Brasil elogia Chile, mas se irrita com pressão sobre árbitro
Na véspera do duelo eliminatório no Mineirão, técnico Felipão e capitão Thiago Silva pregam respeito a rival – e CBF critica cobrança ‘ridícula’ sobre arbitragem
“Esse tema é primitivo e imaturo. Não é apenas um desrespeito com a Fifa, é um desrespeito com a história da seleção brasileira e com o povo brasileiro. O Brasil não precisa de árbitro para ganhar título e nós não vamos mais falar sobre isso”, disse o assessor da CBF
Na véspera de sua estreia na fase eliminatória da Copa do Mundo, a seleção brasileira evitou qualquer� provocação ou alfinetada em seu adversário nas oitavas de final, o Chile. Enquanto os oponentes falam grosso, prometendo “fazer história” e dizendo que não têm nenhum medo do Brasil, a equipe da casa reserva fartos elogios aos chilenos e pregam respeito ao trabalho e à capacidade dos adversários. Mas a seleção deixa transparecer sinais claros de insatisfação com pelo menos uma das afirmações mais constantes dos chilenos, que têm dito que se preocupam com uma arbitragem “caseira” no duelo de sábado, às 13 horas (de Brasília), no Mineirão. O técnico Luiz Felipe Scolari e o capitão Thiago Silva, que falaram sobre a partida nesta sexta-feira, silenciaram sobre o tema – quem se pronunciou sobre o assunto foi o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, que chamou de “ridícula” o que enxerga como uma pressão chilena sobre a arbitragem.
O jogo será apitado pelo inglês Howard Webb, o mesmo da final da Copa de 2010. De acordo com Paiva, os integrantes da equipe não tratam mais do assunto em suas entrevistas e o único comentário da delegação sobre o assunto foi sua �declaração desta sexta. “Esse tema é primitivo e imaturo. Soa até ridículo. Não é apenas um desrespeito com a Fifa, é um desrespeito com a história da seleção brasileira e com o povo brasileiro. O Brasil não precisa de árbitro para ganhar título e nós não vamos mais falar sobre isso”, avisou, enquanto Felipão e Thiago permaneciam calados e imóveis. Se as declarações dos chilenos não caíram bem entre os atletas, o treinador e o zagueiro se esforçaram para impedir que isso não fosse notado publicamente. Ambos trataram do adversário com cautela até excessiva. “Acho que o Chile é um time muito evoluído, muito organizado. Se não formos muito corretos na parte tática podemos, sim, não passar para a próxima fase”, disse Felipão, que também afirmou não enxergar vantagem alguma no fato de o rival ter uma equipe muito baixa.
“Não é preciso ter altura, é preciso ter tempo de bola, saber se posicionar. Noto ao ver a equipe do Chile jogar que eles têm um tempo de bola muito bom”, avaliou o técnico, que também fez uma análise extremamente positiva do trabalho do argentino Jorge Sampaoli, que está à frente da seleção chilena desde 2012. “Desde a chegada dele a equipe ganhou uma nova dinâmica, uma performance muito maior. Os jogadores se adaptaram perfeitamente ao esquema dele e a equipe produziu de tal forma que atualmente está num patamar bem superior ao que ocupava antes.” O tratamento respeitoso de Felipão ao adversário não quer dizer, no entanto, que a seleção procurou dividir com os chilenos o favoritismo e protagonismo antes das oitavas. “O que pensamos é em passar de fase, venha quem vier, esteja confiante ou não. Quem deve propor o jogo e ganhar é o Brasil. A gente vai montar a equipe de acordo com o nosso padrão de jogo, baseando o nosso pensamento naquilo que nós queremos, não com o que o Chile tentará fazer”, avisou Scolari.