BeNeLeague: clubes da Bélgica aprovam fusão com liga holandesa
Por unanimidade, equipes belgas votaram a favor da união com os vizinhos, visando desenvolvimento de times e atletas e maiores receitas
Bélgica e Holanda possuem duas das principais seleções de futebol da atualidade — ficaram na terceira colocação das últimas Copas do Mundo, em 2018 e 2014, respectivamente — e agora encontraram uma maneira de qualificar suas ligas nacionais: por meio de uma unificação. Nesta terça-feira, 16, a Assembleia Geral da Pro League, a primeira divisão belga, votou a favor da criação da BeNeleague, como deve ser chamada a liga conjunta (uma junção de Belgique, Belgien ou Belgie e Nederland, como são chamados os países em seus próprios idiomas).
Por unanimidade, os clubes belgas aceitaram a proposta, que ainda está em estágios iniciais de planejamento. “Há um apoio unânime para dar todas as chances à possível realização da Beneleague. Isso deve ser acompanhado pela garantia de estabilidade econômica para os outros clubes profissionais por meio da criação de uma liga nacional principal”, afirmou Peter Croonen, presidente da Pro League.
O próximo passo agora será aprofundar as conversas com a vizinha Eredivise, como é chamada a liga holandesa, e também com a Eleven, emissora que detém os direitos de transmissão dos campeonatos, e cujo vínculo já previa a possibilidade de realização de uma “superliga”, sem quebra do contrato válido até 2025.
Os países vizinhos possuem clubes importantes, que costumam frequentar a Liga dos Campeões e revelar grandes jogadores. Na Holanda, o maior campeão é o tradicional Ajax, com 34 títulos, seguido pelos rivais PSV (24) e Feyenoord (15). Na Bélgica, o Anderlecht lidera com 34 troféus, seguido pelo Club Brugge 15.
A possibilidade de criação de uma liga única começou a ser discutida ainda no fim da década de 1990. Em 2000, os dois países se uniram para organizar a primeira Eurocopa com sede conjunta. A união entre belgas e holandeses já existe no handebol desde 2008 e no hóquei no gelo desde 2015. Há casos semelhantes no futebol, como a Major League Soccer, formada por clubes americanos e alguns canadenses, e a Premier League, que admite clubes do País de Gales entre os ingleses.
No início deste ano, a consultoria Deloitte publicou um estudo encomendado pela Federação Holandesa de Futebol (KNVB) que mostrou que a BeNeLeague poderia gerar vendas de direitos de mídia de até 400 milhões de euros (mais de 2,6 bilhões de reais) por temporada. Atualmente, cada liga, separadamente, fatura cerca de 80 milhões de euros (535 milhões de reais) por ano.
A Bélgica faz fronteira com Holanda, Alemanha e França (seus principais atletas costumam atuar nas ligas dos vizinhos), além de Luxemburgo, e tem três idiomas oficiais: alemão, francês e holandês. Para evitar problemas linguísticos e também rivalidades locais — existe uma notória tensão entre os habitantes das regiões da Valônia (sul), como Eden Hazard, de origem francesa, e Flandres (norte), motor econômico do país, de origem holandesa, onde nasceu Kevin de Bruyne — o idioma “oficial” no vestiário da seleção belga, que eliminou o Brasil na última Copa, é o inglês.