Com ‘agenda positiva’, Fifa e COL tentam minimizar tensão
Com poucas notícias favoráveis sobre o avanço dos preparativos para a Copa, dirigentes cederam ingressos aos operários e convidaram Zico para entregá-los
Ronaldo e Bebeto voltaram a cumprir sua tarefa mais frequente como integrantes do comitê local: os discursos otimistas sobre a empolgação dos brasileiros e sobre a contagem regressiva para a festa
O principal assunto do dia era a corrida para viabilizar os últimos preparativos para a Copa do Mundo, que começa dentro de 77 dias. Mas a preocupação em torno da instalação das estruturas temporárias nas arenas do torneio dividiu espaço com vários outros temas na entrevista coletiva dos representantes da Fifa e do Comitê Organizador Local (COL), nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro. O tema espinhoso, que o secretário-geral Jérôme Valcke abordou logo no início, acabou dividindo espaço com uma “agenda positiva” dos organizadores no evento, que encerrou mais uma rodada de reuniões da Fifa e do COL. Para evitar que a preocupação com os prazos nos estádios não dominasse toda a entrevista, foram feitos anúncios sobre venda e retirada de ingressos e a distribuição de bilhetes aos operários que participaram das obras – com direito a participação de Zico, que foi convidado a fazer a entrega simbólica das entradas.
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Depois da primeira rodada de pronunciamentos, em que Valcke, o ministro Aldo Rebelo e o CEO do COL, Ricardo Trade, fizeram um balanço dos trabalhos a 77 dias da abertura, entraram em cena os ex-craques Ronaldo e Bebeto, que voltaram a cumprir sua tarefa mais frequente como integrantes do comitê local: os discursos otimistas sobre a empolgação dos brasileiros e sobre a contagem regressiva para a festa. Depois, Bebeto chamou Zico, que foi homenageado no palco. A doação de 50.000 ingressos aos operários, que já havia sido anunciada anteriormente, voltou a ser propagandeada, desta vez com a entrega simbólica, com discursos de José Maria Marin e do próprio Zico. “A presença desses operários nos jogos dará um clima muito especial aos estádios, que eles construíram com muito suor e carinho”, disse Marin. “Estou aqui para homenagear essas pessoas importantes, que muitas vezes não são reconhecidas. Eles podem colocar a cabeça no travesseiro e dormir muito bem, já que deram o máximo pelo nosso país”, disse Zico.
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O ex-craque da seleção, aliás, também foi convidado a falar sobre as diferenças entre o local da reunião, o Maracanã. Ele afirmou que discorda de quem acha que o estádio ficou descaracterizado com a reforma sofrida para a Copa. “Para mim, o estádio continua igual. É a mesma aura. Assim, espero que o Brasil jogue a final aqui e dê o título de presente para seus torcedores”, disse Zico. Ele também destacou o aspecto mais positivo da necessidade de construir novos estádios para o Mundial. “Enfim temos campos confortáveis. O Brasil precisava disso, já que é o país do futebol. Volto a dizer: o Maracanã continua lindo e gostoso de frequentar.” Além de elogiar Zico, que apontou como seu grande ídolo, Ronaldo afirmou que, mesmo morando no exterior, diz enxergar sinais claros de que a população está animada com a chegada da Copa. Como de costume, ele criticou quem não enxerga os aspectos positivos do evento.