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‘Big Brother’ do Rali Dacar: as câmeras que flagram trapaças dos pilotos

Piloto russo ignorou nova medida e usou anotações proibidas para auxiliar navegação

O Rali Dakar, mais tradicional e exigente prova de rali do mundo, entrou em uma nova era em 2020. Pela primeira vez em 42 anos de história, o evento – que até 2008 era chamado de Paris-Dacar e foi disputado nos últimos anos na América do Sul –, chegou à Arábia Saudita. Outra novidade da disputa deste ano foi a instalação de câmeras dentro dos cockpits para evitar que os competidores recorram a auxílios de navegação ilegais. Um piloto russo ignorou a medida e foi pego.

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“Tem gente que nunca se perdeu em anos e que hoje está se perdendo”, é a piada que, segundo o diário espanhol Marca, vem correndo pelas dunas da Arábia Saudita. O regulamento da competição proíbe que os pilotos utilizem qualquer tipo de anotação extra em qualquer parte dos carros ou da roupa dos pilotos. A medida visa limitar os benefícios das equipes maiores, que costumam recorrer a “homens-mapa”, especialistas que oferecem indicações extras por meio de “colas”. O uso de celulares e “relógios inteligentes” que possam auxiliar nas rotas também é vetado.

Câmeras instaladas dentro dos carros são um recurso antigo, popularizado nas transmissões de Fórmula 1. Estas, no entanto, são diferentes e cumprem uma função de “vigia”. Apelidadas de ‘câmeras antitrapaça’ ou “Big Brother Dakar” pela mídia internacional, as lentes foram instaladas apenas nos carros dos 20 primeiros competidores – a medida deve ser ampliada a outras categorias nos próximos anos.

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A princípio, há duas câmeras pequenas (menores que uma GoPro e cobertas por uma proteção laranja) instaladas, uma no teto do veículo, com ângulo de 180°, e outro entre o piloto e copiloto, flagrando tudo o que acontece durante a prova.

Segundo a organização cinco profissionais permanecem no acampamento acompanhando as filmagens, com o auxílio de um sistema de cruzamento de dados que emite alertas quando um competidor está muito mais rápido que seus competidores, indício de uma possível trapaça.

Na última quarta-feira 15, a Amaury Sport Organisation (ASO) denunciou a primeira trapaça de 2020. Os russos Vladimir Vasilyev e seu copiloto Vitaly Yevtyekhov receberam uma advertência depois que as câmeras flagraram a dupla usando anotações, que em seguida foram jogadas para fora do carro Mini John Cooper Works da equipe X-Raid G-Energy.

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O regulamento prevê que este tipo de infração “pode até levar a desqualificação”, o que nem precisou ocorrer pois os russos abandonaram a disputa de qualquer forma, devido a um pequeno incêndio no carro.Os comissários, porém, sugeriram que sanções mais rígidas podem ser aplicadas a Vasilyev e Yevtyekhov em futuras edições.

“Esta atitude não condiz com o estatuto de bom comportamento lido durante o briefing e assinado por todos os competidores (…) Os organizadores do Rally Dakar têm o direito de reabrir este caso, na eventualidade desta equipe solicitar o registro de participação em edições futuras do Rally Dakar”, diz o trecho do veredito.

O idealizador do sistema de câmeras foi o francês Marc Lajara, organizador do Dakar, que no passado competiu como copiloto. “Os pilotos que não ganham sempre suspeitam que os outros têm informação privilegiada, por isso há tantos comentários sobre trapaça”, explicou Lajara, que também foi responsável por fomentar o uso do GPS no início da década passada. Segundo ele, o novo sistema foi bem aceito por todos os participantes.

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