Com uma mãozinha do juiz
Felipão, a seu estilo sempre categórico, de frases rápidas, quase agressivas, tentou diminuir a celeuma que só crescerá, porque é assim com o futebol
Veio a salvação com a ajuda do juiz japonês Yuichi Nishimura, providencial mãozinha, que apitou um pênalti francamente inexistente em Fred, depois convertido pelo eficaz camisa 10, Neymar.
O hino nacional cantado a capela no Itaquerão, como já havia acontecido na Copa das Confederações do ano passado, foi um emocionante prólogo, uma homenagem ao encontro do país do futebol com a mágica do mais espetacular evento esportivo do mundo. O capitão Thiago Silva chorava. Era um instante que poderia se perpetuar, permanecer por muito mais tempo do que os dois minutos que durou, porque depois viria o nervosismo de toda estreia – ainda mais desta, no Itaquerão verde e amarelo. Aos 11 minutos, o que já era tenso ganhou cores dramáticas, com o gol contra de Marcelo. 1 a 0 para a Croácia. O empate com a esquerdinha de Neymar, de fora da área, aos 29 minutos, tirou um pouco da pressão.
Era pouco para a seleção, e muito pouco diante da força defensiva da Croácia. Mas veio a salvação com a ajuda do juiz japonês Yuichi Nishimura, providencial mãozinha, que apitou um pênalti francamente inexistente em Fred, depois convertido pelo eficaz camisa 10, Neymar. “Nós aqui, neste trem, devemos desculpas a vocês pelo segundo gol”, dizia um brasileiro bem-humorado a um croata de uniforme quadriculado como uma toalha de mesa napolitana, no vagão que levava os torcedores da Zona Leste de São Paulo às regiões mais centrais, depois da vitória. O 2 a 1, naquele momento, lembrava o jogo inaugural do Brasil na campanha do penta, em 2002, também um 2 a 1, depois de um pênalti inexistente em cima do atacante Luizão, que sofreu falta fora da área e se jogou vergonhosamente para dentro das três linhas.
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Felipão, a seu estilo sempre categórico, de frases rápidas, quase agressivas, tentou diminuir a celeuma que só crescerá, porque é assim com o futebol, é assim nas Copas, e porque realmente não houve falta. “Para mim foi pênalti, vi dez vezes o lance. Isso é uma coisa para cada um interpretar, e, se o árbitro interpretou, é a interpretação do árbitro, e encerramos o jogo assim.” Nem mesmo o belo terceiro gol de Oscar – o melhor em campo, condição especial para um jogador que iniciara a Copa sob a desconfiança dos torcedores – apagou a sensação de que o apito amigo abriu as portas para uma vitória de placar até amplo, 3 a 1, mas difícil. Que venha o México.
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