Chefe do Comitê Olímpico dos EUA se demite após escândalo
Scott Blackmun alegou problemas de saúde. Ele vivia pressionado após revelação de casos de abuso sexual cometidos por Larry Nassar, ex-médico de ginastas
O diretor-executivo do Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc), Scott Blackmun, pediu demissão por motivos de saúde, informou a organização na quarta-feira, depois de meses de críticas contínuas derivadas de um escândalo de abuso sexual envolvendo o ex-médico da seleção de ginástica Larry Nassar.
O Usoc citou em um comunicado “problemas de saúde atuais” de Blackmun, relacionados a um câncer de próstata do qual está se tratando, e também apontou novas reformas visando proteger seus atletas de abusos.
O Usoc, que anunciou a mudança menos de uma semana após o fim da Olimpíada de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul, vinha resistindo aos pedidos para demitir Blackmun devido ao caso Nassar. Blackmun, de 60 anos, não compareceu à Olimpíada.
O escândalo levou todo conselho de diretores da federação de ginástica dos EUA a se demitir, além do presidente e diretor de atletismo da Universidade Estadual do Michigan, onde Nassar também trabalhou, e gerou ações civis e investigações criminais e civis.
Vários críticos, incluindo atletas que disseram ter sido abusados e duas senadoras –Joni Ernst, republicana do Iowa, e Jeanne Shaheen, democrata de New Hampshire–, haviam pedido a demissão de Blackmun e dos membros do conselho do Usoc, acusando-os de não agirem prontamente diante das queixas feitas contra Nassar e por fomentarem uma cultura de silêncio.
“A renúncia de Scott Blackmun como CEO do Comitê Olímpico dos EUA vem tarde”, disse John Maly, advogado que representa 120 das vítimas de Nassar, em um comunicado. “Sob sua liderança, o Usoc concentrou quase todos seus esforços em dinheiro e medalhas, enquanto a segurança de nossos atletas ficou em segundo plano”.