Chapecoense de Mancini espelha time histórico de 2016
Técnico utiliza sistema de jogo bem semelhante ao do time do ano passado
Quando o telefone de Vagner Mancini tocou em dezembro do ano passado e o convite para ser o novo técnico da Chapecoense foi feito, o técnico não hesitou. A tarefa de montar um elenco praticamente do zero após a tragédia aérea com a delegação da equipe era inédita no futebol brasileiro, mas o técnico não teve medo e aceitou o cargo na hora. “Para topar foi muito simples, porque na hora eu me senti escolhido. Então isso me deixou lisonjeado”, revelou em conversa com VEJA no Centro de Treinamento do clube, na prévia da histórica primeira partida na Arena Condá pela Copa Libertadores.
Com apenas três meses de trabalho com o novo grupo, o time parece consciente do que precisa fazer para encarar o maior desafio da história do futebol de Chapecó: a disputa do torneio continental. “É muito bacana a gente estar aqui na Chapecoense num momento tão histórico. Um clube fundado em 1973 e já está jogando a Libertadores. É o ano mais importante do clube. É um desafio enorme na minha vida e, ao mesmo tempo, é uma motivação muito grande, podemos ser fortes, fizemos um bom time e temos chance de fazer uma boa Libertadores.”
Nos primeiros nove jogos do ano, foram 5 vitórias, 2 empates e 2 derrotas e um segundo lugar no primeiro turno do Campeonato Catarinense. Só ficou atrás do campeão Avaí, que garantiu vaga na final do torneio sem derrotas. O esquema da equipe era montado com um meia de armação – que poderia ser Neném, Dodô, Nadson ou até o já dispensado Martinuccio – e três atacantes, sendo dois pelos lados e um centralizado.
As coisas mudaram, porém, na estreia da Libertadores. Ainda sem a consistência que queria para a equipe e buscando um meio-campo mais forte para enfrentar o Zulia, da Venezuela, no último dia 7, Mancini abriu mão do meia de armação e escalou três volantes. Luiz Antonio foi adiantado e Moisés Ribeiro e Andrei Girotto ficaram responsáveis pela marcação mais recuada. Resultado: vitória histórica por 2 a 1, com um gol marcado por Luiz Antonio.
O técnico gostou do que viu e revelou que a equipe que vai a campo contra o Lanús, nesta quinta-feira, na primeira partida internacional da Chape na Arena Condá após o acidente, terá a mesma estrutura tática, com apenas uma mudança. “É praticamente aquele time com a entrada do Rossi. A saída de alguém, que vai acontecer, vou decidir na quinta-feira.”.
Mancini não revela, mas o esquema é o espelho da equipe de maior sucesso da história da Chapecoense, justamente aquela que estava no avião da LaMia no dia 29 de novembro de 2016. O time de Caio Júnior jogava com Cleber Santana, meia durante toda a carreira e recuado conforme a idade foi chegando, no mesmo setor do campo que Luiz Antonio atuou contra o Zulia. Ananias e Tiaguinho, abertos dos lados, alimentavam o centroavante Bruno Rangel, assim como Niltinho e Rossi fazem com Wellington Paulista.
Até a própria definição do técnico ajuda a fazer a comparação: “Aqui na Chapecoense temos a mesma forma de jogar dentro e fora de casa. É uma equipe que tem uma força muito grande pelos lados do campo com os dois laterais e os dois extremos e por isso a intensidade de jogo é sempre muito alta”. O torcedor mais atento aos jogos do time em 2016 percebe a semelhança entre aquela equipe e a de Mancini sobre a forma de jogo atual.
A semelhança tática existe e foi a partir do uso de três homens de marcação no meio-campo que a Chapecoense conseguiu o resultado positivo na Venezuela. O que a torcida e o próprio Vagner Mancini esperam diante do Lanús é que a equipe mostre a mesma dedicação, garra e comprometimento do time de 2016. Assim, independente do resultado, o clube continuará sendo o orgulho de Chapecó.