Carlos Alberto Torres, o capita eterno
O maior lateral direito de todos os tempos foi muito mais que um atleta: um símbolo tácito de liderança em campo. O céu tem seu capitão
Ainda muito jovem, Carlos Alberto tinha a convicção de que seria jogador de futebol e, para concretizar o seu sonho, precisou enfrentar a oposição de seu pai. Foram muitas sovas até que chamou ‘seu velho’ e sentenciou: “Não adianta me bater, vou ser jogador de futebol e pronto”.
Dali para a frente nada poderia impedi-lo. Começou no Fluminense, como zagueiro, e apesar de sua pouca idade já impunha respeito em uma equipe que continha atletas consagrados como Castilho, que já houvera sido bicampeão mundial, Procópio e Altair.
Já atuando como lateral direito, estreou como titular da seleção brasileira em 30 de maio de 1964, com apenas 19 anos em goleada de 5 a 1 frente aos ingleses no Maracanã. Contratado pelo Santos de Pelé, sua ida para a Copa do Mundo de 1966 era dada como certa. Até hoje não se sabe os motivos que levaram o técnico Vicente Feola a preteri-lo em favor do já veteraníssimo Djalma Santos e de Fidelis, do Bangu. No entanto, o fracasso do selecionado em terras britânicas deixou claro que foi um erro não levá-lo.
Atuando no alvinegro da Vila Belmiro, foi multicampeão ao lado de Pelé, o que o credenciou a conquistar a titularidade absoluta na maior seleção de futebol de todos os tempos, a que conquistou o tricampeonato da Copa do Mundo de 1970, no México. Engana-se, no entanto, quem pensa que ele foi ‘apenas’ o lateral daquela escrete. Em um time que contava com muitos dos maiores craques de sua época, o Rei Pelé, Gérson, Tostão, Jairzinho e Rivellino, coube a ele ser escolhido, pelos próprios colegas, para ser o capitão.
Nada mais justo para quem já atuava como líder em campo de todas as equipes em que atuara. Dono de um futebol vistoso que alinhava a perfeição em marcar o ataque adversário com a força de avançar em busca do gol, Carlos Aberto foi o protagonista das cenas finais daquela conquista. A primeira, ao marcar o último gol da vitória de 4 a 1 na final frente à Itália, em 21 de junho, um dos mais belos tentos, ainda tão presente da memória de qualquer amante do futebol. Por fim, a segunda, um beijo e os braços levantando a Taça Jules Rimet, como seu último conquistador, o que lhe rendeu para sempre a alcunha de ‘Capita’. Ainda atuou pelo Botafogo, seu time do coração, Flamengo e New York Cosmos.
Carlos Alberto faleceu em 25 de outubro após sofrer um infarto fulminante em sua casa no Rio de Janeiro.