre as equipes: 64 vitórias do Pantera contra 69 do Bafo, além de 40 empates.
O apelido do clássico foi cunhado em 9 de novembro de 1954 pelo cronista esportivo Lúcio Mendes no jornal Diário da Manhã. O primeiro Come-Fogo foi disputado em 1920, com goleada por 8 a 0 do Comercial em um amistoso no Estádio da Rua Tibiriçá.
O Come-Fogo já foi palco de momentos que extrapolaram o cenário local. Um dos mais lembrados aconteceu em dezembro de 2015, quando o lendário camaronês Samuel Eto’o participou de um amistoso beneficente entre os dois times, reforçados por ídolos do passado.
O atacante, que é ídolo do Barcelona e da Inter de Milão, jogou um tempo por cada lado e marcou três gols, dois pelo tricolor e um pelo alvinegro. O confronto terminou empatado em 3 a 3. A ação projetou o clássico para o cenário internacional.
Outro momento marcante veio em 2022, quando Matheus Carvalho marcou um gol de bicicleta no estádio Santa Cruz, na vitória por 1 a 0 do Botafogo. O lance foi tão emblemático que chegou às redes da FIFA, que destacou o golaço como um dos mais bonitos do ano.
QUE PINTURA!
Matheus Carvalho marca um golaço de bicicleta e abre o placar para o Botafogo sobre o Comercial
🎥 Paulistão Play/Eleven Sports pic.twitter.com/OrTWsvg9oQ
— Escanteio SP (@EscanteioSP) July 26, 2022
Recentemente, o Botafogo-SP atingiu a expressiva marca de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, consolidando-se como o clube do interior de São Paulo com maior presença digital e um dos mais relevantes da Série B do Campeonato Brasileiro. O número, confirmado pelo ranking digital de junho de 2025 do IBOPE Repucom, reflete o trabalho de fortalecimento da marca nas plataformas online e o crescente engajamento da torcida tricolor.
O clássico de Ribeirão Preto, naturalmente, já apareceu diversas vezes nas páginas de PLACAR. Em 5 de maio de 1986, a revista escolheu dois torcedores-símbolo dos rivais e num dos principais pontos turísticos da cidade, a choperia Pinguim. Confira alguns trechos abaixo:
“Um dos mais tradicionais torcedores do Comercial, Abílio Zuelli, 57 anos, 33 deles como requisitado garçom do Pinguim, onde se consome o melhor chope do país na opinião de Sócrates e de todos os habitantes da cidade. Abílio chegou a apostar pesado em seu Comercial. E perdeu: teve de servir um cartola do Botafogo a noite toda, com a odiada camisa do rival no corpo. A paixão de Abílio é tamanha que ele só assistiu à metade dos clássicos, pois vai apenas ao Estádio Palma Travassos, do Comercial, com capacidade para 25 000 torcedores: ‘Nem sei se o campo ‘deles’ é quadrado ou redondo'”
“Te digo una cosa: hijo mata padre por esto”, resume o clássico José Guilherme Agnelli, um argentino de 74 anos, pendeu para a glória. Trabalhou no Comercial em quatro ocasiões, mas se consagrou numa das sete vezes em que esteve do outro lado, em 1956, quando conquistou o direito de o Botafogo subir para a Primeira Divisão.”
Reportagem sobre o Come-Fogo na PLACAR em 1986
Em outra reportagem, de 20 de julho de 1979, A PLACAR destacou o início dessa rivalidade, contando a quebra do Comercial em 1935:
“O clube crescia, ganhava fama, mas a craque na bolsa de Nova York, em 29, se encarregou de decretar a falência dos coronéis do café e, por extensão, a do Comercial, que, com seus jogadores famosos e caros, resistiu apenas mais seis anos. Em 1935 o clube foi desativado e seu rico patrimônio tomado pela Sociedade Recreativa de Esportes, hoje o clube mais sofisticado da cidade.”
“Já o Botafogo, fundado em 1917 por um punhado de pobres ferroviários da extinta Mogiana, não sofreu o impacto da craque e iria imperar sozinho até 1954, ano em que o Comercial voltaria aos campos, iniciando a rivalidade que muitos, com total razão, consideram o principal fator da sustentação dos dois times.”
“O primeiro jogo entre os dois, batizado de Come-Fogo pelo radialista Lúcio Mendes, foi disputado em 19 de dezembro de 1954, no campo do Botafogo, com arbitragem de João Batista Laurito, e terminou com o empate de 1 a 1. A renda, muito boa, foi de 149 mil cruzeiros — antigos.”
“E, para não deixar dúvidas de que o Comercial voltava disposto a tirar a diferença alcançada pelo Botafogo nos 19 anos em que mandou sozinho, já no terceiro jogo entre eles surgia o primeiro”
Reportagem de PLACAR sobre o Come-Fogo em 1979 – Acervo
O clássico também teve ganhou destaque em 1977, confira abaixo:
Reportagem de PLACAR sobre o Come-Fogo em 1977 – Acervo