Brigas com Messi e goleadas: Bartomeu renuncia à presidência do Barcelona
Dirigente que abriu mão do cargo nesta terça era alvo de processo movido por sócios e sofreu duras críticas do craque argentino
Josep Maria Bartomeu, 57 anos, não é mais o presidente do Barcelona. O dirigente espanhol apresentou a sua carta de renúncia nesta terça-feira, 27, e deixou o cargo máximo do clube catalão. Bartomeu ficou marcado por uma relação arranhada com o maior ídolo da equipe, o argentino Lionel Messi, além da recente goleada por 8 a 2 sofrida para o Bayern de Munique, em agosto, pela Liga dos Campeões, a maior sofrida pelo clube nos últimos 74 anos.
O pedido aconteceu em reunião extraordinária da direção do clube durante esta tarde. Bartomeu já sofria pressão para deixar o cargo desde o pronunciamento de Messi, de quem foi alvo de diversas críticas em entrevista ao site “Goal”, no início de setembro. Messi citou que gostaria de sair do clube pelo não cumprimento da palavra do dirigente, que prometeu, segundo ele, conceder liberdade para decidir se permaneceria ao fim da temporada.
Clube e jogador, no entanto, divergiram quanto ao pagamento da multa rescisória de 700 milhões de euros (4,7 bilhões de reais pela cotação atual). O argentino deixou claro que a decisão não se dava pela humilhação da derrota histórica sofrida em Lisboa, mas, sim, pelo descumprimento do acordo em sua última assinatura de contrato, em 2017.
“Eu anuncio minha renúncia e, também, o do restante da diretoria. É uma decisão difícil, mas serena e em acordo com todos os meus colegas”, disse, logo no início do pronunciamento.
Processo dos associados do Barcelona
Bartomeu também sofria um processo de Moção de Censura movido por mais de 20 mil sócios do clube para destituir a diretoria do clube. O mandato de Bartomeu só se encerraria em junho 2021, mas já tinha eleições antecipadas para março. A eleição, no entanto, poderia ser antecipada em caso de aprovação da maioria do conselho do clube pela Moção.
“Por que não renunciamos mais cedo? Depois de sermos eliminados da Liga dos Campeões o mais fácil era sair, mas era preciso tomar decisões. Tinha que ser feito em meio a uma crise global sem precedentes. Quem teria contratado um novo treinador? Quem teria defendido a continuidade de Leo Messi?”, questionou. “Não tínhamos razão para renunciar com uma eleição em março. Uma responsabilidade que não podíamos evitar, apesar do desgaste pessoal de nós mesmos e de nossas famílias”, completou.
Durante o pronunciamento, Bartomeu citou que a atual diretoria não tinha como intenção “se perpetuar no clube” e que o clube se tornou ambiente de “falsas acusações com interesses políticos”. O dirigente ainda citou que o clube tem as melhores receitas de patrocínios no mundo sem aumentar preço de ingressos desde 2011. “Recebemos insultos cruéis da mídia, que foram além do admissível”, afirmou.
Curiosamente, a renúncia aconteceu um dia depois de fazer declarações públicas de que nunca havia pensado em renunciar o cargo. “Nunca me passou pela cabeça renunciar. O projeto é muito interessante, com jovens e veteranos, como Messi. E creio que com ele vamos ganhar algum título nesta temporada”, disse há pouco mais de 24 horas.
Na ocasião, o dirigente disse ter entendido a raiva e a insatisfação sentidas por Lionel Messi e reforçou que o argentino não apresentou o pedido de saída do clube até a data limite imposta em contrato, em 10 junho. Além disso, justificou ter se mantido calado para evitar um embate público com o maior ídolo do clube, citando ainda que gostaria de vê-lo se aposentar na Catalunha.
Em meio ao caos político, o Barcelona enfrenta nesta quarta-feira a Juventus, às 17h (de Brasília), em Turim, pela segunda rodada da fase de grupo da Liga dos Campeões. A equipe vem de derrota por 3 a 1 para o Real Madrid, maior rival, em jogo pelo Campeonato Espanhol.