Bélgica vence a desinteressada Inglaterra e fica com o 3º lugar na Copa
Em jogo marcado pela ressaca das quedas na semifinal, belgas levaram vantagem ao mostrar um pouco mais de entusiasmo
Pela segunda vez na Copa do Mundo da Rússia, Bélgica e Inglaterra se enfrentaram com entusiasmo duvidoso. Antes, as duas seleções jogaram pela terceira rodada do Grupo G, já classificadas. Foram a campo com seus reservas e frustaram os 37.168 torcedores presentes na Arena Mordovia, em Saransk. O segundo colocado da chave pegaria o chaveamento “mais fácil” dos jogos eliminatórios. Diante do notório desinteresse inglês, os belgas, a certa altura, resolveram jogar e fizeram 1 a 0, partindo para o lado em que fizeram história contra o Brasil e perderam para a França. Satisfeitos, os britânicos seguiram sua caminhada, passando por Colômbia e Suécia até pararem na Croácia.
Desta vez, disputaram o terceiro lugar do Mundial. Prevaleceu a ressaca pelas quedas na semifinal e o inevitável clima de amistoso entre equipes que não queriam estar ali, e sim no duelo do domingo, em Moscou. Enquanto a Inglaterra trocou seus três jogadores do meio de campo — entre eles, Lingard, seu melhor articulador na Rússia —, a Bélgica pareceu mais animada. Buscava sua melhor colocação histórica (antes, o quarto lugar em 1986), conseguida após a vitória por 2 a 0.
Fosse um jogo “pegado”, esse talvez seria um dos confrontos mais interessantes, envolvendo tantos jogadores que disputam a badalada liga inglesa — toda a seleção britânica e doze atletas belgas, além de seu técnico, Roberto Martínez, com passagens por Swansea, Wigan e Everton.
O maior empenho belga revelou-se logo aos quatro minutos, em articulação rápida que partiu do goleiro Courtois, alcançou o ala Chadli e encontrou o outro extremo, Meunier, dentro da área para abrir o placar. No início do segundo tempo, o inglês Harry Kane teve a única chance de superar os seis gols de Gary Lineker, artilheiro da Copa de 1986, mas finalizou para fora. A Inglaterra animou-se desde então, mas com uma única chance clara, na cavadinha de Dier, aos 26 minutos, cortada por Vertonghen em cima da linha. O carrinho do belga simbolizou quem queria mais aquela vitória, sacramentada por Hazard, aos 37, em boa jogada com De Bruyne, que esperou a linha defensiva inglesa se desfazer para fazer o passe decisivo.
Terminado o jogo, aqueles abraços contidos, sorriso amarelo do lado dos vitoriosos, frustração comedida dos derrotados. A Fifa irá aumentar a quantidade de equipes para 48, instaurou o árbitro assistente de vídeo (VAR, na sigla em inglês), então poderia pensar em outra novidade: tirar da tabela um dos jogos mais desinteressantes da competição, apesar de tão próximo do topo.
Ponto alto
O atacante belga Eden Hazard foi, de longe, o mais engajado na partida. Arrancou, enfileirou ingleses com seus dribles e buscou o gol que definiu o placar, seu terceiro na Copa. Indiscutivelmente, foi eleito o melhor em campo.
Ponto baixo
A Inglaterra “escolheu” seu lado no mata-mata, não conseguiu chegar à final e repetiu um jogo sem entusiasmo. Ser semifinalista era mais do que se esperava, o que sugeria mais energia em campo em um momento que não era vivido desde 1990.
Ficha do jogo
Bélgica 2 x 0 Inglaterra
Local: estádio de São Petersburgo. Árbitro: Alireza Faghani (IRN). Público: 64.406. Gol: Meunier, aos 4 do primeiro tempo; Hazard, aos 37 do segundo tempo.
Bélgica: Courtois; Alderweireld, Kompany e Vertonghen; Meunier, Witsel, Tielemans (Dembélé) e Chadli (Vermaelen); De Bruyne, Lukaku (Mertens) e Hazard. Técnico: Roberto Martínez.
Inglaterra: Pickford; Trippier, Jones, Stones, Maguire e Rose (Lingard); Dier, Delph e Loftus-Cheek (Dele Alli); Sterling (Rashford) e Harry Kane. Técnico: Gareth Southgate.