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Com quadro ‘menos grave que de Schumacher’, Zanardi segue sedado na UTI

Ex-piloto de F1 e multicampeão paralímpico passou por uma neurocirurgia após chocar-se contra um caminhão na última sexta

O atleta italiano Alessandro Zanardi, ex-piloto de Fórmula 1 e Fórmula Indy e campeão paralímpico de ciclismo, permanece na UTI do hospital Santa Maria alle Scotte, em Siena, na Itália, com quadro estável, porém ainda grave. Na última sexta-feira, 19, ele teve de passar por uma cirurgia cerebral após chocar-se com um caminhão quando disputava uma prova de bicicletas adaptadas, na cidade de Pienza, na região da Toscana. Desde então, permanece entubado e respirando artificialmente.

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Em novo boletim médico divulgado nesta terça-feira, 23, o hospital informou que a condição neurológica do atleta continua inalterada. “Alex Zanardi permanecerá sedado por 10 a 15 dias. Não sabemos quanto do coma é devido às drogas e quanto às suas condições neurológicas, de estabilidade nos parâmetros cardio-respiratórios e metabólicos. O quadro neurológico permanece inalterado em sua gravidade. O paciente permanece sedado, entubado e ventilado mecanicamente. Quaisquer reduções na sedo-analgesia, para a avaliação do estado neurológico, serão consideradas a partir da próxima semana. O prognóstico permanece confidencial”, informou o boletim assinado pelo neurocirurgião Giuseppe Oliveri.

Um dia antes, o médico afirmou, em entrevista ao diário La Gazzetta dello Sport, que a lesão sofrida por Zanardi foi “menos grave” que a de Michael Schumacher, cujo estado de saúde é mantido em segredo pela família desde o gravíssimo acidente sofrido pelo maior campeão da Fórmula 1, em uma pista de esqui, em novembro de 2013, nos Alpes Franceses. Oliveri explicou que, ao contrário do alemão, Zanardi não sofreu uma lesão axonal difusa, no qual o cérebro se move em várias direções e se choca contra a parede intracraniana com violência, causando danos em todo o córtex cerebral.

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“O dano axonal parece ter sido evitado, mas é muito cedo para um resultado conclusivo. O cérebro é um órgão móvel dentro de uma caixa rígida. Esse trauma também pode danificar áreas distantes do local do impacto (…) Por enquanto, o fato de o paciente estar estável é a primeira boa notícia. O máximo que podemos fazer agora é esperar”, afirmou o médico, que disse não haver relação entre o acidente recente e a o que amputou as pernas de Zanardi, em 2001. “Isso não influencia, mas o fato de ele ser atleta e, portanto, gozar de excelentes condições, leva ao otimismo.”

A mãe de Zanardi, Anna, de 84 anos, e o filho do ex-piloto, Nicollò, estiveram presentes no hospital, assim como dezenas de fãs que enviaram mensagens de apoio. Zanardi, de 53 anos, competia em uma das etapas do Objetivo Tricolor, um campeonato de atletas paralímpicos em bicicletas de mão, bicicletas ou cadeiras de rodas olímpicas. Segundo Mario Valentini, técnico da seleção italiana da modalidade, o acidente aconteceu em uma descida, quando Zanardi perdeu o controle, capotou e invadiu a pista oposta. Horas antes do acidente, a BMW havia anunciado o retorno do atleta biamputado às pistas, para a etapa de de Monza do Campeonato Italiano de GT.

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À Gazzetta dello Sport, o homem que atropelou Zanardi, que não teve sua identidade revelada, disse estar vivendo dias horríveis, apesar de não ter tido culpa. “Não estou dormindo bem, estou mal. Está passando, mas fica um remorso por ter feito mal a uma pessoa, ainda que não tenha sido culpa minha. (…) Estou tentando deletar a imagem daquele segundo de minha cabeça”, disse o homem. “Espero poder voltar a encontrá-lo”.

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O comandante da polícia de trânsito local, Fabrizio Giannini, foi ouvido como testemunha do acidente e afirmou que “carros circulavam, mas isso não significa que havia perigo. A caravana passou sem causar nenhum problema. Mario Agnelli, prefeito de Castiglion Fiorentino, um dos municípios percorridos ​​por Zanardi durante o evento, completou à TV italiana Sky Sport.que “não havia bloqueios de tráfego e o os participantes apenas tiveram que respeitar o código da estrada.”

O italiano estreou na Fórmula 1 em 1991, sem grande sucesso por Jordan, Minardi e Lotus. Se tornaria uma estrela do automobilismo nos Estados Unidos, ao conquistar os títulos da Indy em 1997 e 1998 pela Ganassi, antes de retornar à F1 para uma passagem apagada pela Williams.

Em 2001, de volta à Indy, Zanardi sofreu um chocante acidente que mudou sua vida na etapa da Alemanha, em Lausitzring: após rodar e bater no muro, ficou parado no meio da pista e foi atingido em cheio pelo carro do canandense Alex Tagliani. Suas duas pernas tiveram de ser amputadas acima do joelho. 

O italiano, então, iniciou uma belíssima história de superação, tornando-se uma estrela do ciclismo paralímpico, com diversos títulos de maratonas importantes como Nova York, Veneza e Roma, além de quatro medalhas de ouro e duas de prata em Jogos Paralímpicos, em Londres-2012 e Rio-2016.

O atleta italiano Alex Zanardi durante a final do ciclismo paralímpico de estrada masculina, categoria H5, no Pontal - 14/09/2016
O atleta italiano Alex Zanardi durante a final do ciclismo paralímpico de estrada masculina, categoria H5, no Pontal – 14/09/2016 Jason Cairnduff/Reuters

 

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