Como a investigação ainda está na fase inicial, os cartolas não se estenderam na discussão do problema. A Fifa vai monitorar a situação de perto, mas acredita que será possível deixar tudo pronto
A Fifa não sabe qual será o atraso adicional nas obras do Itaquerão depois do acidente da última semana, não foi informada sobre o que provocou a tragédia e não chegou a discutir possíveis alternativas caso o estádio do Corinthians não fique pronto a tempo de ser preparado para a abertura da Copa do Mundo de 2014. Ainda assim, a entidade quer evitar que o problema domine as discussões em meio aos preparativos para o sorteio dos grupos do torneio, na sexta-feira, na Costa do Sauípe. Na avaliação dos dirigentes, ainda é cedo para discutir possíveis mudanças de planos – afinal, ainda não há informações mais precisas sobre o acidente em São Paulo e, a princípio, haverá tempo para acabar as obras na arena escolhida para receber o primeiro jogo da competição. Nesta terça-feira, o Comitê Organizador da Copa encerra sua reunião na Bahia e apresenta suas conclusões sobre os preparativos para o torneio. A intenção é tirar o foco do Itaquerão e destacar a contagem regressiva para a festa, já que a expectativa do público deve crescer com a definição das chaves, no fim da semana.
O acidente no canteiro de obras de Itaquera foi assunto no primeiro dia de reunião do comitê organizador, na segunda-feira, no hotel que abriga os dirigentes em Sauípe. Representantes do Comitê Organizador Local (COL) mostraram aos cartolas estrangeiros – entre eles o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral Jérôme Valcke – imagens e dados sobre o desabamento de guindaste que matou dois operários. Como a investigação ainda está na fase inicial, os cartolas não se estenderam na discussão do problema. A situação atual é a seguinte: a Fifa vai monitorar a situação de perto, mas acredita que será possível deixar tudo pronto para a abertura, dispensando possíveis mudanças na tabela. Na última sexta, a preocupação com os prazos levantou dúvidas sobre o uso do Itaquerão na abertura e na semifinal, já que a demora adicional nas obras depois do acidente poderia atrapalhar a instalação das arquibancadas temporárias exigidas pela Fifa para que o estádio atinja a capacidade mínima necessária para receber esses jogos (que são os mais importantes da competição com exceção da grande final, marcada para o Maracanã).
Na saída do encontro de segunda, os integrantes do comitê procuraram mostrar tranquilidade em relação ao estádio de Itaquera, garantindo que ninguém levantou dúvidas sobre o uso da arena na abertura, em 12 de junho de 2014. O Itaquerão, contudo, não é a única pedra no sapato dos organizadores: faltando menos de um mês para o fim do prazo estabelecido pela Fifa para a entrega dos últimos seis estádios do Mundial, o cronograma das obras está apertado em pelo menos quatro delas (as arenas de Natal, Cuiabá, Manaus e Curitiba). A expectativa nesta terça é pela posição da Fifa diante desse quadro – nos últimos meses, Valcke disse repetidamente que não haveria adiamento do prazo, como ocorreu antes da Copa das Confederações, e que os estádios que não forem entregues até a virada do ano correm risco de exclusão do torneio. É muito improvável, no entanto, que a entidade decida anunciar uma medida tão radical nesta semana, mesmo que tiver sérias dúvidas sobre alguma das sedes. Afinal, tirar uma cidade do torneio e mexer na tabela a apenas três dias da definição do calendário de jogos seria o pior cenário possível antes da cerimônia de sexta.