Com regras ‘de videogame’, torneio de tênis tenta conquistar público jovem
O Ultimate Tennis Showdown, idealizado pelo técnico de Serena Williams, pode até parecer uma gincana, mas traz sugestões inovadoras
A pandemia de coronavírus continua obrigando o esporte a se reinventar, criar protocolos sanitários para realizar eventos, gerar receita e manter os atletas em forma. No tênis, não foi só o polêmico Adria Tour, de Novak Djokovic, que surgiu como uma alternativa, o Ultimate Tennis Showdown (UTS) tem tido sucesso com um formato inovador, que lembra jogos de videogame e o entretenimento de ligas profissionais americanas.
O UTS foi idealizado pelo francês Patrick Mouratoglou, técnico da americana Serena Williams, e é disputado em sua academia em Nice, na Côte D’Azur. Enquanto alguns dos principais nomes do circuito – que não estão em isolamento social – foram para o Adria Tour, outros preferiram o mais precavido UTS, como o grego Stefanos Tsitsipas, número 6 do ranking da ATP, o italiano Matteo Berretini (8º do mundo) e o belga David Goffin (10º).
O objetivo do torneio é atrair um público mais jovem e também aqueles sem muita paciência para assistir as costumeiras duas ou três horas de partida. Ao contrário do tênis, digamos, clássico, cada jogo tem um tempo pré-determinado de duração: foi dividido em quatro quartos, como no basquete, de 10 minutos cada.
O formato de disputa é parecido com o do tie break, sistema de desempate em que cada tenista se alterna dando dois saques seguidos. Aquele que fizer mais pontos, vence o quarto – se o jogo ficar igual, com dois quartos vencidos para cada, o vencedor será aquele que anotar dois pontos consecutivos em um quinto quarto. Dos dez participantes, os seis melhores classificados se qualificam para uma fase eliminatória, que será disputada no próximo final de semana.
O formato das partidas ainda possibilita que cada atleta, antes de entrar em quadra, escolha duas cartas de ajuda, as UTS Cards, como se fosse um jogo de RPG. O benefício mais utilizado entre os sete disponíveis é o da carta “X3”, que multiplica o ponto por três caso o tenista vença o ponto com um winner. As ideias inovadoras são inspiradas em jogos de videogame e vão de contra ao tradicionalismo do tênis. O intuito, segundo o criador do torneio, é mesmo ser provocativo.
“Muita gente será contra, mas tudo bem. Se você realmente ama tênis, você deseja que ele sobreviva, viva e evolua. Amar o esporte, para mim, é abraçar as mudanças, para que o tênis não fique atrás de outras modalidades”, comentou Patrick Mouratoglou.
O UTS ainda traz um modelo interativo, com atletas utilizando microfones para interagir com os telespectadores e até serem entrevistados durante os intervalos da partida. A ideia é desafiadora em jogos de tenistas de temperamento explosivo, como o francês Benoit Paire, que constantemente desconta sua fúria nas raquetes, mas está dando um show de simpatia durante o torneio.
Por outro lado, até uma discussão entre o francês Corentin Moutet e Tsitsipas foi captada (em alto e bom som) pelos microfones. A querela aconteceu porque o pai do grego, Apostolos, não parava de falar quando Moutet ia para o saque. Tudo isso, no entanto, faz parte do pacote de entretenimento do curioso torneio, que pode ter algumas de suas ideias adaptadas em um futuro ainda distante no circuito.
Aqui a sequência em que o Moutet diz que: “Stefanos é um cara legal, mas seu pai é estúpido. Todo mundo pensa que ele é estúpido. Ele me irrita. Ele fala o tempo todo quando eu saco. Não é respeitoso. Ele só pensa em si mesmo” https://t.co/q8ttly3cDz
— Break Point (@BreakPointBR) July 5, 2020