A menos de uma semana da estreia, Felipão escala time titular e testa reações da exigente torcida de São Paulo – cidade que tem greve e protesto marcado
“Se a história diz que São Paulo é um pouco arredia à seleção, é hora de mudar a história. São Paulo foi escolhida. Vamos fazer de São Paulo a nossa casa”, disse Felipão na véspera do jogo
O amistoso entre Brasil e Sérvia, nesta sexta-feira, às 16 horas (de Brasília), no Estádio do Morumbi, não servirá apenas de último ensaio para a seleção antes da estreia na Copa do Mundo, dentro de menos de uma semana, também em São Paulo. As circunstâncias da partida – com o time titular de Luiz Felipe Scolari em campo, a exigente torcida de São Paulo na arquibancada e uma cidade-sede mergulhada na confusão, com chuva, greve no metrô, trânsito carregado e promessa de protestos contra o Mundial – transformam o jogo numa espécie de prévia da abertura do torneio, na próxima quinta, no Itaquerão, contra a Croácia. O oponente desta sexta também ajuda a transformar o amistoso numa simulação da estreia: a Sérvia foi escolhida a dedo, justamente porque tem a mesma escola de futebol da adversária da seleção no primeiro jogo.
A seleção retorna a São Paulo e ao Morumbi depois de um jogo que certamente colocou pontos negativos na conta do último técnico da seleção, Mano Menezes – em 7 de setembro de 2012, o Brasil derrotou a África do Sul por 1 a 0 num amistoso marcado por vaias ao time e especialmente a Neymar, chamado em coro de “pipoqueiro” pelos paulistanos. Mano caiu pouco depois e, desde que Felipão assumiu o cargo, o camisa 10 enfim passou a corresponder a todas as expectativas em torno de seu futebol. Na véspera da partida desta sexta, Felipão disse que não teme vaias em São Paulo, onde a seleção brasileira já foi diversas vezes hostilizada por seus próprios torcedores. “Se a história diz que São Paulo é um pouco arredia à seleção, é hora de mudar a história. É hora de nós jogarmos de forma consistente, fazendo com que o povo acredite. Precisamos do torcedor. São Paulo foi escolhida. Vamos fazer de São Paulo a nossa casa.”
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Felipão parece estar mais preocupado com as canelas do que com os ouvidos de seus atletas – ele manifestou abertamente que teme o jogo duro dos sérvios. No time que encara o Brasil no Morumbi há diversos atletas famosos pela marcação fortíssima, como Ivanovic e Matic, do Chelsea, e Kolarov, do Manchester City. Nesse sentido, a ideia de simular o jogo dos croatas trazendo outro integrante da escola iugoslava pode ter sido frustrada – enquanto a adversária do Brasil na estreia é uma seleção de ótimo toque de bola e boa criatividade, com jogadores como Modric e Rakitic, os sérvios, que não se classificaram ao Mundial, têm como destaques os defensores e volantes. Ainda assim, ninguém será poupado: Felipão já tinha avisado depois da goleada sobre o Panamá que escalaria o time titular, incluindo Neymar. A única dúvida é Oscar, que saiu da concentração para acompanhar o nascimento de sua filha, mas deve jogar.
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Se o titular da armação de jogadas ficar de fora, entra Willian, atleta que tem se destacado nos treinamentos na Granja Comary. “Se o Willian tiver que começar o jogo ou contra a Croácia, para mim, não muda muito. E acho até que ele acrescenta algumas características novas à equipe. Ele é muito rápido, reage com rapidez incrível à bola, às mudanças de direção, tem drible, bate bem na bola. Tem minha confiança total e absoluta”, avisou Felipão. A seleção retorna ao Rio de Janeiro logo depois do jogo, e ganha folga no sábado. Também nesta sexta, duas das três seleções que enfrentam o Brasil na primeira fase fazem seus próprios ensaios para o início do torneio. A Croácia, que está em Salvador, joga contra a Austrália às 20h30, no Estádio Pituaçú. Já o México, que ainda está treinando nos Estados Unidos, mede forças com Portugal, que não terá Cristiano Ronaldo.